Federações pedem que Caboclo renuncie à presidência da CBF

Presidentes das 27 federações estaduais enviaram carta ao presidente afastado da entidade

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  • Da Redação

Publicado em 25 de agosto de 2021 às 20:53

- Atualizado há um ano

. Crédito: Lucas Figueiredo/CBF

Os presidentes das 27 federações estaduais de futebol enviaram, nesta quarta-feira (25), uma carta a Rogério Caboclo, presidente afastado da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), na qual pedem que ele renuncie ao cargo na entidade.

O documento foi entregue a Caboclo um dia depois de a Comissão de Ética da CBF sugerir uma punição a ele de 15 meses de suspensão por conta de "conduta inapropriada" com uma funcionária. A denúncia inicial apontava assédio moral e sexual por parte do dirigente. Por isso, a pena foi considerada frouxa pelas federações estaduais.

A suspensão ainda precisa ser confirmada pela Assembleia Geral da CBF, composta pelas mesmas 27 federações estaduais, ainda sem data marcada. 

No texto, os cartolas fazem "um apelo ao Sr. Rogério Caboclo, que tenha a sensibilidade de reconhecer o momento e, em prol do futebol brasileiro, renunciar ao cargo de presidente da CBF". O mandato do dirigente, eleito em 2018 e que foi empossado em 2019, vai até abril de 2023. Carta enviada pelos presidentes das 27 federações a Caboclo (Foto: Reprodução) A carta também destaca um trecho do Código de Ética e Conduta do Futebol Brasileiro: "Todos os segmentos do futebol devem estar comprometidos com o repúdio ao racismo, à xenofobia e a quaisquer outras formas de discriminação e intolerância social, política, sexual, religiosa e socioeconômica".

"Nós, como responsáveis pela condução dos rumos do futebol em cada uma das unidades da Federação, temos o dever de garantir que esses valores sejam preservados e protegidos (...) O momento exige de todos grandeza. O bem do futebol brasileiro deve estar acima de quaisquer questões individuais", continua o texto.

O fato de os 27 presidentes terem assinado a carta é um sinal que a próxima Assembleia Geral irá concordar com a suspensão proposta pela Comissão de Ética. O que frustra as pretensões de Rogério de voltar ao poder de imediato. Se conseguisse ao menos o apoio de sete delas contra a sanção da Comissão de Ética, o dirigente poderia retornar ao posto.

Caboclo ainda pode ser punido em outras denúncias que tem contra si na mesma Comissão de Ética, por assédio moral e sexual, o que resultaria numa punição mais longa ao dirigente.

Leia a íntegra da carta dos presidentes das federações a Caboclo:

"Sr. Presidente,

As 27 federações estaduais de futebol, legítimas filiadas da Confederação Brasileira de Futebol, por seus Presidentes ou representantes legais abaixo assinados, vêm, respeitosamente, manifestar sua visão unânime e consensual sobre o grave momento por que passa o futebol brasileiro.

Nos termos do Código de Ética e Conduta do Futebol Brasileiro, "todos os segmentos do futebol devem estar comprometidos com o repúdio ao racismo, à xenofobia e a quaisquer outras formas de discriminação e intolerância social, política, sexual, religiosa e socioeconômica". Assim, o ambiente do futebol deve ser inclusivo e seguro a todos que nele atuam.

Além disso, são diretrizes fundamentais de conduta, previstas no Código, o respeito à vida, ao bem estar no trabalho, à saúde, à segurança das pessoas, observados os interesses das Federações, das Ligas, dos clubes, patrocinadores e demais entidades, bem como a organização, administração, divulgação e fomento do futebol brasileiro.

Nós, como responsáveis pela condução dos rumos do futebol em cada uma das unidades da Federação, temos o dever de garantir que esses valores sejam preservados e protegidos.

Pela história e representatividade social do futebol brasileiro, temos convicção que atos isolados não podem prejudicar a manutenção da estabilidade do nosso esporte, dos milhares de empregos gerados e do seu papel na construção da cidadania em nosso país.

O momento exige de todos grandeza. O bem do futebol brasileiro deve estar acima de quaisquer questões individuais.

Diante de todo o exposto, vimos, pelo presidente, fazer um apelo ao Sr. Rogério Caboclo, que tenha a sensibilidade de reconhecer o momento e, em prol do futebol brasileiro, renunciar ao cargo de presidente da CBF".