Filme Legalize Já celebra música e amizade de Marcelo D2 com Skunk

Longa dirigido por Johnny Araújo mostra como a relação entre os músicos deu origem ao Planet Hemp

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  • Roberto Midlej

Publicado em 18 de outubro de 2018 às 06:00

- Atualizado há um ano

. Crédito: divulgação

Nos anos 90, uma das bandas mais populares do Brasil era a Planet Hemp, que estourou com sucessos de álbuns como Usuário (1995) e Os Cães Ladram, Mas a Caravana Não Para (1996). Os integrantes originais eram Marcelo D2, Rafael Crespo, BNegão, Formigão e Bacalhau.  Mas, antes de o grupo lançar comercialmente seu primeiro disco, havia um outro membro que, se não houvesse conhecido D2, provavelmente jamais  a banda seria criada: Skunk. 

E o filme Legalize Já - A Amizade Nunca Morre vai até o início dos anos 90, para contar a história desse integrante desconhecido, a quem Marcelo se refere em algumas entrevistas. “O sonho [da banda] era do Skunk  e eu vivo isso que ele deixou no meu colo. O principal que o Planet queria no começo eram as mudanças sociais, e acho que a gente ajudou nisso. Nesses momentos duros pós-ditadura, acho que ajudamos um pouco mais a democracia e a liberdade de expressão. Puxamos esse limite e abrimos uma discussão. Mas o sonho do Skunk era tocar o terror e isso que a gente fez”, lembra Marcelo D2.

No papel de Skunk está Ícaro Silva, que foi Jair Rodrigues no filme Elis. Renato Góes, que viveu Santos dos Anjos na fase jovem de Velho Chico, interpreta Marcelo D2. A direção é de Johnny Araújo e Gustavo Bonafé. Juntos, dirigiram Chocante (2017), sobre ex-integrantes de uma boyband que tentavam retomar a carreira em dias atuais.

Mas vale um alerta: Legalize Já, apesar do título fazer referência a um dos grandes sucessos do grupo, não é exatamente um filme sobre a Planet Hemp. É muito mais uma celebração à amizade e também à liberdade de expressão, já que D2 e os colegas enfrentaram tabus, falando sobre temas como a liberação da maconha num país que apenas dez anos antes ainda vivia sob a ditadura.

Johnny conhece bem o universo musical brasileiro dos anos 90 e 2000, pois dirigiu clipes de bandas paulistas de rap e da Charlie Brown Jr. Trabalhou também com D2, quando o vocalista da Planet Hemp partiu para a carreira solo. “Depois de dirigir clipes de Marcelo, acabamos ficando amigos. Um dia, em 2005, saímos pra tomar uma cerveja e ele disse: ‘o Skunk foi um anjo que passou em minha vida’. Eu ouvia falar do Skunk só em entrevistas de Marcelo, mas naquela noite ele desandou a contar tudo sobre a amizade entre eles dois e a história me emocionou”, lembra Johnny.

“O filme é sobre amor, amizade e sobre aqueles dois moleques que eram invisíveis para a sociedade. Imagina o cenário: um país quebrado, nos anos 80/90 e esse caras se juntam para acreditarem num sonho. Foi o Skunk que acreditou que Marcelo poderia fazer aquele sonho dar certo”, acrescenta Johnny.

Skunk, que morreu em decorrência de HIV em 1994, antes de a banda se tornar popular, cumpria no grupo o papel que mais tarde seria de BNegão, como letrista e vocalista da banda.

A química entre os protagonistas Renato e Ícaro é talvez a maior virtude do filme, que conta muita bem uma bela história de amizade. E é uma ótima chance de conhecer Skunk, uma figura que, mesmo sabendo que o fim de sua vida se aproximava, não desistiu de deixar um legado para a música brasileira.

Ouça a música Legalize Já

Horários de exibição

UCI Orient Shopping da Bahia Sala 12: 14h, 18h10, 20h20  Saladearte Cinema da Ufba  13h20  Cinépolis Bela Vista  Sala 7: 15h40, 18h, 20h20

Cotação Bom