Fórmula mágica para evitar conjuntivite: mãos limpas e longe dos olhos

Doença tem maior incidência durante o Verão; saiba como tratar

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  • Mario Bitencourt

Publicado em 21 de janeiro de 2018 às 05:00

- Atualizado há um ano

Há pessoas que, devido ao Verão, se cercam de cuidados, como evitar aglomerações, a fim de não viroses que todo ano aparecem ou são intensificadas nessa época do ano, como a conjuntivite, que o jornalista Guilherme Barbosa, 24, não precisou ir muito longe para ter os olhos contaminados. É que a doença foi até a casa dele.

“Uma prima foi passar o verão na minha casa, no final de janeiro, e ela estava com conjuntivite. Acabei pegando também, mas não fui ao médico. Minha avó, criada na roça, me colocava deitado com tomates nos olhos por uns 15 minutos por dia, e uma semana depois já estava melhor”, contou Barbosa.

O fato ocorreu quando ele tinha 13 anos em Vitória da Conquista, Sudoeste da Bahia, onde o jornalista atua como assessor de comunicação concursado da Câmara de Vereadores. Foi um fato marcante na vida de Barbosa, sobretudo porque logo que foi contaminado ele teve de ir para a nova escola onde ia começar estudar.

“No primeiro dia de aula fui com os olhos vermelhos e foi muito ruim, uma experiência que não quero passar mais”, contou Barbosa, a prima, ao invés do tomate, pingava gotas de limão nos olhos. “Isso eu não tive coragem de fazer”, recorda ele.

E fez bem em não pingar o limão, que, segundo o médico oftalmologista Antônio Motta, conselheiro do Conselho Regional de Medicina da Bahia (Cremeb), pode causar queimaduras na superfície ocular e, a depender do grau de acidez do limão, se tornar um caso grave aos olhos serem expostos ao sol.

Limpeza O principal tratamento é lavar os olhos várias vezes com soro fisiológico ou água filtrada fria, removendo as impurezas. Medicações específicas são utilizadas nas conjuntivites bacterianas, fúngicas, ou mesmo alérgicas. Nas irritativas e virais, o tratamento é inespecífico adicionando, além da lavagem, colírios anti-inflamatórios.

“A conjuntivite como, pode ser por tipos de bactérias e vírus variados, o correto é fazer a consulta médica para que seja receitado o medicamento mais adequado”, declarou o médico que atua em Salvador, onde costuma atender no Verão de 15 a 20% de casos a mais da doença.

“As altas temperaturas e a alta umidade, como ocorre em Salvador, são ideais para que doenças como a conjuntivite, dentre outras que também costumam aparecer nessa época, se espalhem com facilidade. Mas no caso da conjuntivite, a prevenção são só duas: sempre lavar as mãos e não coçar os olhos”, orientou.

Essa prática é que faz com que o médico, que atende há 15 anos pacientes com conjuntivite, nunca tenha adquirido a doença, segundo ele contou: “São práticas simples que as pessoas podem colocar como hábito do dia a dia. Há locais contaminados em todo o lugar, é sempre bom lembrar disso”.

Ao contrário do que diz a crendice popular, destaca que a pessoa não é contaminada com conjuntivite pelo vento ao estar perto de quem está com a doença, mas ela pode ser transmitida pela água, como em banhos de piscina. A forma principal de adquirir a conjuntivite é pela contaminação por meio das mãos aos olhos.

A doméstica Elisângela Nogueira, 38 anos, acordou na manhã de sexta-feira (19) com uma sensação estranha. Dos seus olhos saiam secreções fora do comum, além de um incômodo que, ao longo da manhã, foi se intensificando. Mesmo assim, a doméstica resolveu ir ao trabalho. Foi lá, que ela começou a desconfiar de estava com conjuntivite. No final da manhã, já não consiga fazer mais nada, tamanho o desconforto que sentia. 

