Facada no pescoço causou morte de jogador Daniel, diz perícia

Laudos ainda apontaram que houve limpeza em cenas do crime

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  • Da Redação

Publicado em 22 de novembro de 2018 às 15:51

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Divulgação

O jogador Daniel morreu por conta da facada que recebeu no pescoço, de acordo com laudos da Polícia Científica do Paraná e do Instituto Médico Legal (IML). A perícia não conseguiu definir, contudo, se o atleta foi mutilado quando ainda estava vivo. Ele teve o pênis decepado. O jogador de 24 anos foi achado morto em um matagal da área rural de São José dos Pinhais, em 27 de outubro. 

"A degola parcial foi o motivo da morte, chegou a haver exposição da coluna cervical. Mas não é possível precisar qual lesão aconteceu antes e se ele tinha sinais vitais quando foi mutilado",diz  o diretor do IML, Paulino Pastre, em entrevista coletiva nesta quinta-feira (22). "Possivelmente ele não estava vivo no momento que o órgão foi cortado. Pelos dados que temos, possivelmente a degola aconteceu anteriormente. A região tinha pouco sangue e coágulo e não aparentava a semelhança da anteriormente a degola".

Daniel foi espancado depois de uma festa na casa de Edison Brittes, empresário que confessou a morte do jogador. Outras três pessoas bateram no atleta, segundo o inquérito da polícia. Depois, Daniel foi levado no porta malas do carro até uma estrada, onde foi esfaqueado. Edison afirma que atacou Daniel porque ele teria tentado estuprar sua esposa, Cristiana. A polícia descarta essa possibilidade.

Sete pessoas estão presas: Edison Brittes, Cristiana Brittes, Allana Brittes, Eduardo Purkote, Eduardo da Silva, Ygor King e David Willian.

Dois carregaram Daniel Segundo o laudo, o corpo de Daniel foi carregado por mais de uma pessoa do carro até o local em que ele foi achado morto. "Com sinais que encontramos no chão, é possivel dizer que mais pessoas carregaram o jogador", diz o perito criminal do local, Jerry Gandin. "Lesões dorsais, torácicas e na coxa de Daniel apontam que provavelmente duas pessoas carregaram o jogador neste trajeto", acrescenta Pastre.

Edison afirma que cometeu o crime sozinho. A polícia aponta que Eduardo da Silva, Ygor e David William estavam no carro que levou Daniel. Eles alegam que Edison levou o jogador para fora do veículo sozinho e o matou do lado de fora, enquanto eles ouviam.

Limpeza da cena do crime A perícia feita na casa encontrou vestígios de sangue no quarto de Cristiana. Também havia sangue no carro de Edison. O laudo aponta que há sinais de limpeza nos locais. A perícia também confirmou que houve arrombamento na porta, mas não sabe dizer em que momento. 

"Havia claros sinais de que ambos os locais haviam sido submetidos a uma limpeza. Foi utilizado um agente químico, o luminol, que detectou a presença de sangue. Foram detectadas quatro marcas no carro e três na residência", afirmou o perito Marcelo Malaguini.

A faca do crime não foi usada - Edison afirma que a atirou em um rio próximo. Os peritos afirmam que a arma era "extremamente afiada". "Foi um instrumento extremamente afiado, por isso foi classificado como extremamente cortante. As lesões não possuem nem uma rugosidade, nem uma irregularidade. Foi um instrumento altamente afiado, o mesmo da degola", afirma o perito Pastre.

