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'Foi minha experiência contra a inovação deles', diz campeão


 

Francês Thomas Coville conta como ele e o parceiro Jean-Luc Nélias conseguiram bater o recorde da Regata Transat Jacques Vabre, que saiu da França para Salvador

  • Vitor Villar

Publicado em 13/11/2017 às 10:40:00
Atualizado em 17/04/2023 às 18:29:04
. Crédito: Jean-Marie Liot / ALeA / TJV17

Campeões e recordistas da regata Transat Jacques Vabre, os franceses Thomas Coville e Jean-Luc Nélias tiveram que superar muitos desafios para cruzar de Le Havre, na França, até Salvador em 7 dias, 22 horas, 7 minutos e 27 segundos. Além das surpresas que o mar reserva mesmo para velejadores profissionais, no caso deles outro empecilho foi a tecnologia do barco Maxi Edmond de Rothschild, que acabou em segundo lugar.

“Para nós, o maior desafio foi competir contra um novíssimo barco, que acabou de chegar duas horas depois da gente. É o barco lançado mais recentemente, então tem toda a tecnologia, é um barco super técnico e nosso barco é mais velho. Mas eu cruzei o mundo nesse barco, então foi basicamente minha experiência contra a inovação deles. Foi uma grande luta e estou muito orgulhoso do que fizemos. Claro que foi um recorde também, mas para mim o importante é ter vencido a corrida”, conta Thomas Coville, que já deu a volta ao mundo sozinho a bordo do seu Sodebo Ultim’ em 49 dias.

Ele lembra que um momento decisivo para o triunfo foi quando o barco adversário, comandado pelos compatriotas Sébastien Josse e Thomas Rouxel, teve que sair da rota nas proximidades das Ilhas Canárias, arquipélago espanhol próximo ao Marrocos, na costa oeste da África. O Sodebo fez a ultrapassagem e não perdeu mais a liderança.

“É um esporte cheio de influências. Muita gente não sabe o que é a vela. É sempre um equilíbrio de estar a 100% e nunca quebrar o barco ou nunca bater em algo. Eles provavelmente bateram em algo perto das Ilhas Canárias. Nós recebemos relatório sempre sobre a posição deles e sabíamos naquele momento que eles tinham um problema porque o potencial do barco deles é bem maior do que o Sodebo. Mas vencemos, e isso é real”, comenta Coville, em inglês.

Uma dessas influências citadas pelo campeão aconteceu próximo à linha do Equador. É normal que velejadores percam tempo nos chamados Doldrums, áreas de ventos muito fracos nas regiões equatoriais dos oceanos Atlântico e Pacífico. Coville e Nélias não tiveram essa dificuldade. “Tivemos uma condição fantástica, foi muito incomum. Até mesmo nos doldrums nós não paramos. Você pode dizer que é sorte, mas é mais do que isso. A sorte pode estar do seu lado e você deixar escapar. Você tem que pegar essa sorte para ter sucesso”.

Ele e o parceiro Jean-Luc Nélias já conheciam Salvador, mas é a primeira vez que vencem na Baía de Todos os Santos. “Quando você se aproxima pelo mar, depois de sete dias na água, e vê toda essa cidade gigante, com grandes prédios, é simplesmente impressionante. É tipo ‘uau’! Você não tem uma cidade assim na Europa, tão perto do mar. A maioria das cidades grandes na Europa são distantes do mar, no interior. E vocês têm essa cidade gigante com esse paredão enorme aqui tão perto do mar, dá para enxergar de muito longe, é realmente impressionante. É um mundo novo. A Europa é um mundo velho. Vocês têm um mundo novo nas mãos para desenvolver”, disse Coville.