Fonte Nova: Tumulto marca festa de reabertura do anel superior, em 1971

Confusão aconteceu durante partida entre Vitória e Grêmio

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  • Da Redação

Publicado em 25 de agosto de 2010 às 01:15

- Atualizado há um ano

Vinte anos tinham se passado desde a inauguração da Fonte Nova e o estádio já se mostrava insuficiente para abrigar a paixão da torcida baiana. Eram os anos mais duros da ditadura militar e pelas principais capitais imensas praças  esportivas proliferavam, símbolo da prosperidade ostentada pelo regime.

O viés político de tais obras talvez tenha sido o estopim para a primeira grande tragédia ocorrida na Fonte, até hoje ainda não explicada.

Mesmo antes da reinauguração do anel superior, que elevaria a capacidade do estádio para 85 mil espectadores, a imprensa da época levantava suspeitas sobre a rapidez na conclusão da obra.

As vítimas eram socorridas de improviso e pelo menos 2 morreram

Para a reabertura, no dia 4 de março de 1971, foi programada uma rodada dupla, com Bahia x Flamengo (1x0 Bahia, gol de Zé Eduardo) e Vitória x Grêmio, o segundo jogo interrompido pela tragédia. Um refletor teria estourado. A grito de “vai cair”, supostamente ecoado nas arquibancadas, 90 mil pessoas carga de ingressos distribuída de graça - desabaram em direção ao gramado.

O aposentado Geraldo Portela estava nas arquibancadas. Acompanhado da mãe, Zenóbia, o torcedor tricolor, então com 31 anos, lembra de ter sido arrastado arquibancada abaixo.“Tentei segurar minha mãe, ela caiu, fraturou a clavícula. Mais tarde, vi que havia pegadas nas minhas costas. Até hoje lembro de ver todo mundo caindo no outro lado do estádio”.

Sangue Foram mais de dois mil feridos e dois mortos, oficialmente reconhecidos.  Suspeita-se de que teria sido muito mais. O engenheiro Manoel Liberato trabalhou na ampliação e acompanhou a perícia, no dia após o desastre. “Tinhasangue por todo canto, torniquetes arrancados pela barriga”, lembra Liberato.

Multidão perplexa ocupa o gramado após tragédia