Festival Virada Salvador anuncia 19 novas atrações; confira

Artistas baianos independentes ganham espaço no Festival Virada

  • Foto do(a) author(a) Gabriel Amorim
  • Gabriel Amorim

Publicado em 27 de dezembro de 2019 às 06:00

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Divulgação

Natal passou. Agora, todas as atenções estão voltadas para os últimos dias de 2019. Quem vai ficar na cidade, já pode começar a se despedir a partir do próximo sábado, 28, quando começam as mais de 70 horas de música do Festival Virada Salvador. Se para o público a festa já é um ótimo jeito de terminar o ano, existem alguns baianos para os quais esse momento será ainda mais marcante e especial. É que nesta edição, o Festival Virada incluiu na programação 'pocket shows' onde apenas artistas baianos farão apresentações nos intervalos das atrações principais.  

O novo projeto, batizado de Pocket Virada, dará espaço para que artistas de diversos estilos se apresentem na meia hora em que o palco estiver sendo preparado para a próxima atração principal. Com a novidade, outros 19 artistas foram incluídos na grade de atrações da festa. No total, serão 49 apresentações em todo festival, que acontece de 28 de dezembro a 01 de janeiro de 2020, na Arena Daniela Mercury na orla da Boca do Rio. Com exclusividade, o CORREIO teve acesso à grade completa (veja abaixo) e conversou com alguns dos artistas que vão subir no mesmo palco que nomes já consagrados como Ivete Sangalo, Anitta e Iza.

Conhecido como Ubunto, o DJ baiano João Gabriel, 24, será o primeiro a subir no palco para um pocket show. A apresentação dele acontece entre as de Iza e de Claúdia Leiitte, os dois primeiros grandes shows da programação. Tocando como Ubunto há seis anos, o artista se mudou para São Paulo, em 2014, buscando se consolidar na cena da música eletrônica, e agora fará sua primeira apresentação em um festival de sua terra natal.  DJ Ubunto é o primeiro a se apresentar nos pockets shows (Foto: Divulgação/Gabriel Cabral) “É um prazer imenso me apresentar para um público tão grande, que talvez eu nem tenha ideia ainda, um público de várias gerações. Vou tentar fazer nessa meia hora uma síntese do meu trabalho. Estou bem ansioso”, conta o artista, que trabalha levando ritmos baianos, como ijexá e samba reggae, para a música eletrônica. No show do Festival, o DJ diz que vai improvisar para mostrar um resumo do seu trabalho, mas garante novidades: “Quero tentar essa chance aqui em Salvador, tocando o que sei que são músicas certeiras aqui e que vão bater bem depois do show da Iza, mas também peparar o terreno para a Claudia Leitte, com toda baianidade”, conta. 

Sem parar 

Uma das novidades do evento neste ano, os pockets shows vem para vencer um desafio: zerar os intervalos no palco do Festival. “Todo ano a gente procura incluir uma nova dinâmica. Esse ano, a ideia é que a gente tenha música sem parar, que desde o primeiro acorde dado na Arena Daniela Mercury, a música não pare”, explica Isaac Edington, presidente da Empresa Salvador Turismo (Saltur), responsável pelo festival.

Para escolher os artistas que farão parte do projeto, Isaac conta que foi feita uma curadoria que levou em conta os mesmos parâmetros usados para os shows principais e buscou montar uma programação diversificada. “Quando a gente fala de mudança de palco para grandes atrações, por mais que tenha um aparato técnico, existe uma demora que varia de 20 a 30 minutos.  A gente resolveu transformar isso numa oportunidade de trazer novos talentos, dar espaço a quem tá fazendo som e sucesso em vários pontos de Salvador”, detalha.

Os artistas, que se apresentarão para os mais de 500 mil baianos e turistas esperados nos cinco dias de festa, aplaudem a iniciativa. “Esses pockets são extremamentes necessários não só para os artistas, mas para a cena daqui, para que os contratantes e o público passem a valorizar mais a gente. A gente tem a prefeitura validando, dizendo que nosso som é legal e que a gente pode sim estar misturando diversas sonoridades, num festival público, aberto. É o maior presente que a cidade pode receber”, acredita Ubunto. 

Grande passo  

Se para o DJ que inaugura o projeto já são anos tocando, os pockets darão espaço, também, para projetos recentes, nascidos ainda em 2019. É o caso do LED, reunião de três artistas baianos que foi oficializada apenas esse ano. “É algo surreal estar nesse palco da Virada, a gente sabe a dificuldade que é ser artista independente na Bahia, no Brasil, e quando seu som é um pouco diferente, as oportunidades são menores ainda. Então ter uma oportunidade como essa é muito significativo porque faz tudo valer e ainda divulga muito o nosso trabalho”, opina Dellima, um dos componentes do trio.  Formado por três baianos, o LED se juntou em 2019 (Foto: Divulgação/Gabriel de Miranda) Juntos oficialmente desde o ínicio do ano, o LED, formado pelos artistas LIA, Eva Bukowski e pelo próprio Dellima, se apresentará no segundo dia do evento, no domingo (29), logo antes do show da cantora Anitta. Dellima conta que o grupo nasceu justamente da dificuldade dos artistas em se divulgar. “A gente vinha tendo muitas dificuldades de divulgar o nosso trabalho e rodar pela cidade. Então pensamos em juntar os três porque dessa forma a gente geraria um alcance maior, juntando nossos públicos”, explica. A ideia deu tão certo, que o grupo acabou parando no palco da maior festa de Réveillon do país.

