Famílias se abrigam em escola após alerta de deslizamento na Capelinha

Cerca de 50 famílias buscaram refúgio após sirene tocar na Vila Picasso; veja vídeo

Publicado em 20 de abril de 2018 às 19:08

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Reprodução

Foto: Reprodução Cerca de 50 famílias vindas da localidade de Vila Picasso, no final de linha da Capelinha de São Caetano, se refugiaram do risco de deslizamento de terra no local dentro da Escola Municipal Antônio Carvalho Guedes, localizada na Rua da Glória, no mesmo bairro, desde a manhã desta sexta-feira (20).

A estudante Yasmim Amorim, 16 anos, mora com a mãe e o irmão, mas estava sozinha em casa no momento em que a Defesa Civil do Salvador (Codesal) emitiu o alerta de risco de deslizamento de terra, por meio de sirenes instaladas no bairro.

"O povo todo saiu correndo com medo do desabamento, na hora. Foi uma coisa louca", lembrou a adolescente, que estava na escola acompanhada de vizinhos. "Qualquer estalinho, a gente já fica ligado", completou.

O pedreiro Valdinei dos Santos, 33, vai dormir com a esposa e os dois filhos na unidade escolar. Enquanto não chega a noite, ele preferiu deixar a família descansando na casa do irmão. "Foi um negócio louco. Tava limpando a rua, quando vi começar o barro caindo, e aí o alerta foi emitido", relatou.

De acordo com funcionários da Secretaria de Promoção Social e Combate à Pobreza (Semps), cerca de 38 famílias confirmaram que vão dormir na escola nesta sexta. As salas de aula serão utilizadas pelos abrigados como dormitórios, e será servido um jantar para todos.

Desconforto Uma moradora do Vila Picasso, que não quis se identificar, disse que preferia ter permanecido em casa, mesmo com o risco de deslizamento de terra.

"Eu só vim por causa das crianças [filha e irmã], que não paravam de gritar. Mas não é legal ficar dormindo com pessoas estranhas", comentou. Ela ainda não tinha decidido se passaria a noite na escola.

O mesmo sentimento foi compartilhado pela autônoma Nea Barbosa, 57, moradora da Rua do Ocidente, em Bom Juá, onde também houve alerta de deslizamento.

"A gente fica apreensivo, sim. Não quero ir para a escola porque acho muita exposição", explicou a dona de casa, que lembrou de outra ocorrência no local, há três anos. Ela se referia ao deslizamento de terra em abril de 2015, que matou cinco pessoas na localidade.

Durval Santana, 75, também decidiu continuar em casa. Porém, escolheu deixar a esposa, que está doente, na casa de uma irmã, no bairro de Santo Inácio. "Antigamente, a gente ficava acordado de madrugada, mas agora acostumou", declarou.

Sirenes Moradores dos bairros de Bom Juá e da Capelinha de São Caetano precisaram sair de suas casas nesta sexta-feira (20) em função das fortes chuvas que atingiram Salvador. A Codesal informou que as sirenes de alerta preventivo foram acionadas em função do Plano Preventivo de Defesa Civil. 

Veja vídeo que mostra o momento do acionamento na Vila Picasso.

Foi a primeira vez que houve o acionamento do alarme em função das chuvas. "Fui consultado e determinei à Codesal que ela seguisse todo protocolo técnico que estava previsto. Nós temos mais de 150 mm de chuva acumulado nessa região da cidade em 72 horas. O protocolo determina que quando isso acontece tem que acionar o sistema de alerta e alarme", afirmou o prefeito ACM Neto.

A sirene de alerta instalada em Bom Juá foi acionada na região por volta das 10h. Com isso, moradores da comunidade foram encaminhados para se abrigarem temporariamente na Escola Municipal ACM, na Rua do Ocidente. 

Uma outra sirene de alerta, localizada na Vila Picasso, foi acionada por volta de 12h. O local até então acumulou 147,8 mm de água nos últimos três dias.