Família nega que vereador desaparecido Vado Malassombrado fosse renunciar

Vereador está desaparecido desde segunda-feira (03)

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  • Nilson Marinho

Publicado em 5 de dezembro de 2018 às 11:08

- Atualizado há um ano

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A família do vereador Edivaldo Ribeiro e Silva, 48 anos, o Vado Malassombrado (DEM), considerado desaparecido pela Polícia Civil, está na manhã desta quarta-feira (5) na Delegacia de Proteção à Pessoa do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), prestando depoimento. Até o momento, pessoas mais próximas ao edil dizem não ter nenhuma informação sobre o paradeiro dele. 

A esposa do vereador, um dos dois filhos e dois assessores chegaram à sede do DHPP, na Pituba, por volta das 8h. Eles ainda estão no local prestando depoimento ao delegado José Alves Bezerra, diretor do departamento.

De acordo com um dos assessores de Vado, que também foi ao DHPP para apoiar a família, está sendo descartada por eles a possibilidade do político ter solicitado a carta de renúncia. Ele também afirma que o vereador não foi visto pela última vez chorando, na segunda-feira (3), ao deixar a Câmara, como uma fonte, que preferiu não se identificar, havia informado ao CORREIO.

"Até o momento não sabemos de nada. Também queremos respostas", disse um dos assessores, Rogério Malhado.  Vado Malassombrado durante diplomação como vereador de Salvador (Foto: Arquivo CORREIO) A nora do vereador, Milena Ramos, disse que a família desconhece a carta de renúncia que ele teria solicitado alegando que "perderia a família" caso não deixasse o cargo municipal. "A família foi até lá (Câmara) procurar saber, mas não há nenhuma informação sobre esse documento. Desconhecemos", afirmou.

O vereador, considerado desaparecido pela Polícia Civil, deixou a Presidência da Câmara Municipal de Salvador, nessa segunda-feira (3), chorando muito, após solicitar e obter uma carta de renúncia ao cargo.

Ao CORREIO, um funcionário do Legislativo municipal, que pediu para não ser identificado, contou que Vado esteve na manhã anterior ao sumiço, na Casa, onde conversou com dois assessores. Ainda de acordo com a fonte, o vereador teria falado aos assessores que, se não renunciasse, perderia a família.

Os parentes de Vado – que não chegou a devolver a carta de renúncia assinada – estiveram na delegacia para denunciar o desaparecimento, no final da tarde de terça (4). Eles fizeram um registro do caso na Delegacia de Proteção à Pessoa (DPP), do DHPP. A polícia colheu o depoimento dos familiares, mas as informações prestadas não foram divulgadas.

Por volta das 12h, Rogério contou ao CORREIO que agentes do DHPP receberam ontem à noite uma ligação com pistas sobre Vado. "A polícia disse que teve uma ligação para cá de uma pessoa dizendo que viram ele em um posto da BR-324, mas não tem nada confirmado. Falaram que ele estava andando a pé perto do Makro na BR-324. Achamos estranho, porque ele saiu de carro, mas estamos rezando para que seja verdade", afirmou. 

Vado teria chegado no posto em um táxi, segundo a mulher que ligou para a polícia. "Disseram que ele estava com sapato marrom, calça jeans, camisa azul polo, com a bíblia na mão e uma carteira. Falaram que ele estava calmo, dizendo que queria ir para Camaçari. A pessoa acha que viu ele ontem nesse posto por volta de 22h", disse Rogério.

Rogério disse que, antes de seguir para Câmara, como de costume, Vado esteve, na manhã de segunda, no polo cultural inaugurado por ele no bairro da Massaranduba. De lá, saiu por volta das 9h, sozinho e a bordo do veículo oficial da Câmara, um Cobalt branco (placa PLD-7396). "Esse era o itinerário dele. Todos os dias, sem falta, Vado estava no polo cultural", conta. 

A última pessoa que viu o vereador foi a sua assessora, identificada como Tatiana. Ela confirmou ao CORREIO que, por volta das 11h, avistou Vado deixando o anexo da Câmara e caminhando em direção ao Pelourinho. Ele estava, segundo ela, aparentemente chateado. "Pouco conversativo e chegou a dizer que estava chateado, mas não estava chorando", 

A Polícia Civil informou que ainda não há indícios de que o vereador tenha sido vítima de alguma fato delituoso. A hipótese trabalhada ainda é o desaparecimento.

Perfil Eleito vereador pela primeira vez em 2012, depois de uma tentativa frustrada em 2008, Vado conta em seu perfil no site da Câmara que já foi pedreiro, marceneiro, mecânico, carpinteiro, eletricista, ambulante, vendedor de picolé e de pastéis, antes de se tornar um edil.

Vado é natural de Olinda (PE) e veio para Salvador quando tinha 12 anos. É casado e tem dois filhos. Está no segundo mandato de vereador pelo Democratas, tendo assumido uma cadeira na Câmara Municipal de Salvador em 2013, com 4.059 votos. Na segunda eleição, sua votação chegou a 7.410 votos.

Morador da localidade da Mangueira, na Cidade Baixa, ele atua nas comunidades carentes há 30 anos com o Trio Malassombrado (carro de som construído por ele).

*com supervisão do chefe de reportagem Jorge Gauthier