Festa do River tem provocações a Macri e confusão no Obelisco

Torcedores celebraram em Buenos Aires após a conquista da Libertadores diante do Boca Juniors

Publicado em 10 de dezembro de 2018 às 11:05

- Atualizado há um ano

. Crédito: Raggio Alberto/ AFP

Jogou-se em Madri, mas o sofrimento e celebração foram absolutos em Buenos Aires. O River Plate se consagrou campeão da Copa Libertadores da América após vencer o clássico contra o rival Boca Juniors no domingo, por 3x1, na prorrogação, no Santiago Bernabéu, em uma final que durou quase um mês e incluiu um adiamento por temporal e depois sua suspensão e mudança à capital espanhola por casos de violência, um fato inédito na história do torneio sul-americano.  Apesar do desgosto provocado nos torcedores das equipes pela disputa da partida decisiva na Europa, cada um deles a viveu em Buenos Aires com a mesma intensidade, sofrimento, emoção e loucura que se tivesse sido jogada no campo rival. Milhares de torcedores do River Plate - estimados em 60 mil - festejaram no Obelisco, na noite de domingo, a quarta Libertadores conquistada pelo clube. Durante a madrugada, houve incidentes de violência, com torcedores jogando pedras e outros objetos contra policiais, o que provocou a detenção de pelo menos 20 pessoas, ainda que 2 mil agentes tivessem sido destacados para fazer a segurança no centro de Buenos Aires.  Também não faltaram provocações. "Um minuto de silêncio para o Boca que está morto", cantavam os torcedores, em êxtase, quando davam uma volta olímpica ao redor do Obelisco agitando bandeiras vermelhas e brancas sob chuva torrencial que, em seguida, dissipada, deu lugar a um arco-íris. Os torcedores ainda exaltaram o técnico Marcelo Gallardo, um dos maiores ídolos da história do River Plate. E também houve insultos ao presidente da Argentina, Mauricio Macri, que dirigiu o Boca durante mais de uma década, antes de se lançar na vida política. "Parabéns ao River e a todos os seus torcedores pela vitória neste jogo histórico. Nós do Boca sabemos que o futebol sempre permite a revanche", escreveu o presidente do país em seu perfil no Twitter.  Outras centenas de torcedores gritavam "dá-lhe campeão, dá-lhe campeão" em frente ao Monumental de Núñez, onde deveria ter sido disputada a final, mas a Conmebol a retirou de lá como punição ao River após o ataque de um grupo de torcedores ao ônibus que levava os jogadores do Boca Juniors para a disputa da finalíssima, inicialmente marcada para 24 de novembro. Além disso, se ouviram buzinaços de carros e motocicletas nas ruas de Buenos Aires. E a festa dos torcedores também ocorreu em diversas cidades da Argentina. 

No sul de Buenos Aires, havia desolação. Muitos torcedores do Boca viram o encontro nos arredores do estádio La Bombonera, onde em 11 de novembro as equipes empataram por 2x2 no jogo de ida da final. Choraram de alegria pelo gol de Darío Benedetto que deu ao Boca a vantagem provisória no primeiro tempo e acabaram desconsolados em frente à imagem do capitão do River, Leonardo Ponzio, levantando a Libertadores após o triunfo por 3x1, definido na prorrogação.  Vários culparam o técnico Guillermo Barros Schelotto pelas substituições e outros simplesmente saíram com a cabeça baixa ansiando por uma vingança, mas em solo argentino.