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Gerônimo, Ilê Aiyê, Gilberto Gil e Daniela Mercury são convidados da festa
Nilson Marinho
Publicado em 17 de fevereiro de 2019 às 20:10
- Atualizado há 10 meses
Gilberto Gil foi um dos convidados e homenageados do show de 70 anos (Foto: Mauro Akin Nassor/CORREIO) Há 70 anos, estivadores ganhavam as ruas de Salvador para o primeiro Carnaval - sem nenhuma pretensão de se criar um afoxé. Não imaginavam que ali estava o embrião do que mais tarde se tornaria os Filhos de Gandhy, um dos mais importantes blocos afros da cidade, capaz de arrastar, a cada dia de desfile, cerca de 4 mil homens que levam para avenida um tapete branco e um cheiro próprio.
No fim da tarde deste domingo (17), no Largo do Pelourinho, em frente à Fundação Jorge Amado, o grupo fez o último ensaio, antes de desfilar na folia deste ano. Um show gratuito festejou as sete décadas de história e fez o encerramento dos encontros que vinham sendo realizados a cada 15 domingos.
Um dos convidados do show, o cantor e compositor Gilberto Gil, resumiu bem o que se tornou o afoxé, quando foi ganhando corpo ao longo das décadas: quase que um estado de espírito. E é difícil para qualquer ‘Gandhy’ explicar o que se sente ao ouvir a corneta que anuncia a saída do grupo.“Filhos de Gandhy é coração, emoção, é a Bahia. Lembro-me que, aos sete anos, minha tia me trouxe para Salvador, no Carnaval. Vimos muitos blocos passar, mas o que eu o senti quando o Gandhy passou foi inexplicável. Eu disse para mim mesmo: ‘Um dia vou tá ali dentro’. Aqui estou”, contou Gil, que abriu a participação cantando 'Filhos de Gandhy'.Além de Gil, também participaram do ensaio Daniela Mercury, Gerônimo e o bloco Ilê Aiyê. O atual presidente do Gandhy, Gilsoney de Oliveira, disse que, este ano, o cordão sai em homenagem ao tempo. O mesmo que tornou o bloco um dos mais tradicionais da Bahia.
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“Filhos de Gandhy é um patrimônio imaterial da Bahia. Há 70 anos, um grupo de homens estivadores teve a coragem e a vontade de realizar esse enorme cordão que até hoje vem encantando”, disse o presidente.
Os mais antigos afirmam que o desfile vai além da festa momesca, das trocas de colares dos sócios mais novos. Se cobrir de toalhas brancas e azuis é levar uma mensagem de paz para o público que acompanha o desfile fora da corda ou na TV.
Antes, lembram os mais velhos, entrar no bloco custava. As regras se afrouxaram, mas o Gandhy nunca perdeu sua essência. “Sempre traz uma mensagem de paz. Uma das maiores entidades do mundo que prega a paz e não a violência. Isso é muito forte”, resumiu Aguinaldo Silva, 69, presidente durante oito gestões.
O Carnaval dos Filhos de GandhyDomingo, 3 de março Saída às 15h para o Circuito Osmar (Avenida) - Banda Show Filhos de Gandhy
Segunda-feira, 4 de março Saída às 15h30 para o Circuito Dodô (Barra-Ondina) - Banda Show Filhos de Gandhy
Terça-feira, 5 de março Saída às 15h para o Circuito Osmar (Avenida) - Banda Show Filhos de Gandhy
*Com supervisão do chefe de reportagem Jorge Gauthier