Folião pipoca se esbalda na avenida com artistas da axé music

Nomes como Daniela, Claudia Leitte, Bell e Margareth Menezes foram para a Barra

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  • Yasmin Garrido

Publicado em 28 de fevereiro de 2019 às 23:46

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Arisson Marinho/CORREIO

Outros ritmos podem até fazer sucesso. E não há nenhum problema nisso, já que a festa é pautada – ou pelo menos deve ser – na diversidade. Mas é inegável que a axé music é quem dá sentido a essa farra que reúne, neste ano, segundo estimativa da Secretaria Municipal de Cultura e Turismo de Salvador (Secult), os foliões baianos com 800 mil turistas na cidade.

No primeiro dia oficial da festa, o folião, sobretudo o pipoca, foi agraciado com os grandes nomes do gênero que desfilaram pela avenida, sem cordas, um atrás do outro.

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Daniela Mercury, considerada a Rainha do Axé, foi a primeira a puxar o trio. Logo em seguida, vieram Saulo,  Claudia Leitte, Banda Cheiro de Amor e Margareth Menezes, com Os Mascarados.

“A pipoca é a grande estrela do Carnaval. Quando a gente vê isso aqui dá uma euforia. A gente treme”, disse Claudia Leitte, arrastando os seus bolhas, como são chamados os fãs da loira, fantasiada de Capitã Marvel.

Essa foi a chance do estudante Guilherme Dias, 20 anos, curtir as artistas, sem mexer no bolso para adquirir um abadá, que serve de passaporte para acessar o outro lado da corda. “Uma forma democrática de ver as cantoras sem ter que gastar para se aproximar do trio. O Carnaval parece que está se estendendo para todos”, comentou. (Foto: Arisson Marinho/CORREIO) Pipoca da Saudade E quem já curtiu a festa na década de 90, quando o axé era o estilo predominante na avenida, lembra com saudade.

A massoterapeuta Honorina Cerqueira, 59 anos, acredita que a festa naquela época parecia ser mais “leve”, com os grandes músicos da cidade embalando a brincadeira.

“Com artistas da terra, pessoas daqui. Não havia essas bandas que sequer sabemos o nome. Luiz Caldas, Daniela, Margareth, Dodô, todos esses”, lembrou.

O cantor Bell Marques, que completou 40 carnavais, não escondia a empolgação. “Esse começo é diferente. Sair sem cordas é estar mais perto de vocês”, disse ele aos foliões, que já cantavam Amar Você, música que deu o start do percurso até Ondina.

O diferencial de Bell é a guitarra. Neste ano, ele usou uma novinha: “Quem gosta de guitarra sabe bem o que é estrear uma assim, no meio da multidão”, destacou o cantor.

Logo atrás da pipoca de Bell, saiu Tony Salles, com o Parangolé, também em trio independente. As estudantes Karol Oliveira, Fernanda Gualberto, Lygia Britto e Larissa Guerra apostaram nas roupas frescas e nas famosas plaquinhas para curtir o pagodão do Parango.

Numa inversão da ordem dos trios, também saiu o Babado Novo, com a cantora Mari Antunes, que passou na frente do Cheiro de Amor, largando logo depois.

Um grupo de cordeiras, que há 5 anos trabalham juntas no Carnaval de Salvador, revelou: “É possível segurar a corda e curtir com Xanddy”, do Harmonia do Samba - outra atração da noite.

Quem também não ficou parado foi um grupo de paquitas. Os amigos vieram de Rondônia para curtir Xanddy e Margareth Menezes.

Ainda passaram pelo Circuito Dodô no primeiro dia de Carnaval o cantor Saulo, a família Macêdo, Kart Love e os sucessos do Arrocha, além de Daniela Mercury, Claudia Leitte, Duas Medidas, Banda Eva, Denny Denan, Solange Almeida e outros grandes nomes da música brasileira - todos arrastando-nos foliões pipoca.

De Miami para Salvador Com 10 carnavais no currículo, o barman Augusto Souza, 51 anos, pediu as contas no restaurante onde trabalhava em Miami, nos Estados Unidos, para desembarcar em Salvador, após ouvir uma negativa do chefe, que se recusou a liberá-lo para a maior festa popular do mundo.

Mesmo com a negativa do patrão, Augusto arrumou as malas para curtir o bloco Os Mascarados e desembarcou em Salvador. “Procuro outro (emprego) quando voltar, mas fiz isso porque o Carnaval é a minha vida”, disse. 

Já o engenheiro químico Luiz Carlos Xavier, 52 anos, faz parte do bloco dos saudistas e disse que em outros carnavais, “menos comerciais que agora”, o axé era quem tomava a avenida, sem dividir espaço com os beats eletrônicos e os acordes do pagode. “Ao lado do povo que era mais livre e a estrela principal da folia”, recorda.

Na pipoca lotada da Barra, teve também quem não se importasse com o calor, como vários amigos que optaram por vestir fantasias peludas de personagens de desenhos animados.