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Bloco sai nas ruas do Santo Antônio Além do Carmo há oito carnavais
Vinicius Nascimento
Publicado em 26 de fevereiro de 2019 às 20:58
- Atualizado há um ano
As ruas do Santo Antônio Além do Carmo estavam cheias de graça nesta terça-feira (26). No finalzinho de tarde, foliões curtiram o bloco De Hoje A Oito (DHJA8), que há oito anos leva um colorido especial para o bairro secular. Se ainda restava alguma dúvida, as fantasias e purpurina deixaram o atestado: já é Carnaval, cidade!
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Tradicionalmente, o bloco sai no sábado que antecede a semana de folia momesca. Faz a concentração na praça do Santo Antônio Além do Carmo, dá a volta pelo Barbalho até chegar à Cruz do Pascoal e, depois, retorna para o ponto inicial. Por conta de uma briga entre os moradores e o Bloco Harém houve uma mudança de planos - nada forte o suficiente para atrapalhar a euforia dos foliões.
A artista plástica Lilian Morais é moradora da Pituba e frequenta o DHJA8 há quatro anos. O bloco só iniciou o desfile à noite, mas ela chegou ao local às 16h, para, segundo ela, estender ao máximo o Carnaval."É uma festa maravilhosa e quero curtir tudo que puder. Comecei a vir [para o DHJA8] há quatro anos por conta dessa coisa da fantasia, de você poder se transformar naquilo que quer ser, e aí fui ficando", contou Lilian, que foi fantasiada de Malévola.E tinha de tudo. Sereias, Power Rangers, elementos da natureza e até gente que se pintou de azul da cabeça aos pés. Teve também gente que preferiu apostar no básico e apostou em bermuda e camiseta para curtir. Valia tudo para se divertir.
Membro da turma dos discretos, o defensor público Gabriel César, 34, já quer acostumar o filho com a folia. Ele levou o pequeno Inácio César, de apenas um ano, para a festa. O menino é mesmo um baianinho reato. Não se importou com a multidão e se divertiu do início ao fim. Gabriel leva o filho de um ano para a festa (Foto: Betto Jr/CORREIO) Atento aos passos do filho, o pai explica a escolha pelo De Hoje a Oito. "Falaram que era tranquilo e realmente é. Estou gostando muito dessa versão mais alternativa do Carnaval. Costumo frequentar o Carmo, mas nunca tinha vindo aqui para o bloco e está muito legal. Ele também está gostando muito”, contou.
Quem também vai em família para a folia é o dentista Ramon Saavedra, 46, que estava na companhia da esposa, a economista Luiza Saavedra, 46, e de sua filha, Maitê, 7, que participa do DHJA8 há três anos."Ela adora se fantasiar e nós adoramos buscar circuitos alternativos no Carnaval. No final de semana fomos para o banho de mar na Ladeira da Preguiça e hoje viemos pra cá. Carnaval também serve pra isso, conhecer novos lugares e circuitos", explicou o pai enquanto Maitê se mantinha entretida com uma lata de espuma.As amigas Carol Passos e Lívia Magnavita, ambas de 22 anos, apostaram em fantasias divertidas. Com plaquinhas no pescoço, elas curtiram o bloco pela primeira vez e prometem voltar. "Sempre vamos pra Barra, Ondina, mas, dessa vez, viemos para cá. Uma amiga nossa costuma vir e falava muito para a gente. Hoje ela nem pôde vir, mas a gente tá aqui se divertindo", contou Lívia. Carol e Lívia se divertem no bloco (Foto: Betto Jr/CORREIO) Grana extra A festa pode ser de farra para muita gente, mas é sinônimo de trabalho e grana extra também. Moradora do Santo Antônio Além do Carmo há 26 anos, Lany Sampaio, 48, está desempregada e aproveitou o evento para vender água, cerveja e espetinhos de churrasco.
Para chamar atenção dos clientes, ela contou com a ajuda do filho, Diogo Sampaio, que usou um megafone para anunciar os produtos vendidos.“A gente tem que aproveitar a oportunidade para fazer um dinheirinho, né? Mas só vou trabalhar aqui porque todo o mundo se conhece. Vendedores, boa parte das pessoas que vem pra cá já participa faz tempo… então a gente fica mais seguro”, contou a chefe de família.Relembre a treta Por pouco o DHJA8 não foi cancelado em 2019. Isso por conta de uma treta entre o bloco, moradores do Santo Antônio Além do Carmo e outro bloco, o Harém, que queria fazer uma espécie de fanfarra nas ruas do bairro - decisão duramente criticada por moradores e, também, pela organização do bloco De Hoje a Oito.
“O que o Santo Antônio Além do Carmo de fato comporta?”, questionaram os organizadores, moradores do lugar, no Facebook, ao comentar o crescimento do bloco talvez para além da capacidade de um bairro pequeno e residencial. O CORREIO tentou contato direto com o DHJA8, que preferiu não comentar o assunto. No mesmo dia, o Bloco Harém havia divulgado uma festa, o Santo Antônio Harém do Carmo, com desfile pelas ruas do Carmo e baile privado numa chácara.
Alguns moradores torceram o nariz, indignados. Reclamam entre si nas calçadas e nos grupos de WhatsApp criados, justamente, para discutir a popularização do bairro.
Após uma série de reuniões e debates entre Prefeitura, empresários do Harém e os moradores, o bloco privado optou por cancelar a fanfarra e fazer apenas o seu baile privado, em uma chácara.
Logo depois, o DHJA8 anunciou que sairia em uma data diferente da tradicional, o sábado que antecede os festejos de Carnaval, e faria o que chamaram de “desfile relâmpago”. Dito e feito: a saída do bloco só foi anunciada na última segunda-feira (26), através de postagens em redes sociais.
Isso, no entanto, não espantou o público. No dia do baile, a festa não estava lotada, mas contou com adesão dos foliões, que capricharam nas fantasias.
* Com supervisão da subeditora Fernanda Varela