Exame após exumação de corpo confirma que jovem foi envenenada; madrasta é suspeita

Madrasta foi presa após tentar matar outro enteado com chumbinho

Publicado em 6 de julho de 2022 às 00:13

. Crédito: Foto: Reprodução

Um dos exames feito no corpo exumado da jovem Fernanda Cabral, de 22 anos, apontou que ela foi mesmo vítima de envenenamento. As análises foram feitas depois que a madrasta da estudante, Cíntia Mariano, foi presa por suspeita de envenenar o outro enteado, Bruno Cabral, de 16 anos, irmão de Fernanda. 

O laudo foi encaminhado pelo Instituto Médico Legal (IML) do Rio de Janeiro para o delegado Flávio Rodrigues, titular da 33ª DP (Realengo), segundo o g1. Além da investigação pela morte de Fernanda, a delegacia também apura a tentativa de homicídio Bruno.

"Recebi o laudo, sim, mas só vou falar sobre isso no final da semana. Ele não deu positivo, nem negativo, mas aponta para o envenenamento", disse o delegado ao g1.Prisão A pedido do Ministério Público do Estado do Rio (MP-RJ), a Justiça prorrogou a prisão temporária de Cíntia Mariano Dias Cabral, que está presa desde 20 de maio sob suspeita de ter envenenado os dois enteados. Bruno Carvalho Cabral, de 16 anos, sobreviveu, mas sua irmã Fernanda Carvalho Cabral, de 22 anos, morreu em 28 de março, após passar 13 dias internada. A decisão foi do juiz Alexandre Abrahão Dias Teixeira, da 3ª Vara Criminal do Rio. "Somente a manutenção da prisão de Cíntia possibilitará a eventual aplicação da lei penal e a instantânea garantia da ordem pública, evitando-se a reiteração criminosa, o que já se viu nestes autos em razão do surgimento de elementos do segundo fato agora melhor apurado. Tal medida se mostra indispensável para o êxito da investigação criminal", escreveu.

Feijão com chumbinho No dia 15 de maio, Bruno almoçou na casa que seu pai, Adeílson Cabral, e passou mal após a refeição - ele reclamou do gosto do feijão e estranhou a presença de uma substância azul. O adolescente se sentiu zonzo, ficou molhado de suor e logo não conseguia mais falar, com a língua enrolando. Foi internado no hospital municipal Albert Schweitzer, em Realengo (zona oeste do Rio), e conseguiu se recuperar da intoxicação - teve alta no dia 19. Inicialmente ela afirmou à Polícia Civil que a substância azul detectada no feijão era um tempero industrializado para alimentos. Depois, em depoimento oficial e acompanhado por advogado, manteve-se em silêncio. O exame médico do suco gástrico retirado do estômago de Bruno não encontrou veneno, que é rapidamente absorvido pelo organismo, mas identificou quatro cápsulas semelhantes às usadas para abrigar veneno de rato. "O exame realizado no laboratório do Instituto Médico Legal revelou a presença de quatro grânulos esféricos diminutos, de coloração azul escura, forma esta de apresentação de raticida amplamente e clandestinamente comercializado, conhecido como 'chumbinho'", diz o laudo. "O quadro clínico e a apresentação dos grânulos revelam quadro clássico de intoxicação por raticidas, carbamatos, aldicarb. Caso a vítima não tivesse sido submetida a tratamento imediato, como ocorreu, provavelmente teria evoluído para o óbito", segue o documento. A partir da suposta tentativa de matar o enteado, a madrasta começou a ser investigada também pela morte da irmã de Bruno, Fernanda. Ela morreu em março, após apresentar sintomas semelhantes aos do irmão e ser internada no mesmo hospital. Na ocasião, no entanto, ainda não havia suspeita de envenenamento, e não houve tratamento específico para isso. O corpo de Fernanda foi exumado em 26 de maio e estão sendo feitos exames para tentar identificar sinais de envenenamento.