Familiares de adolescentes mortos fazem protesto em estação de trem na Calçada

Cleidson Santos, 15, e David Barreto, 16, foram assassinados por um segurança na estação de trem em Santa Luzia, no Subúrbio

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  • Da Redação

Publicado em 2 de maio de 2017 às 10:46

- Atualizado há um ano

Cerca de 50 pessoas entre amigos e familiares dos dois adolescentes assassinados na estação de trem em Santa Luzia, no Subúrbio, realizam uma manifestação contra as mortes dos garotos na manhã desta terça-feira (2). Eles se reuniram na estação de trem da Calçada por volta das 9h.

Cleidson Santos, de 15 anos, e David Barreto, 16, foram baleados e mortos durante um ataque na última quinta-feira (27) promovido pelo segurança Júlio César Perpétuo, 33 anos. Na mesma situação outros dois adolescentes também foram baleados. Cleidson e David (Foto: Almiro Lopes/CORREIO)Segundo a Secretaria de Desenvolvimento Urbano do Estado da Bahia (Sedur), os manifestantes não chegaram a bloquear as linhas dos trens e o serviço não foi alterado.

O pedido de prisão temporária de Júlio César já foi decretado pela Justiça e ele é considerado foragido. Ele também é suspeito de abusar sexualmente da filha de dois anos e já havia sido denunciado por maus tratos pela mulher. 

O crimeO segurança teria se desentendido com o grupo de jovens horas antes do atentado, em uma briga por conta das portas do trem estarem abertas. Depois, ele atirou contra o grupo. Os dois garotos que sobreviveram foram socorridos para o Hospital do Subúrbio. Um deles, de 15 anos, foi baleado de raspão na mão e recebeu alta logo após dar entrada na unidade de saúde. O outro, baleado nas costas, passou por cirurgia. Cleidson Santos, 15, e David Barreto, 16, morreram. O CORREIO esteve na comunidade Voluntários da Pátria, no Lobato, e conversou com os parentes das duas vítimas, entre eles um dos irmãos de Cleidson, um dos sobreviventes do ataque. No dia do crime, ele, o irmão, David e o casal adolescente saíram de casa às 13h rumo ao Colégio Estadual Castro Alves, na Calçada, onde todos estudam no 7º ano, e às 13h10 já tinham embarcado como de costume em um dos vagões na estação de trem de Santa Luzia. 

“O segurança já brigava com um grupo de rapazes que colocava o pé para não fechar uma das portas. Daí, ele foi na direção de David, que estava escorado em uma das portas fechadas e o mandou sair do lugar. David disse que sairia quando o trem andasse e ele não gostou, dando início à discussão”, contou o irmão de Cleidson. A mãe dele, que também tinha embarcado, mas em outro vagão, não percebeu a confusão. 

Após a confusão, ele ameaçou David. “Ele disse que, quando voltássemos, ia resolver o assunto com David. Ele já estava intencionado”, relatou o sobrevivente. Por volta das 16h, os cinco adolescentes desceram na estação e, ao invés de logo irem para casa, pararam no local para conversar.

“Estávamos resenhando sobre os acontecimentos da aula. Jamais imaginaríamos o que aconteceu”, contou o irmão de Cleidson. De acordo com ele, o segurança desceu do trem e caminhava na direção deles. “Ele estava com a camisa por fora, mas não maldamos que ele escondia uma arma. Quando se aproximou, sacou a arma e deu o primeiro tiro, atingindo o pescoço do meu irmão, que caiu na hora”, relatou. 

Em seguida, o segurança deu início a uma sucessão de tiros, aumentando ainda mais o pânico na estação. “Ele mirou em mim, mas me abaixei. Então, disparou novamente e acertou três vezes nas costas de David, que foi ao chão. Ele atingiu de raspão a mão de minha amiga e alcançou o namorado dela, que tinha retornado para um dos vagões, baleando-o também nas costas. Quando saiu novamente do vagão, ele apontou novamente a arma para mim, mas escapei novamente quando pulei o muro da estação”, detalhou o irmão de Cleidson. 

Segundo a assessoria da Sedur, o segurança trabalha na estação há dois anos e meio e não estava autorizado a usar arma.