“Agora vamos estar juntos num festival que reúne um público baiano. Isso não é só uma conquista para nós como artistas, mas também pro público que vai ter oportunidade de contato com artistas que são daqui, que estão perto, que como eles conhecem a Bahia. Esse fortalecimento da cena baiana é muito necessário. É algo que deixa a gente muito feliz”, comemora Dellima.

Assim como o LED, outro grupo que reuniu artistas solo que se juntaram neste ano é o Ylaa, responsável pelo último pocket show, que antecede o show do cantor Saulo, artista que encerra o festival, já no primeiro dia de 2020. O Ylaa é formado pelas cantoras Gabi Ferreira, Brena Gonçalves e Vanessa Borges. Apesar de ser um grupo novo, suas componentes são conhecidas do público, já que as três cantoras participaram do programa The Voice Brasil, da Globo. 

“Estar no palco do Festival Virada é um marco na história do grupo e das próprias artistas individualmente. É um festival que vai reunir gente de toda cidade e de outros lugares também para nos ver. Acredito que além da visibilidade, é uma troca de energia e de música muito forte, de cantar para a nossa galera de Salvador e no mesmo palco que outros artistas tão importantes e especiais para o cenário da música baiana”, opina Brenda Gonçalves, que participou do programa em sua 5ª temporada, em 2016.

Vitrine

Para quem está dando os primeiros passos a chance no Virada foi realmente uma surpresa. A cantora Nêssa, por exemplo, ainda está sem acreditar. “É muito louco, ainda está caindo a minha ficha. É o maior festival que eu já participei. Um passo muito importante na minha carreira, que começou há dois anos apenas”, explica.

Nêssa participa do primeiro dia do evento e se apresenta antes do cantor Bell. “É uma vitrine para nós. Sem falar na importância que é trazer essa representatividade. Muitos amigos meus da música estarão nessa grade e fico muito feliz em saber disso”, elogia. A cantora Nêssa começou a carreia há dois anos (Foto: Divulgaação)  Vindo logo antes de um nome de peso do axé, Nêssa resolveu preparar um show especial que contará, inclusive, com participações especiais. “Vou fazer uma mistura das minhas músicas autorais com versões de canções conhecidas nacionalmente. Por exemplo, terei um bloco de pagode, onde cantarei Abaixa Que é Tiro (sucesso do Parangolé) e Nem Tchum (hit nas vozes de Maiara e Maraísa). Além disso, vou tocar o pop baiano, uma mistura do pop com regionalidades como o próprio pagodão, brega e funk, por exemplo. Terei dançarinos, DJs e ainda a participação de Nininha Problemática [drag queen soteropolitana] na música Que Calor”, detalha ela

Já a cantora Aiace participa do projeto já no primeiro dia do novo ano, entre Daniela Mercury e Olodum. “Cantar em casa tem sempre um sabor, uma energia especial. Porque eu estou cantando para pessoas que compartilham a mesma linguagem que eu. Então há uma identificação que acho que é imediata com o que se diz, com a forma com o que se diz, com a música que eu coloco para fora, que eu expresso. Para mim, que em 2019 fiz muitos shows fora do estado, será muito especial iniciar este 2020 recebendo essa energia de casa”, comemora.

PROGRAMAÇÃO DO FESTIVAL VIRADASALVADOR 2020:  

SÁBADO, 28.12 IZA  UBUNTO (POCKET VIRADA) CLAUDIA LEITTE OLD BOYS (POCKET VIRADA) VINTAGE CULTURE NESSA (POCKET VIRADA) BELL YAN (POCKET VIRADA) MATHEUS E KAUN  LUCAS BAINCO (POCKET VIRADA) SAIA RODADA

DOMINGO, 29.12 DURVAL LÉLYS  DJ LEANDRO VITROLA(POCKET VIRADA) PARALAMAS  LED (POCKET VIRADA) ANITTA DJ GIULLIA CIOTTI (POCKET VIRADA) LUAN MR ARMENG (POCKET VIRADA) SIMONE E SIMARIA 

SEGUNDA, 30.12 IGOR KANNARIO FITDANCE (POCKET VIRADA) HARMONIA AVINHO (POCKET VIRADA) ALOK FITDANCE (POCKET VIRADA) GUSTTAVO LIMA DJ RAIZ (POCKET VIRADA) WESLEY  FITDANCE (POCKET VIRADA) PSIRICO

TERÇA, 31.12 DUAS MEDIDAS OLD BOYS (POCKET VIRADA) DENNIS DJ MANIGGA (POCKET VIRADA) LÉO SANTANA DAKAZA (POCKET VIRADA) IVETE SANGALO (Comanda a virada do ano novo) FILHOS DE GANDHY (Participação) DJ MIRTYS SPENCER (POCKET VIRADA) JORGE E MATHEUS DJ SANTZ (POCKET VIRADA) XAND AVIÃO

QUARTA, 01.01 DANNIEL VIEIRA  CRONISTA DO MORRO (POCKET VIRADA) ILÊ AYIÊ TELEFUNKSOUL (POCKET VIRADA) DANIELA MERCURY AIACE (POCKET VIRADA) OLODUM YLAA (POCKET VIRADA) SAULO

*Com orientação do chefe de reportagem Jorge Gauthier