Exposição de arte sacra terá peças à venda este mês na Igreja da Graça

Pelo menos 40 obras da artista plástica Irlânia Mercês e do restaurador Dai Nascimento estarão na mostra

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  • Hilza Cordeiro

Publicado em 20 de novembro de 2020 às 06:18

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Tiago Caldas/CORREIO
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Desde que apostou na ideia de ser um complexo cultural, a Igreja Nossa Senhora da Graça, no Largo da Graça, vem promovendo uma série de exposições de arte sacra. Desta vez, o espaço histórico receberá a mostra “Divina Graça”, que contará com, pelo menos, 40 obras da artista plástica Irlânia Mercês e do restaurador Dai Nascimento. A exposição estará aberta à visitação pública entre os dias 22 de novembro a 30 de dezembro, de segunda a sábado, das 8h às 11h, e no domingo, após a missa das 8h. 

As obras são imagens de anjos, arcanjos, santos, de Jesus Cristo, Nossa Senhora e até um presépio completo, com peças feitas em gesso, pintadas e algumas vestidas com fino acabamento em tecido. Na maioria, são novas e variam de 30 a 60 cm, sendo os santos com 15 cm com cúpula. Todas as peças estarão à venda por valores a partir de R$ 380 e as mais especiais chegam a R$ 2.200. 

De acordo com a organização, a entrada na exposição será controlada e será exigido o uso de máscaras. Serão disponibilizados dispensadores de álcool em gel e tapetes sanitizantes. Menino Jesus dos Montes, de Dai Nascimento (Foto: Tiago Caldas/CORREIO) Monge capelão do santuário e diretor do complexo, Dom Ângelo Alves conta que a mostra é uma homenagem à santa depois de a igreja ter ficado tanto tempo fechada para restauro, embora a obra de recuperação ainda não tenha sido encerrada. Como o dia de Nossa Senhora das Graças é comemorado todo 27 de novembro, essa programação faz parte das celebrações. “Este é um local especial e criamos o complexo para preservar a história que aqui existe. Então, nós criamos acontecimentos na igreja para levar conhecimento ao nosso povo sobre essas histórias, principalmente a de Catarina Paraguaçu [índia que formou a primeira família cristã do Brasil] e agora a exposição foi pensada neste clima de fim de ano, nessa chegada do Natal”, explica o capelão. Doada pela índia à Ordem Beneditina, a edificação é datada de 1535 e existia antes mesmo de Salvador ser oficializada como cidade. Ela é, portanto, a mais antiga igreja construída na capital baiana e guarda os restos mortais de Paraguaçu, que foi casada com o náufrago português Diogo Álvares Correia, o Caramuru. Há quatro anos, uma obra de restauração artística foi iniciada e está próxima de ser concluída. 

Uma das instalações da exposição é um grande rosário em que as tradicionais bolinhas foram substituídas por pequenos bustos de anjos barrocos e, ao centro, está colocado um cocar, em tributo à índia tida como “mãe dos brasileiros”. “É uma homenagem a ela e a Diogo, mas principalmente aos nossos ancestrais, o povo tupinambá”, diz Dai Nascimento.

No ano passado, em conversa com o CORREIO, José Dirson Argolo, restaurador da igreja, contou que a ordem de subir as paredes do que viria a ser a edificação surgiu a partir de um sonho da índia, em que uma mulher lhe aparecia com uma criança. “Ela então vai atrás de Caramuru e implora para que ele procure essa tal mulher”, narrou. Foi aí que, alguns meses depois, indígenas da Ilha de Boipeba, no município baiano de Cairu, descobriram, dentro de um caixote, uma figura de Nossa Senhora, que é a mesma que até hoje ocupa o altar-mor da igreja.

Nesta exposição da “Divina Graça”, Dai Nascimento ainda incluiu à venda imagens sacras do Menino Jesus dos Montes, devoção que floresceu na região do Recôncavo, no convento de Nossa Senhora dos Humildes, em Santo Amaro, mas que ultimamente acredita que vem caindo no esquecimento. “Lá, as internas faziam os montes e eu quis resgatar estes antigos ofícios porque na confecção se envolviam costureiras, artesãos, entalhadores, marceneiros, douradores, policromadores e eu estou trazendo esse trabalho de volta, só que, nesse caso, eu que faço tudo”, conta ele.

O capelão Dom Ângelo observa que, com os tempos difíceis da pandemia, sentiu que as pessoas tiveram necessidade de se reaproximar da igreja. Para ele, essa busca por Deus é sinônimo de que o povo tem fé de que esse momento ruim vai passar.“Percebo isso de uma forma até bela. As pessoas não têm se aproximado por medo, mas pela esperança. Elas vêm com a perspectiva de um mundo melhor, de que essa é mais um dificuldade da vida que nós vamos superar e esse é o papel da igreja, levar ânimo paras as pessoas, um ânimo verdadeiro, de que não podemos nos desesperar”, diz.[[galeria]]

Serviço Exposição Divina Graça 22 de novembro a 30 de dezembro Segunda a sábado, das 8h às 11h Domingo, após a missa das 8h Igreja de Nossa Senhora das Graças, Largo da Graça Avenida Princesa Leopoldina, nº 133 Uso obrigatório de máscara Entrada gratuita