FilteBahia começa neste sábado e reúne 15 espetáculos teatrais

Festival Latino-Americano de Teatro da Bahia foca em montagens do Uruguai na sua 11ª edição

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  • Vanessa Brunt

Publicado em 1 de setembro de 2018 às 09:30

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Rafael Saes

A equidade, termo que manifesta senso de justiça, imparcialidade e respeito à igualdade de direitos, é o mote principal da 11ª edição do Festival Latino-Americano de Teatro da Bahia, mais conhecido como Filte, que começa hoje e prossegue até o próximo sábado. O projeto, que acontece em Salvador e em Ilhéus, coloca em cena, na capital baiana, 15 espetáculos de palco e de rua, além de ir da comédia ao drama. Cada apresentação fica, na maior parte dos casos, em cartaz durante dois dias, com ingressos a preços populares ou gratuitos.“É um tema (a equidade) conectado também ao respeito à diversidade cultural, que é um dos pontos principais do evento”, pontua o diretor de produção, Rafael Magalhães, 51 anos. “Aproveitando a atualidade das fronteiras fechadas aos imigrantes no mundo, o Filte se autodenomina sem fronteiras”, complementa o diretor artístico do Filte, Luis Alonso, 42 anos, cubano radicado em Salvador há 15 anos.Concebido e realizado pelo Coletivo Oco Teatro Laboratório, a nova edição do projeto taz artes cênicas da Bahia, Rio de janeiro, Rio Grande do Sul, Alagoas e, a partir desta edição, com o objetivo de conhecer mais de perto as produções dos países latino-americanos, dará início a uma coletânea de mostras centradas em um país de América Latina. O ator Luciano Mallmann passou a usar cadeira de rodas quando sofreu um acidente com acrobacia aérea de circo em 2004. Agora, ele traz suas lições de vida junto com outros relatos emocionantes no espetáculo Ícaro (Foto: Fernanda Chemale) O Uruguai foi o país escolhido para ganhar destaque junto à lista de produções brasileiras. Na programação do Filte, está inclusa a Mostra de Teatro Uruguaio com quatro espetáculos, acompanhados de leituras dramáticas dos textos que serão encenados. Além das peças teatrais, a iniciativa ainda inclui debates sobre dramaturgia uruguaia, venda de livros de dramaturgia, mesa discussão sobre o papel da mulher no teatro uruguaio e sobre gestão e produção em artes cênicas e cultura no país. “Ao fazermos a curadoria no Uruguai, percebemos que esses temas sobre respeito e direitos mais igualitários estavam muito em pauta nas artes contemporâneas do local. Foi o que nos guiou para todo o resto”, pontua Rafael Magalhães.“São temas bem diferentes (em cada espetáculo), mas todos, de alguma forma, abordam a importância da acessibilidade para todos. Temos, inclusive, um espetáculo feito apenas com visões de mundo dos cadeirantes”, relata Luis Alonso, indicando o espetáculo Ícaro, do Rio Grande do Sul, que traz temas como relacionamentos entre pais e filhos, relações amorosas, suicídio, preconceito e maternidade – através de depoimentos reais, incluindo o do ator Luciano Mallmann, que passou a usar cadeira de rodas quando sofreu um acidente com acrobacia aérea de circo em 2004. A peça ficará disponível nos dias 4 e 5, no Teatro Vila Velha, localizado no Campo Grande, às 20h.  Para citar o lado mais leve das apresentações, o diretor de produção indica a montagem baiana intitulada de 1,99. Escrito, dirigido, produzido e interpretado por Ricardo Castro, a peça traz à tona a discussão sobre o valor da arte e a situação financeira do país. “Ele aborda essas críticas com muito humor. É para rir e refletir simultaneamente. Nos leva a avaliar nossos comportamentos e conceitos para depois amenizar com seu texto inteligente e leve”, conta Rafael. A montagem fica em cartaz no Teatro Molière dias 4, às 16h, e 7 e 8, às 20h.        Espetáculo baiano Medeia abre a programação do Filte e discute racismo e feminismo (Foto: Rafael Saes) HOJE E AMANHÃ A apresentação que abre o Filte, hoje, comprova que o assunto de destaque visto no Uruguai está sendo pauta global nos teatros. Criado na Bahia, o espetáculo Medeia aborda a (ainda) invisibilização da voz feminina. Na montagem, do Grupo Vilavox, que não desenvolve propriamente uma história ou um drama, o patriarcado é uma metáfora das mortes que as mulheres negras são obrigadas a carregar. A ancestralidade e a evocação aos cânticos negros de libertação prometem interações entre público e personagem.           Diferente da maior parte dos espetáculos, Medeia fica em cartaz não somente por dois dias, mas por três, prosseguindo hoje, amanhã e no dia 8, no Espaço Cultural Barroquinha, a partir das 19h, com ingressos por R$ 20 e R$ 10.           Peça baseada em cartas do ator, poeta e dramaturgo francês Antonin Artaud acontece hoje e amanhã (Foto: Rafael Saes) O fim de semana ainda traz Cartas de Rodez, espetáculo carioca baseado nas cartas do ator, poeta e dramaturgo francês Antonin Artaud à seu psiquiatra, Doutor Ferdière, durante o período em que esteve internado como louco no manicômio de Rodez. As cartas são um diálogo de Artaud com seu médico e, através dele, com toda a sociedade. A peça acontece hoje, às 20h, e amanhã, às 19h, no Teatro Gregório de Matos, no Centro. Os ingressos ficam também por R$ 20 e R$ 10.      Concluindo a programação de abertura e com apresentação apenas amanhã, a montagem gratuita Evocando os Mortos chega diretamente do Rio Grande do Sul para o Teatro Martim Gonçalves, no Canela, às 17h. No palco, está o olhar da autora Tânia Farias, que traz suas próprias experiências em personagens diversos, apresentados pelo Grupo Ói Nóis Aqui Traveiz. Entre diferentes vivências, o roteiro discute questões psicológicas, como traumas deixados pela violência contra a mulher (em suas variantes).SERVIÇO Quando: De 1º/08 a 08/08 Ingresso: R$ 20 | R$ 10 ou grátis Onde: Espaço Cultural Barroquinha, Teatro Gregório de Matos, Teatro Martim Gonçalves, Teatro Molière, Teatro Vila Velha e Xisto Bahia. Confira toda a programação do Filte no site oficial do evento.