'Fiquei desesperado', diz pai de estudante atropelada por caminhão

Duas pessoas morreram e 4 ficaram feridas

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  • Bruno Wendel

Publicado em 17 de julho de 2018 às 11:06

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Mauro Akin Nassor/CORREIO

A aflição de Dorisvaldo Alves Souza, 58 anos, era nítida. A cada ligação feita ou recebida, andava em círculos, frisava a testa, passava repetidamente a mão no rosto em busca de informações na porta da emergência do Hospital Geral do Estado (HGE). Sua filha caçula, a estudante Samira Mercês de Souza, 16, foi uma das seis vítimas do acidente ocorrido após um caminhão invadir um ponto de ônibus no bairro do Trobogy por volta de 6h40 desta terça-feira  (17).  Uma pessoa morreu no local do acidente e outra, cinco horas depois.

"Ela está bem? Chegou falando? Graças a Deus!", dizia ele com ar menos aflito, por volta das 9h40. "Então, ela está reclamando só de umas dores na lombar, né isso?", conversava ele com a esposa que acompanhava a filha no momento em que ela recebia atendimento na emergência. 

Mais calmo, Dorisvaldo conversou com o CORREIO. Ele é funcionário de uma empresa que faz manutenção na rede de esgoto da Embasa e, no momento que saía de casa para o trabalho, recebeu uma ligação informando que sua filha acabara de dar entrada no HGE."Fiquei desesperado e vim correndo com a minha mulher para cá", relembrou Dorisvaldo. Ainda sem muitos detalhes sobre o acidente, afirmou que a esposa disse a ela que a filha não lembra de nada. "Por causa da pancada que levou [na cabeça], ela não recorda de nada do acidente", declarou. 

Samira ia para a escola na hora que aconteceu o acidente. Ele disse que quando a filha chegou ao HGE perguntou por uma colega. "Elas estavam juntas no ponto de ônibus. Iam sempre juntas. Nós não sabemos onde ela está", disse o pai, sem recordar o nome da outra estudante.

O acidente  Um caminhão desgovernado atropelou seis pessoas, por volta das 6h40, na Rua Mocambo, no bairro do Trobogy. O motorista do veículo, de transporte de entulhos, perdeu o controle da direção, subiu a calçada, invadiu um ponto de ônibus e só parou dentro de um posto de combustível. 

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De acordo com testemunhas, o caminhão trafegava pela Avenida Aliomar Baleeiro, sentido Paralela, em alta velocidade e, após entrar na curva, na Rua Mocambo, tentou desviar de um coletivo. O caminhão então invadiu o ponto de ônibus em frente ao posto de combustível BR, atropelando os pedestres.

A vítima fatal foi identificada como Elinaldo Gonçalves, 53 anos. Ele estava caminhando em direção ao trabalho quando foi atropelado. Elinaldo trabalhava há 20 anos como porteiro no condomínio Asa que fica na Rua Ubirajara Rebouças. Ele morava no bairro da Nova Brasília e ia, todos os dias, a pé, para o serviço.  Porteiro caminhava quando foi atingido por caminhão desgovernado; ele morreu no local (Foto: Mauro Akin Nassor/CORREIO) Vítimas  Os feridos receberam no local atendimento de equipes do Samu: Vanessa Brito Santos, 28, teve múltiplas fraturas, e foi levada para o Hospital do Subúrbio, onde morreu cinco horas depois.

Débora Dias, 26, foi encaminhada para o Hospital Eládio Lasserre, com escoriações. A terceira vítima, Samira Mercês de Souza, 16, foi socorrida por uma ambulância do Salvar para o HGE. Duas adolescentes de 16 anos foram encaminhadas para o Hospital Municipal de Salvador: Gleiciane Santos Rocha, com suspeita de fratura na bacia, e Carine Barbosa dos Santos, com escoriações. O estado de saúde das adolescentes é estável, segundo assessoria do Hospital Municipal.

O caminhão, de placa PKT 2922, pertence à empresa Dynâmica Engenharia. O motorista Maurício Costa foi levado para a 10ª Delegacia (Pau da Lima), onde presta depoimento. 

*com supervisão do chefe de reportagem Jorge Gauthier