Família acusa PMs por execução de adolescente na Boca do Rio 

Emerson foi baleado quando tentava subir em um muro na localidade de Curralinho

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  • Bruno Wendel

Publicado em 12 de fevereiro de 2018 às 14:30

- Atualizado há um ano

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(Foto: Reprodução) O olhar desolado não é para menos. “Não sei o que farei de minha vida. Ele era minha joia”, dizia inúmeras vezes a dona de casa Silvia Maria Santos Gomes, 42 anos, enquanto apresentava no Instituto Médico Legal (IML), a documentação do filho caçula, Emerson Gomes Teixeira, 18 anos, morto na noite deste domingo. Ela acusa policiais militares de terem executado o filho. “A polícia é para prender e não fazer o que fez. Os policiais atiraram sem meu filho fazer nada”, declarou. A PM diz que Emerson era traficante de drogas e estava em um grupo que reagiu com tiros a uma abordagem policial.

Revoltada, Silvia contou ao CORREIO que Emerson trabalhava em um lava-jato e que na tarde de domingo conversa com amigos em um campo de futebol, na localidade de Curralinho, perto do Centro de Convenções, quando guarnições da PM chegaram por volta das 18h. “Ele e outros estavam sem documentos e, quando viram a polícia correram por medo porque chegam atirando, batendo nas pessoas.  Meus sobrinhos de quatro anos têm medo dos policiais. Chegam a chorar quando se aproximam”, disse a dona de casa. 

Segundo Silvia, Emerson correu e tentou escalar o muro de uma casa, mas em vão. “Eles balearam meu filho, que caiu no chão. Depois, o arrastaram para o matagal”, contou. Emerson só foi levado para o Hospital Geral do Estado duas horas depois. “Os vizinhos disseram que os policiais arrastaram meu filho baleado para o matagal e ficaram lá com ele. Foram bem umas cinco viaturas. Ninguém pôde fazer nada com o medo”, contou a dona de casa. 

Assim que soube que Emerson tinha sido baleado, Silvia procurou ajuda na 9ª Delegacia (Boca do Rio) e foi orientada para uma delegada plantonista a ir ao HGE. “Quando cheguei, meu filho já estava morto. Estou revoltada. Sou uma mulher cristã. Sei que não devo ter ódio no coração, mas é difícil. A dor que estou sentido não desejo para ninguém”, desabafou Silvia, que emendou em seguida: ”E o prior de tudo: eles colocaram meu filho como bandido. Disseram que ele era traficante, que ele estava armado com muita droga. Emerson era só usuário de maconha. Ele trabalhava para comprar as coisas dele”, disse. O corpo de Emerson ainda está IML e aguarda vaga em cemitério.  Em nota, a Polícia Militar afirmou que foi até o local para atender um chamado de que homens armados estavam traficando drogas no Novo Paraíso. Lá, os PMs foram recebidos a tiros e reagiram. "No confronto, um dos criminosos, conhecido como Ratão, foi atingido. Imediatamente a PM prestou socorro para o Hospital Geral do Estado (HGE), mas ele não resistiu", diz a nota. Com ele, a PM informa que foram apreendidos uma pistola calibre .40, 45 trouxinhas de maconha, um tablete de maconha, um celular, dois relógios e R$ 189. Na mesma ocorrência, um suspeito foi preso com cocaína e uma balança. O caso foi registrado no Departamento de Homicídio e Proteção à Pessoa (DHPP). Material apreendido com Emerson (Foto: Divulgação/PM)