Festival Varilux de cinema traz produções francesas premiadas a Salvador

Entre os destaques, está O Acontecimento, melhor filme em Veneza

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  • Roberto Midlej

Publicado em 23 de junho de 2022 às 06:00

- Atualizado há 10 meses

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Você é do tipo que prefere o ar condicionado de uma sala de cinema ao calor de uma fogueira das festas juninas? Então, se prepare, porque começa nesta quinta (24) mais uma edição do Festival Varilux de Cinema Francês. Mas, se você vai dar aquela escapada para curtir o São João, não se preocupe, porque a programação fica até 6 de julho. E a Sala Walter da Silveira, que reabriu há uma semana, também exibirá parte da programação nos dias 7, 8 e 9 de julho.

Até o final deste mês, a maioria dos filmes estará no circuito Saladearte - nas salas do Museu Geológico e do Shopping  Paseo - e também no Metha Glauber Rocha, na Praça Castro Alves. Os dois circuitos funcionam nestes próximos dias, apesar do São João.

O festival, que chega à 13ª edição, mantém a receita das realizações passadas: uma mescla de filmes contemporâneos franceses dos mais diversos gêneros com um pequeno cardápio de filmes antigos. Neste ano, são 17 produções contemporâneas, além de um longa em homenagem aos 400 anos de nascimento do dramaturgo Moliére, e uma comédia de 1982, Papai Noel é um Picareta.

Entre os destaques da produção francesa atual, está o drama Peter Von Kant, de François Ozon, cineasta de 55 anos que pela oitava vez tem um filme selecionado para a programação e é hoje um dos realizadores mais importantes do cinema francês, já tendo sido indicado seis vezes ao César, considerado o Oscar de seu país, embora nunca o tenha vencido. Em Cannes, quatro filmes dele já foram indicados à Palma de Ouro, mas também nunca conseguiu o prêmio máximo.

Peter Von Kant abriu o Festival de Berlim em fevereiro e concorreu ao Urso de Ouro. Perdeu para Alcarrás, da espanhola Carla Simon. Baseado em As Lágrimas Amargas de Petra Von Kant, obra-prima do alemão Rainer Werner Fassbinder, o novo longa troca a personagem Petra por Peter, que se envolve amorosamente com o jovem Amir. Esta é a volta de Ozon à temática LGBTQIA+.

Louis Garrel, que despontou para o mundo como ator em Os Sonhadores (2003), se arriscou como diretor em 2015 pela primeira vez, com Dois Amigos. Esta edição do Varilux traz o quarto longa dele, a comédia Um Pequeno Grande Plano, que conta a história de um casal que descobre que o filho Joseph de 13 anos vendendo seus bens mais valiosos para financiar um projeto ecológico na África. Logo, os pais descobrem que não é só Joseph, mas centenas de meninos estão fazendo o mesmo em diversos cantos do mundo com a intenção de salvar o planeta.

Diversidade A programação tem ainda comédias dramáticas, suspenses e uma aventura indicada para ver em família, King - Meu Melhor Amigo. Christian Boudier, um dos diretores e curadores do festival, celebra o ecletismo da mostra: "Estamos sempre atentos para trazer para o festival obras de qualidade e com diversidade de temas. Sabemos que o público quer rever seus atores e diretores preferidos, mas também conhecer as novas revelações".

Emmanuelle Boudier, outra curadora e diretora do Varilux, diz que a pandemia fez as pessoas se acostumarem a ver filmes no conforto de casa, mas ela ainda defende a experiência da sala de cinema: "Os filmes de cinema foram feitos para a tela grande. Além disso, na sala, tem a experiência coletiva, de rir junto, chorar junto... e isso o streaming não traz".

As Aventuras de Moliére (2007) será exibido no cinema em homenagem aos 400 anos de nascimento do dramaturgo. O filme mostra o autor aos 22 anos, quando ele está endividado e perseguido por oficiais de justiça. Para se livrar dos débitos, escreve tragédias, que são reconhecidamente ruins. Vale lembrar que ele se consagrou por suas comédias satíricas. Mas por que a homenagem a um nome do teatro em um festival de cinema? "Moliére inspirou todos os franceses. A maneira como ele descreveu os personagens da época é igual aos de hoje. A sociedade mudou, mas a maneira como as pessoas se comportam é a mesma. Então, todo francês na escola estudou Moliére", justifica Emannuelle.

Mas o streaming não é inimigo do Festival, tanto que as séries, formato consagrado nas plataformas, também estão na programação, mas apenas nas edições de São Paulo e Rio. No entanto, em julho, estará disponível no site do Varilux, gratuitamente, a primeira temporada dessas produções. Entre os títulos, estão o thriller Jogos de Poder e o drama O Que Pauline Não Diz.

Cláudio Marques, sócio do Cine Metha Glauber Rocha, que vai exibir a programação do Festival, fala da importância do evento: "Todo ano tem o Festival Varilux. Isso vem se mantendo e é motivo de muito contentamento. Com o Varilux, há a chance de conhecermos um pouco mais de uma outra cinematografia em suas diversas camadas. Faz parte da missão do Cine Metha Glauber Rocha oferecer essa diversidade ao público baiano! Espero ver as salas cheias de pessoas ávidas pela cultura."

Festival Varilux de Cinema Francês

Quinta -feira (23) até 9 de julho, na Sala Walter da Silveira, Saladearte Paseo, Saladearte do Museu e Metha Glauber RochaProgramação Completa