Filme Oito Mulheres e um Segredo exibe força da união feminina

Trama faz saudações à sororidade e reúne nomes de peso como Sandra Bullock, Anne Hathaway e Rihanna

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  • Vanessa Brunt

Publicado em 7 de junho de 2018 às 06:40

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Divulgação

A ex-presidiária Debbie Ocean (Sandra Bullock) planeja executar o assalto do século em pleno Met Gala, evento nova-iorquino de moda que reúne celebridades internacionais. Para isso, a moça, que acaba de sair da cadeia por uma série de roubos, percebe que precisa contar com uma equipe competente e que reúna diferentes talentos.“Não quero um ‘ele’, ‘eles’ chamam muito a atenção. Quero só ‘elas’, porque elas são invisíveis quando o assunto é esse”, a fala irônica, que denuncia a falta de crença social no poder feminino para assuntos profissionais, é apenas um dos momentos sutis em que Sandra Bullock -  protagonista e também produtora executiva da obra - inicia as entrelinhas críticas de Oito Mulheres e um Segredo. Para realizar o 'plano perfeito', além da parceira Lou (Cate Blanchett), Debbie vai à caça de mais cinco mulheres, que vão trazendo à tona um elenco chamativo para a trama. A hacker Nine Ball (Rihanna) vai contar, ainda, com Amita (Mindy Kaling), Constance (Awkwafina), Rose (Helena Bonham Carter) e Tammy (Sarah Paulson) para a tentativa de roubar um colar de 125 milhões de dólares, que estará no pescoço da modelo e influencer Daphne Kluger (Anne Hathaway). Juntas, elas dão um show de trabalho em equipe. No longa feminista, não há confusões ou brigas entre as personagens, como ocorria costumeiramente em tramas que apresentavam, até pouco tempo atrás, o que seria a junção de mulheres misturando ideias e ideais. Assim, a obra contempla o que é a base da sororidade, termo atrelado ao feminismo que aborda a união entre mulheres, baseado na empatia e companheirismo, em busca de alcançar objetivos em comum (avesso à ideia de que elas devem, automaticamente, captar umas às outras como rivais). Confira o trailer do filme: Apesar de parecer extremamente literal, é nas analogias implícitas que o filme ganha certa profundidade.“Lembrem-se: não estamos fazendo isso apenas por nós. Em algum canto, existe uma menina de 8 anos deitada na cama, agora mesmo, sonhando com o dia em que ela poderá ser uma grande criminosa. Isso é, principalmente, por ela”, declara a personagem de Bullock enquanto se olha no espelho.A cena, quase poética, acaba utilizando o crime como metáfora para tudo aquilo que uma mulher deseja fazer e que parte da sociedade observa como “errado” ou até “impossível”. Assim, para aqueles que desejem uma visão mais reflexiva, é possível tê-la ao visualizar toda a trama como uma crítica representativa – entendendo, portanto, todo o roubo como essa grande analogia social.“Para uma menina de 8 anos, nós não estamos dizendo para seguir uma carreira no crime. Nós estamos falando: 'vá fazer o que você deseja'. E 'existe espaço para você’”, afirma Anne Hathaway. CLICHÊS Apesar das mensagens que podem ser extraídas por aqueles que transformarem a trama em uma poesia imagética, o filme é de poucas surpresas. Sem momentos de clímax, a obra previsível consegue prender a atenção até o final graças às impecáveis atuações. Rihanna faz papel de destaque e mostra que pode conquistar um lugar mais que temporário nas telonas (Foto: Divulgação) Bullock encarando uma seriedade tão arrematadora quanto sedutora, Hathaway utilizando uma cara de boba com o intuito de um sarcasmo final e Rihanna mostrando que pode conquistar seu lugar também fora dos palcos, são alguns dos presentes que acabam por ganhar o espectador que percebe a fragilidade do roteiro. BRILHOS Para quem é ligado em estilo, as presenças rápidas de modelos, estilistas e outros grandes nomes do segmento podem ser os reais motivos para encher os olhos. Os brilhos intensos das joias e das imagens fashionistas chegam a tapear perante o ritmo linear quase cansativo. “Queríamos honrar toda a tradição de filmes de grandes roubos, fazer algo suave”, diz Olivia Milch, corroteirista do longa. “Mas sabemos que as mulheres podem ter muitas nuances”, conclui. E, nesse sentido, Oito Mulheres e um Segredo, que consegue fazer algumas boas referências ao filme do qual é spin-off, chega perto de ser entendido como uma mistura do glamour de Sex and the City com as aventuras de James Bond – não fosse pela incapacidade de causar frio na barriga. "Cada roupa fala um pouco sobre o que cada uma deseja passar", diz Cate Blanchett, uma das atrizes da gangue. "Tudo está nos detalhes", concorda o diretor do filme, Gary Ross (mesmo de Jogos Vorazes), referindo-se ao poder da moda de representar as personalidades das protagonistas.Cotação: Regular*Texto de Vanessa Brunt (@vanessabrunt) com orientação da editora Ana Cristina Pereira