Famílias que deixaram casas após desabamento aguardam auxílio-moradia

Moradores optaram por não aceitar abrigo temporário oferecido pela prefeitura

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  • Raquel Saraiva

Publicado em 11 de maio de 2018 às 20:22

- Atualizado há um ano

Após a interdição de sete casas por conta de um desmoronamento, os 29 moradores dos imóveis, no Alto da Sereia, bairro do Rio Vermelho, preferiram ir para casas de amigos, parentes e igrejas ao invés de se abrigar em acolhimento provisório oferecido pelo município. O estudo da área tem envolvido técnicos e até monitoramento por drones.

As sete famílias - que reúnem 18 adultos, três adolescentes e oito crianças - foram cadastrados nesta quinta-feira (10) pela Secretaria de Promoção Social e Combate à Pobreza (Semps). O cadastro aconteceu três dias depois do desabamento parcial de uma casa no mar e interdição desta e de outros seis imóveis da comunidade pela Defesa Civil de Salvador (Codesal).

Sete cestas básicas foram disponibilizadas pela prefeitura, além do transporte das pessoas e dos pertences para os locais onde elas estão abrigadas. A Semps diz que a ação visa o abastecimento emergencial das necessidades alimentares das famílias, "uma vez que, a maioria, não pode retornar aos imóveis devido ao risco de desabamento". As famílias devem retirar as cestas no depósito da Semps, no Largo de Roma, na Cidade Baixa.

"Ressaltamos que apenas as famílias devidamente cadastradas e que tenham recebido os encaminhamentos assinados pela equipe técnica da Operação Chuva deve comparecer ao local para receber os provimentos, que somente são entregues após apresentação de documentos pessoais e do instrumental", informou a entidade, por meio de nota. 

Os moradores reclamam, entretanto, da demora para o recebimento do auxílio-moradia. “Tô na casa da minha madrinha, esperando receber o auxílio pra alugar uma casa”, conta Dalila Antunes, 19 anos, que estava em casa quando parte do imóvel desabou.  Codesal tem vistoriado o local regularmente (Foto: Marina Silva/CORREIO) A Semps explica que a solicitação de auxílio-moradia é encaminhada pela Codesal após a vistoria realizada pelo órgão. A Codesal, por sua vez, informou que tem feito vistorias regulares no local e que na próxima semana deve fazer a reavaliação dos imóveis e informar à Semps quais deles devem ser evacuados temporária ou definitivamente. 

"A nossa equipe de técnicos está fazendo essa avaliação. Queremos saber como a degradação está avançando naquela localidade para saber efetivamente o tipo de ação que será realizada para tirar o risco do local", diz o diretor-geral da Codesal, Sosthenes Macedo.

A diarista Rosa Cristina, 44, disse que preferiu dormir na igreja e que aguarda o término das vistorias.“Hoje, a Codesal olhou as casas e ganhamos cestas básicas também”, conta ela.Uma reunião dos moradores está marcada para esse sábado (12), 17h, para discutir a situação das casas e das famílias e possíveis soluções. Pela manhã, às 10h, a visita técnica será comandada pelo engenheiro civil Luís Edmundo Campos, professor da Ufba e diretor do Crea-BA.

O auxílio-moradia é de R$ 300 e é o benefício disponibilizado às famílias de baixa renda, vítimas de situação de risco e desastre. O período de concessão do benefício também será definido após a vistoria da Defesa Civil. Famílias receberam cesta-básica e aguardam o auxílio-moradia (Foto: Marina Silva/CORREIO) "Ontem, teve voo de drones com profissionais da Codesal, que estão debruçados no estudo da degradação do solo. A decisão será baseada em dados técnicos. As casas foram fechadas para não ter uso e fazer com que a população não retorne a elas e garante, assim, sua segurança", explica o diretor-geral da Codesal.

Assim que aprovado, as famílias devem apresentar a documentação pessoal necessária para o encaminhamento dos processos de pagamento. No total, sete famílias foram cadastradas pelos técnicos da assistência social do município. 

Animal ferido Na tarde desta sexta, a cachorrinha da moradora Lourdes de Lima, uma das moradoras que tiveram o imóvel interditado, entrou em uma das casas e caiu em um vão deixado pelo desabamento.

“É muito tempo morando lá. Ela foi porque tá acostumada”, conta Rosa, sobrinha de Lourdes. O cachorro aparenta ter quebrado a bacia e está em situação delicada.