Familiares de skatista morto na Boca do Rio fazem protesto

Antônio Vinicius estava enfrentando uma disputa judicial pela guarda da filha

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  • Gil Santos

Publicado em 9 de julho de 2017 às 20:58

- Atualizado há um ano

Familiares e amigos do motoboy e skatista Antônio Vinicius Falcão, 31 anos, realizaram uma manifestação na manhã deste domingo (9) para pedir por justiça. Um grupo formado por cerca de 50 pessoas foi até o Centro Tecnológico da Bahia, na Avenida Luís Viana (Paralela), no final da tarde, para fazer orações e andar de skate, em homenagem a Vinicius. De mãos dadas, eles disseram palavras de conforto.Vinicius passava todos os fins de semana com a filha (Foto: redprodução)Vinicius foi morto na quinta-feira (6), na porta de casa, na Boca do Rio. Ele foi surpreendido por um homem armado que desceu de um carro e atirou cinco vezes no skatista. O local escolhido para a homenagem deste domingo era um dos pontos usados pelo motoboy para andar de skate após o trabalho. Segundo a namorada dele, a auxiliar administrativa e também skatista, Leidiana Souza, 35, a paixão pelo esporte surgiu há 1 ano e 8 meses. "Andar de skate era o refúgio dele, o que ajudava a diminuir o estresse. Ele fazia isso quase todos os dias. Os lugares que ele mais usava para andar de skate era a Boca do Rio, onde ele morava, o Imbuí, a Barra e aqui no Centro Tecnológico", afirmou.Protesto na Paralela (Foto: Marina Silva/CORREIO)Vinicius fez aniversário no dia 30 de junho. Os 31 anos não seriam comemorados com festa porque o motoboy estava mais preocupado em pagar as contas, mas os amigos e vizinhos organizaram uma comemoração surpresa. "Ele ficou muito feliz. Todo mundo gostava dele. Trabalhador, honesto, bom pai. Estamos todos sentidos com essa tragédia", afirmou a prima dele, a assistente social Patrícia Vergasta. 

Os familiares contaram que Vinicius tinha por hábito ver a filha todos os dias. No final de semana era ele quem ficava com a menina. No último domingo, ele levou a filha para conhecer o metrô. Fizeram a viagem do Imbuí até a Lapa. Durante o passeio eles fizeram uma foto que foi postada no Facebook e se tornou a última imagem dele ao lado da filha, antes de ser assassinado. Namorada esteve no protesto (Foto: Marina Silva/CORREIO)Emocionada, a irmã dele, a advogada Wilmara Falcão, pediu por justiça. "Ele queria a guarda compartilhada, porque entendia da necessidade da mãe na vida de uma criança. Ele era uma boa pessoa. Ele, a família e a filha dele não merecem que isso fique esquecido, principalmente, por ela. A menina precisa saber o que aconteceu com o pai dela", disse. 

Esse foi o segundo irmão que ela perdeu de forma trágica. Em julho de 2014, Anderson Falcão, irmão de Vinicius e Wilmara foi assassinado durante uma tentativa de assalto, em Lauro de Freitas. Ele estava em uma motocicleta quando foi abordado pelos assaltantes. Vinicius era o caçula dos três irmãos. Vinicius estava requerendo a guarda compartilhada da filha (Foto: reprodução)O crimeVizinhos de Vinicius que presenciaram o crime e preferiram não se identificar contaram que o motoboy tinha acabado de colocar o capacete e subir na moto, quando uma pessoa que estava num carro preto, parado em frente à casa dele, desceu do veículo e disparou várias vezes. O assassino entrou no carro e, depois de sair, voltou para fotografar o corpo do skatista. O atestado de óbito e o capacete usado por Vinícius apontaram que foram mais de cinco tiros, todos na região da cabeça. A família acredita que o assassinato tem relação com a disputa judicial pela guarda da filha. O CORREIO tentou falar com a ex-companheira da vítima, mas a avó informou que ela havia saído com a filha, que está traumatizada com a morte do pai. O caso está sendo investigado pelo Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP).Amigos se emocionaram durante ato (Foto: Marina Silva/CORREIO)