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'Foi falha nossa', diz diretor de terminal náutico onde rampa cedeu


 

Na hora do acidente, 57 pessoas estavam sobre equipamento em Madre de Deus

  • Thais Borges

Publicado em 15/01/2018 às 10:51:31
Atualizado em 23/05/2023 às 23:22:51
. Crédito: Foto: André Frutuoso

A ponte que desabou neste domingo (14), em Madre de Deus, Região Metropolitana de Salvador, era uma rampa de acesso ao terminal flutuante. Segundo a Sociedade Nacional de Apoio Rodoviário e Turístico (Sinart), que administra o terminal marítimo, os passageiros não deveriam ficar parados naquele local – deveriam caminhar até o flutuante, onde poderiam esperar a escuna. 

No entanto, de acordo com o superintendente da Sinart, João Maurício Paraíso, naquele momento, não havia ninguém para informar às pessoas que não poderiam ficar ali. “A Sinart é a responsável. O supervisor estava lá em cima, no píer. As pessoas foram se acumulando e ali ficaram. Não levou nem um minuto. Não deu tempo. Foi uma falha nossa”, afirmou, em entrevista ao CORREIO, por telefone, nesta segunda-feira (15). Pessoas em cima da rampa momentos antes do desabamento (Foto: Reprodução) De acordo com ele, 57 pessoas ficaram em cima da rampa. Embora ele não saiba dizer o peso máximo que a rampa suportaria, garante que todas as 57 seria bem acomodadas no flutuante. “Não tinha nada no flutuante, estava vazio. Tinha pouquíssimas pessoas. Faltou orientação e não sei por que motivo as pessoas se acumularam ali”, comentou. 

As 57 pessoas caíram no mar por volta de 16h50. No entanto, segundo a Sinart e a prefeitura de Madre de Deus, ninguém se feriu gravemente. As vítimas foram atendidas por órgãos da prefeitura, pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), pelo Corpo de Bombeiros, por técnicos da operadora e por donos das embarcações. Não houve necessidade de que ninguém fosse transferido a uma unidade de saúde. 

A rampa é feita de material metálico e forrada com madeira. Segundo João Maurício Paraíso, a última manutenção foi realizada em abril de 2017. Na época, todas as peças com pontos de corrosão foram trocadas. A nova vistoria seria justamente em abril deste ano. 

Ainda nesta segunda, a empresa deve dar início a uma perícia para confirmar as causas do acidente. O laudo deve ser concluído até o fim da semana. Enquanto isso, o acesso dos passageiros deve ser feito por outra rampa, semelhante à que partiu. “Não vai haver problema de continuidade porque já operamos desse jeito no ano passado, quando fizemos a reforma. Agora, é só botar em prática”, comentou.

De acordo com a Sinart, o terminal marítimo é mais utilizado por lanchas particulares de pequeno porte. No Verão, contudo, aumenta o número de escunas que promove viagens para as ilhas próximas. 

Através da assessoria, a prefeitura de Madre de Deus informou que já autuou a Sinart, através da Superintendência de Controle e Ordenamento do Uso do Solo do Município (Sucom). A prefeitura diz que aguarda que a empresa tome providências e a conclusão da perícia.