Veja quem são os indiciados:Edison Brittes, empresário que confessou ter matado Daniel. Ele responderá por homicídio qualificado e ocultação de cadáver; Eduardo da Silva, parente de Cristiana, que espancou o jogador na casa e estava no carro em que ele foi levado ao matagal. Foi indiciado por homicídio qualificado e ocultação de cadáver; Ygor King, também espancou o jogador e estava no carro em que ele foi levado ao matagal. Vai responder por homicídio qualificado e ocultação de cadáver; David Willian da Silva, namorado de Allana, também espancou Daniel e estava no carro. É suspeito de homicídio qualificado e ocultação de cadáver; Cristiana Brittes, esposa de Edison. Indiciada por coação de testemunha e fraude processual; Allana Brittes, filha de Edison, vai responder por coação de testemunha e fraude processual; Eduardo Purkote, gêmeo que teria agredido na casa. Vai responder por lesão corporal grave. Em nota, o advogado da família Brittes, Cláudio Dalledone Junior, diz que Cristiana e Allana não têm envolvimento no crime. “A defesa técnica de Edison Brittes Júnior, Cristiana Rodrigues Brittes e Alana Brittes vem a público esclarecer que: Diante da conclusão do inquérito policial que investiga a morte do jogador Daniel Corrêa Freitas, o indiciamento de Alana e Cristiana destoam dos fatos ocorridos e tudo ficará provado. A defesa diz ainda que Edison Brittes irá justificar sua conduta em Juízo”.

Cronologia do crime Sexta (26): Daniel chega a Curitiba. Ele vai a duas festas, inclusive o aniversário de Allana em boate Sábado (27): A festa continua na casa da família de Allana, em São José. O crime aconteceu este dia. O corpo foi achado neste mesmo dia em um matagal. Segunda (29): Amigo reocnhece o corpo de Daniel Quarta (31): Corpo de Daniel foi velado em Minas Gerais Quinta (1): Suspeito de matar Daniel é preso e confessa crime. Mulher e filha também foram presas Sexta (2): Perícia é feita na casa onde Daniel foi espancado

Linha do tempo (com informações da TV Globo) 21h30: Daniel chegou a Curitiba na sexta à noite, por volta das 21h30. Ele deixou as malas na casa de um amigo, com quem iria se hospedar, e saiu depois de um banho para uma festa, a primeira da noite.

00h: Por volta de meia-noite, ele e o amigo seguiram para o aniversário de Allana, em uma boate da cidade. Eles tinham convites para a festa, entregues pelo próprio pai da aniversariante.

05h40: O amigo de Daniel vai embora da boate. O jogador prefere ficar e diz que vai seguir para a casa de Allana, na Região Metropolitana, onde a festa seguiria

06h36: Daniel avisa ao amigo por mensagem que já estava na casa de Allana. Uma testemunha  contou à polícia que os convidados estavam ouvindo música e bebendo. Cristiana, que segundo a família não estava bem, foi a primeira a ir deitar. Outras pessoas também se recolheram. Ficaram na festa Daniel, Edison e outras oito pessoas

08h07: Daniel começou uma conversa com outro amigo. Ele contou que estava em uma festa, com várias pessoas dormindo. Por áudio, ele respondeu ao amigo, que perguntou se estava bêbado, e disse que "não muito". Ele falou também que tinha uma "coroa" na casa, que era a mãe da aniversariante, e que faria sexo com ela. Afirmou ainda que o pai estava junto. O amigo diz para ele se cuidar e que poderia ser expulso da casa. Daniel mandou uma foto ao lado de Cristiana, que aparenta estar dormindo. O amigo quer saber se ele fará sexo com ela acordada ou dormindo

 08h34: Daniel manda uma nova foto ao lado de Cristiana para o amigo e diz que fez sexo com ela. Depois, ele manda a seguinte mensagem, a última: "O que aparecer amanhã é nóis". O amigo quer saber o que isso quer dizer, mas Daniel não responde mais. Posteriormente, o amigo disse à polícia que ele, Daniel e outros dois colegas tinham um grupo de WhatsApp onde mandavam fotos das "conquistas" amorosas, geralmente quando a mulher estava dormindo

10h30: Corpo do jogador é encontrado, ainda sem identificação, em um matagal, com mutilações, marcas de faca e sinais de tortura. 

À noite: O amigo que hospedou Daniel fica preocupado porque ele não deu mais notícias e eles tinham um compromisso. Ele manda mensagem para Allana, que afirma que o jogador foi embora sozinho da casa dela. Este amigo foi quem reconheceu o corpo do jogador, dois dias depois.