"É como grãos de areias nos olhos. Uma dor muito forte. Terrível. Mal consigo abrir o olho. Não sei como peguei isso", reclamou Elisângela. A suspeita de conjuntivite fez com que a sua patroa evita-se o contato visual com ela. "As pessoas dizem que pega olhando. Ela se afastou e me liberou do trabalho", completou. 

A doméstica foi dispensada do trabalho e procurou o posto de saúde mais próximo do trabalho. Foi a pé, mesmo com dificuldades de abrir os olhos, até o 12º Centro de Saúde Alfredo Bureau, na Boca do Rio. 

Sintomas A conjuntivite, na definição da Sociedade Brasileira de Oftalmologia (SOB), “é a inflamação da conjuntiva [parte branca dos olhos], uma membrana transparente que se inicia na parte interna das pálpebras e se rebate para envolver a porção anterior do olho até a córnea, formando um fundo de saco.”

Os principais sinais e sintomas da doença são vermelhidão, secreção, sensação de corpo estranho e coceira. A conjuntivite pode ter como causas as alergias, os traumas, a irritação química (protetores solares que com o suor irritam os olhos, por exemplo) e infecções por vírus, bactérias ou fungos.

De acordo com a SOB, a maioria das formas de conjuntivite não são contagiosas e são adquiridas por causas diversas, como uso inadequado de produtos de estética na face, protetores solares, exposição a alérgenos e falta de higiene, quando a mão suja vai aos olhos.

Das causas infecciosas, as bacterianas e fungos são causadas pela contaminação direta. Nestas duas condições o próprio organismo consegue, na maioria das vezes, conter a doença, dependendo da condição de imunidade ou da intensidade de contaminação, afirma a SBO.

Mas as mais frequentes e epidêmicas são as virais, altamente contagiosas e de transmissão pelo contato. Já a bacteriana é causada pelo patógeno Staphylococcus e, se for mal cuidada, vira um perigo. Em estágio normal, atinge a conjuntiva.

Mas se não for tratada adequadamente, ela se espalha para a córnea e se transforma em uma ceratoconjuntivite ou até em uma úlcera de córnea, o que pode comprometer a visão.

A Bahia não costuma registrar surtos de conjuntivite, doença cujos casos não são de obrigação serem notificados quando chegam aos hospitais. Por ser uma doença de baixa letalidade e rápida solução, a conjuntivite não é uma preocupação para o sistema público de saúde.

Principais informações sobre a doençaO que é conjuntivite: É a inflamação da conjuntiva, uma membrana transparente que se inicia na parte interna das pálpebras e se rebate para envolver a porção anterior do olho até a córnea, formando um fundo de saco. Sintomas: Os principais sinais e sintomas são vermelhidão, secreção, sensação de corpo estranho e coceira. Pode ter várias causas: alergias, traumas, irritação química e infecções por vírus, bactérias ou fungos. Como se pega a doença: A maioria das formas não são contagiosas, e são adquiridas por causas diversas, tais como uso inadequado de produtos de estética, protetores solares, exposição a alérgenos e falta de higiene, quando a mão suja vai aos olhos. Das causas infecciosas as bacterianas e fungos são causadas pela contaminação direta. Como evitar: Deve-se ter cuidados de higiene: lavar as mãos com frequência, evitar levar as mãos aos olhos, tomar cuidado com o uso das mãos em logradouros públicos, sobretudo em épocas de epidemias. Tratamento: Pela disposição da conjuntiva formando um fundo de saco, a doença fica limitada a este espaço. O principal tratamento é lavar os olhos várias vezes com soro fisiológico ou água filtrada fria, removendo assim as impurezas. Medicações específicas são utilizadas nas bacterianas, fúngicas, ou mesmo alérgicas. Nas irritativas e virais, o tratamento é inespecífico adicionando, além da lavagem, colírios anti-inflamatórios. Fonte: Sociedade Brasileira de Oftalmologia (SBO)