Figurinhas, Copa e tradição

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  • Miro Palma

Publicado em 28 de março de 2018 às 05:00

- Atualizado há um ano

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O primeiro álbum que minha memória me permite lembrar de ter completado foi o do Campeonato Brasileiro de 1993. Nessa época, eu era um garoto no alto dos seus 7 anos encantado com o universo das figurinhas. No ano seguinte, passei para o segundo nível e completei o meu primeiro álbum da Copa do Mundo, o do torneio de 1994. Podemos até dizer que meu recém-descoberto hobby deu sorte à Seleção canarinho, não é mesmo?

Depois de um longo hiato adolescente, voltei a me dedicar aos cromos com o álbum da Copa do Mundo de 2010. Mas, com os meus já tão distantes 20 e poucos anos, reencontrei o velho hobby com outra postura. Além da vontade de preencher os espaços de cada página, eu tinha também a intenção de guardar comigo um registro da história do esporte. Nasceu aí o colecionador. Foram mais álbuns de Mundiais, de Copas das Confederações, um especial sobre as seleções brasileiras de todas as Copas e até comprei pela internet um exemplar – já completo – do Campeonato Brasileiro de 1988.

Este ano, com a iminência do próximo Mundial, eu já estava ansioso para conferir o álbum da Copa da Rússia. Logo que foi lançado, saí do jornal ao fim do expediente com meus colegas de trabalho e fomos direto a uma banca de revistas. Enfim, cada um estava com seu álbum e pacotes e mais pacotes de figurinhas em mãos e aquela satisfação de um garoto de 7 anos. Passei a noite e início da madrugada daquele dia num ritual de abrir pacotes, descolar o papel e colar os craques que vão dominar nossas atenções a partir de junho nas páginas do meu álbum.

Alguns dias depois, completei 32 anos e como presente de aniversário só havia um pedido: mais figurinhas, afinal, a crise chegou e o pacotinho já não custa alguns centavos como antigamente. Ganhei de minha esposa 120 pacotes. Lá se foi outra madrugada colando. Em seguida, mais alguns dias trocando, negociando aquela que faltava para completar uma seleção ou outra, colando novamente e por aí vai.

No final desta movimentada semana, encontrei com a nova “geração Panini”: meus sobrinhos. Fiquei surpreso ao saber que os dois – Miguel, 9 anos, e Lucas, 7 anos –, não muito aficionados por futebol, também estavam com seus álbuns a postos me esperando em casa para trocar os cromos. Mal cheguei e já sentamos para folhear as páginas e os bolos de figurinhas.

É claro que, sentado na cama ao lado de dois meninos com menos de 10 anos e um mar de adesivos, não escapei de comentários sobre o custo dessa recreação etc. Mas, quem pensa que isso é brincadeira de criança está muito enganado. De acordo com a Panini, empresa que produz os álbuns e os cromos, dos 92 países que têm acesso aos álbuns da Copa do Mundo, o Brasil é disparado o campeão de vendas. Com números – que a empresa não revela – duas vezes maior que o segundo colocado, a Alemanha, que levou o caneco no último Mundial. São mais de 1,2 bilhão de envelopes e 57 milhões de álbuns produzidos mundialmente. É um mercado enorme.

Porém, mais que um mercado, esses produtos são como uma máquina do tempo que conecta gerações. Desde os dois meninos empolgados ao encontrar um Cristiano Ronaldo no pacote até os marmanjos que transformaram a editoria de esporte em um ponto de troca. No fim das contas, temos todos 7 anos novamente.

Miro Palma é jornalista e escreve às quartas-feiras.