'Ficamos rezando para Deus nos salvar', diz turista que estava em catamarã atingido por baleia

Viagem que dura cerca de 2 horas foi feita em quatro; motor quebrou.

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  • Da Redação

Publicado em 11 de setembro de 2017 às 13:40

- Atualizado há um ano

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Passageiros que estavam no catamarã atingido por uma baleia na manhã desta segunda-feira (11) , na Ilha de Caixa Pregos, chegaram por volta das 13h no Terminal Náutico de Salvador, duas horas depois da previsão. A embarcação estava com uma velocidade média de 15 a 16 nós, que equivale a 30 quilometros por hora. Após o acidente, um dos motores da embarcação Farol do Morro parou de funcionar. 

Turista de Fortaleza (CE), Lidiane Veríssimo, 30 anos, relata que teve medo durante a travessia."Foi um sufoco, muita agonia, mas deu tudo certo. A baleia bateu duas vezes no barco. Os marinheiros ficaram desesperados. Todo mundo começou a pegar os coletes e ficou tirando água o tempo todo. Se não fossem os dois marinheiros poderia ter afundado. Foi muito choque. Foi Deus. Ficamos todos rezando e pedindo a deus para nos salvar. Estou muito nervosa ainda", relata Lidiane que estava em Morro de São Paulo com o namorado.A localidade de Morro de São Paulo fica na Ilha de Tinharé, que pertence ao município de Cairu, Baixo-sul do estado. 

Ana Maria Gonçalves, turista de São Paulo, conta que já estava se sentindo mal durante a viagem, antes da baleia atingir o catamarã. "Eu já estava nervosa porque normalmente as pessoas passam mal na volta de Morro de São Paulo para Salvador por conta da maré que bate de frente. Depois que a baleia bateu, as pessoas começaram a botar os coletes desesperadas. A viagem durou quatro horas. Foi muito tenso mas logo que o socorro chegou as coisas ficaram mais calmas". 

Piloto do catamarã, Márcio Alexandre afirmou que a tripulação precisou de agilidade para evitar um problema maior. "Amassou a hélice, o eixo e ficamos com um motor só. À medida que a gente viu que a água estava subindo muito, descemos com balde, abrindo janelas para tirar a água. O pessoal ficou mais na expectativa por conta do acidente que teve em Mar Grande. Fizemos o procedimento certo. Colocamos o colete em todo mundo. Pedimos apoio. Veio a lancha de uma empresa para dar suporte também e isso tranquilizou os passageiros", relata. De acordo com ele, dois buracos foram abertos na embarcação após a colisão. 

O piloto diz que a baleia chocou duas vezes contra a embarcação.

"Era uma baleia grande.Quem está acostumado a fazer esse tipo de viagem sabe que tem baleias no percurso. Eu trabalho nessa linha há 20 anos. Como hoje, eu nunca vi tantas baleias. Toda hora passava uma baleia. A visibilidade não era boa. Quando bateu teve gente que chegou a cair e tudo. Fiquei mais ou menos duras horas tirando água de dentro do barco". 

Época de baleia De julho a novembro, é normal que baleias da Antártida venham para o litoral brasileiro. É o que diz o coordenador de pesquisa do Projeto Baleia Jubart, Milton Marcondes. Segundo ele, o mamífero aproveita as águas quentes para acasalar e amamentar os filhotes. "Ainda não sabemos se a baleia envolvida no acidente é Jubart, mas existem muitas possibilidades, pois elas [baleias] estão aqui durante essa época do ano, disse. 

Para se ter ideia, só esse ano o Projeto já registrou 85 encalhes de baleia-jubarte na costa brasileira, sendo 33 na Bahia. O último encalhe registrado é o da Praia de Ondina, em Salvador. 

De acordo com o Projeto, cerca de 17 mil baleias estavam no Brasil em 2015. Estima-se que o reprodução do animal aumenta de 10 a 12% anualmente. "Antigamente, o nosso medo era que a baleia-jubarte entrasse em extinção, mas a população vem se recuperando da caça. Hoje, a nossa preocupação é saber como vai ser a convivência desses mamíferos com o ser humano", afirmou o coordenador.

Além do risco de colisão com grandes embarcações ou barcos de alta velocidade, as baleias passam pelo estresse da poluição sonora e também podem ficar presas nas redes dos pescadores. Para Milton, existem soluções para evitar o encontro das baleias com as embarcações.  A primeira é determinar os trechos por onde os animais passam. "É preciso saber os pontos mais críticos da travessia para diminuir a velocidade dos barcos", recomenda. A embarcação envolvida no acidente, Farol do Morro, é considerada um barco rápido. "A baleia não consegue saber de onde vem a embarcação. O animal só consegue saber quando escuta o algum tipo de barulho", completa o pesquisador. 

A segunda solução é que cada embarcação tenha uma pessoa  para observar a presença dos animais nos entornos dos barcos. "O observador vai  treinar equipe de tripulação para esse tipo de situação", completa.