Farinha pouca, meu pirão primeiro!

Senta que lá vem...

Publicado em 30 de março de 2020 às 11:24

- Atualizado há um ano

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Antes de sairmos comprando comida para estocar no umbigo como se não houvesse amanhã, seria muito legal se a gente olhasse com amor (e nenhuma outra palavra) para o interior de nossos armários e geladeiras e fruteiras e cestos de vegetais.

Comece pelos perecíveis dentro e fora da geladeira. Não perca nada! Frutas maduras processadas sem água vão para o congelador, melhores sorvetes e polpas; os vegetais mais tristes vão pro fundo da panela e viram nutritivos caldos; os menos tristes, sopas! . . Muita atenção aos armários! Tudo o que pode criar gorgulho, já para a geladeira e pole position de produção! . . O condimento que a amiga trouxe de presente da gringa vai fazer de um simples ovo especialíssima omelete; o sagu que você comprou para testar aquele doce que comeu na Serra Gaúcha ou o caviar de mandioca do Claude, aproveite o resto de shoyu, porque a hora é agora; e pouco importa se você achou o arroz negro muito duro, coma-o!

Torre o restinho de oleaginosas, misture à rica e barata farinha de mandioca, e provará da mais inesquecível farofa; restinho de aveia e frutas secas, vira granola, mingau... . . A ameixa em lata que veio no kit de natal da firma ainda está na validade, faça manjar com aquela Maisena trans que você nem sabe como foi parar na sua casa, mas o fato é que está lá.

Qualquer restinho de proteína animal esquecido no congelador vira comida grande e única e principal e deliciosa incorporada a arrozes, cuscuz de $1,80, cous cous de $18, grãos e ovos, ainda que suspeitos;

Resto de feijão é sopa e tutu; resto de arroz, bolinho enriquecido com a sua criatividade.

Prefira comidas que rendem, caldosas! Ame as vísceras, o poder tutanoso dos ossos, as melhores carnes de segunda;

Prepare banquetes de talos e enterre as raízes na floreira para ter cebolinha de novo em uma semana.

Se apegue nessa hora com a fé católica de mainha e faça pudim de pão duro.

Tome café dormido e dê graças a Deus!

No mínimo, depois que tudo isso passar você vai perceber que pode viver com muito menos.  

Texto originalmente publicado no Facebook e replicado com autorização da autora