Festa Literária de Uauá será transmitida pelo YouTube

Segunda edição da Fliu começa quinta (21) com nomes como Marcelino Freire, Elisa Lucinda e Xico Sá

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  • Laura Fernades

Publicado em 19 de janeiro de 2021 às 07:04

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Divulgação

Descentralizar a literatura ficou ainda mais fácil com o auxílio da tecnologia e, por conta disso, a Festa Literária de Uauá (Fliu) vai reunir convidados de todo o Brasil em um só lugar: a internet. Realizado no formato 100% virtual, o evento gratuito inicia sua segunda edição na quinta-feira (21), às 19h, com entradas ao vivo da cidade de Uauá (a 428km de Salvador) e transmissão pelo YouTube.

São quatro dias de programação com convidados  como Xico Sá, Marcelino Freire, Bráulio Bessa, Elisa Lucinda, Capinam e Roberto Mendes. Uma homenagem ao professor Jorge Portugal, que faleceu em 2020, marca esta edição do evento que foi contemplado pela Lei Aldir Blanc e tem curadoria do poeta, cantador e cordelista Maviael Melo.

“Fazer a Fliu esse ano foi um desafio bem grande. Queria falar do susto que é trabalhar com a coisa do virtual, porque é no campo da prática presencial que a gente está acostumado. A gente sabe que o convidado está no hotel, que tem o carro para levar ele... No campo virtual, não sei se a internet vai funcionar”, ri Maviael, 50 anos.

Por outro lado, o curador destaca que um dos principais ganhos do evento gratuito e virtual é a possibilidade de dar acesso às pessoas, principalmente as que estão no interior e talvez não tivessem condições de acompanhar um encontro presencial. “A gente vai ter gente de vários cantos do Brasil no mesmo espaço: Minas, Rio, São Paulo, Paraíba... É uma experiência legal”, comemora.

Homenagem A abertura de quinta-feira conta com exibições de vídeos Fliu 2019 e uma mesa com Capinam e Roberto Mendes cujo tema é Jorge Portugal do Brasil. A ideia é homenagear Jorge Portugal “pelo grande educador, músico e poeta que foi”, destaca Maviael. À noite, Roberto Mendes se junta a Raimundo Sodré para apresentar um show com músicas eternizadas por esses parceiros musicais do homenageado.

“Vou cantar como se tivesse Jorge estivesse ali. Ele não morreu, tenho um pouco dele. Portugal vai estar lá”, garante Roberto Mendes, 68 anos, sobre o amigo com quem tinha 45 anos de parceria. Emocionado, ao telefone, Roberto lembra que Jorge foi muito importante em sua trajetória, a começar pelo fato de que foi ele quem “destruiu” seu pensamento racional e matemático.

“Perdi meu pai aos 13 anos e pra mim era difícil conviver com a presença da ausência. Isso me levou para a matemática, porque eu pensava que através de uma equação conseguisse resolver essa dor. Foi um engano total. Então fui pra música. Quando encontro Jorge, muda tudo, porque eu não tinha muita compreensão da palavra poética e ele trouxe isso. Jorge Portugal é um inventor, um criador”, elogia.

No dia seguinte à abertura, a programação começa às 9h30, com a apresentação do artista Nilton Freitas. Às 10h, é a vez da criançada curtir a Galeota do São Francisco e, às 14h30, quem entra em cena é o poeta cearense Bráulio Bessa, que leva para a Fliu a palestra Poesia com Rapadura.

Ainda na sexta, às 16h, Ésio Rafael media a mesa Tempo, Espaço e a Literatura Online, com os escritores Xico Sá e Marcelino Freire. A última mesa da noite, às 19h40, é sobre Lugar de Fala – Mulheres, Palavras e Pandemia, com Elisa Lucinda e Luna Vitrolira. Quem encerra a programação do dia é a cantora Aiace.

A mesa EDU Cordel – Encontro de Educação e Cordel marca a programação do sábado, às 10h, com Antonio Barreto, Auritha Tabajara e Elton Magalhães. A mediação é de Maviael Melo. Às 14h30, acontecerá a mesa Política e Literaturas com Elika Takimoto e Cida Pedrosa e, às 19h30, será a vez da mesa Versos e Vozes Femininas, com Isabelly Moreira, Erika Pók e Clarissa Macedo. Outro destaque do sábado são os shows do grupo pernambucano Em Canto e do  Poesia e o Poeta Cantador Flávio Leandro apresentam shows. 

O domingo será destinado ao lançamento de livros com um bate-papo entre Maviael Melo e Emmanuel Mirdad, idealizador da Festa Literária de Cachoeira (Flica), que vão falar sobre os livros Oroboró Baobá e O Espelho dos Girassóis. A programação terá, ainda, apresentação da Editora Clae sobre a produção literária do Vale do São Francisco, com o poeta, editor e produtor juazeirense João Gilberto. O encerramento acontece com show de Xangai e João Omar.

“Todas as mesas vão falar sobre a reinvenção de fazer movimentos literários, por conta da pandemia. Acho que é isso que a gente quer, trazer artistas que têm compromisso de falar da importância da arte nao só como entretenimento, mas como ferramenta de cutucar, de falar, em um contexto de tanta falta de amor. É papel da arte politizar também”, defende Maviael.

O curador deseja que, a partir da quinta as pessoas possam “comungar durante esses quatro dias de literatura, de música, de construção de cidadania, pensamento e política” e que possam “imaginar o que a gente vai ser pós-pandemia”. "Cada mesa tem um objetivo, de construir mais leitores e uma sociedade que possa ser mais justa através da arte. As festas literárias têm esse papel", defende.