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Fake champions: vão enganar o diabo!


 

  • Paulo Leandro

Publicado em 17/03/2019 às 05:00:00
Atualizado em 19/04/2023 às 13:50:09
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Na hora de escolher por qual time torcer, na reta final do Baianão, há dois caminhos: o aristocrático ou o reparador. Se você considera a estrutura, a tradição e o tamanho como valores, pode escolher o Esquadrão de 5 mil títulos, protegido desde a fundação, Bi do Brasil, quase-dono do Itaipavão... tomou 1x0 do Sergipe, mas não há de ser nada, amigos.

Pode ‘merecer’ mais um, mais um título de glória: o Jequié vai ajudá-lo, como fez em 71 (empatou de 0x0 com o Vitória antes da finalíssima) e em 77 (deu título ao Bahia ao conter o Itabuna na preliminar do Ba-Vi). O Super-Bahião pode contar com a fraquejada do camarada de Conquista para alcançar o G-4.

Um pouquinho abaixo na classe dos aristocratas está o Vitória. Barão, dono de estádio, time de patrão, nascido e criado no leite tipo A dos plays dos castelos do Corredor da Vitória. Tem 29 ou já são 30 títulos estaduais? Só gugando. Vice de tudo, sem demérito, porque vice também é campeão: vice-campeão. Um Leão!

O torcedor alfa, que curte fortalecer quem já é mais forte, torce pro Baêa, provisoriamente em quinto lugar, ou o Vitória, a segunda e boa opção.

Mas existe o torcedor do interior, que faz o tipo reparador, e entende a justiça como distribuição de alegrias. Este torcedor estranha por que só dois clubes têm direito à boa vida e reclama igualdade usando as perucas brancas de Rousseau, Voltaire, Danton e Robespierre - antes da guilhotina.

O Bahia de Feira tem um título, um titulozinho só, concedido pelo Vitória, o generoso Vitória, vamos combinar, o nobre e lord Negô. O Tremendão tem seu estadinho e faz da dignidade moral do trabalho uma boa forma de superar seus limites.

O Primeiro Passo (este é o nome do clube) de Vitória da Conquista, queridão de ‘famiglia’ nova-rica, que não é de hoje controla a renda de nosso ‘futilball’, se esforça, apesar da nódoa da surra de 6x0 para o Bahia, uns anos atrás, nossa versão de Argentina x Peru 1978.

O Atlético de Alagoinhas veio lá de baixo, degolado, e traz a teimosia de quem já foi tão explorado que cedia seus craques ao Fluminense de Feira no tempo dos Médici (nossa Florença reversa), antecessora da Gestapo de Curitiba.

Para tirarem macuxi muita onda, Bahia e Vitória se beneficiam de orçamento superior, cobertura de mídia, absurdos de arbitragem, remanejamento de tabelas, só faltam os 171 fuzis dos milicianos 17. Crescendo as alegrias, mais consumidores para o mercado lucrar com sua mecânica de valores apenas financeiros.

A bancada majoritária, representada pelos falsos grandes, se enxerga nestes clubes de rapina: quando apertados pelos menorzinhos do interior são socorridos de maneiras as mais sem-vergonha, desde que continuem fake champions.

Bahia e Vitória já foram ajudados demais, tá na hora de tomarem vergonha e trabalharem para disputar títulos de verdade: somente duas estrelas para o tricolor e um colar de vices para o Leão revelam seu poderio muito limitado ao âmbito estadual. Nem pra Copa do Nordeste servem?!

Já os times historicamente roubados do interior estão mais para o perfil dos trabalhadores brasileiros, duros, ameaçados de perder o futuro e a aposentadoria.

Bahia e Vitória não passarão! Viva o Bahia (o de Feira) e o bravo Atlético de Alagoinhas!

Paulo Leandro é jornalista e professor Doutor em Cultura e Sociedade