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Geração de Zidane inspira Mbappé e companhia
Vitor Villar
Publicado em 10 de julho de 2018 às 20:29
- Atualizado há um ano
A geração que tem 20 e poucos anos e ama futebol tem a França como uma superpotência do esporte. Não é à toa: no período de vida deles, os franceses têm a seleção que mais chegou a finais de Copa do Mundo.
Foram três decisões em seis edições do Mundial. Alemanha e Brasil, maiores campeões da história do torneio, por exemplo, chegaram a duas finais, cada, nos últimos 20 anos. E venceram uma, cada, assim como os franceses.
É claro que essa conta já traz a final que será disputada em Moscou, no próximo domingo (15), às 12h. A França conseguiu sua vaga nesta terça-feira (10), ao bater a Bélgica, por 1x0, em São Petersburgo. O adversário será Inglaterra ou Croácia, que se enfrentam quarta (11), às 15h.
Para a geração de 30 e tantos anos, a França sempre foi a seleção do ‘quase’. Nos anos 1980, a equipe comandada por Michel Platini, ganhador de três prêmios ‘bola de ouro’, já encantava a todos e chegou como favorita às duas Copas do Mundo disputadas naquela década.
Em 1982, perdeu para a Alemanha Ocidental na semifinal e para a Polônia na decisão do 3º lugar. Em 1986, uma campanha parecida: derrota para a mesma Alemanha Ocidental na semifinal e vitória sobre a Bélgica na decisão do 3º lugar.
A geração de Platini, tão elogiada e marcante para os franceses, acabou vencendo apenas o título da Eurocopa de 1984, disputada em casa.
Foi outro torneio disputado em casa que mudaria em definitivo a importância da França no futebol internacional. A Copa de 1998 uniu a geração conhecida como "black-blanc-beur" – ou negro-branco-amarelo em português – representando a variedade de cores de pele que a equipe possuía.
Pela primeira vez, a seleção tinha atletas cujas famílias vinham de antigas colônias franceses na África e no Caribe.
Os pais de Zidane, craque daquela geração, eram da Argélia, antiga posse francesa na África. O lateral direito Thuram, um dos melhores do mundo à época, era nascido em Guadalupe, até hoje um território de posse francesa no Caribe.
O título inédito e em casa em 1998 veio para unir um país que, àquela época, já sofria com tensões raciais e de imigração. Mas não foi só ele. A França continuou dominando o futebol do mundo e conquistou a Eurocopa de 2000 e a Copa das Confederações de 2001.
Por isso, chegou à Copa de 2002 como favorita, mas acabou eliminada na fase de grupos, numa das maiores zebras recentes do futebol.
Em 2006, a França surpreenderia. Com sua geração vencedora já em final de carreira – Zidane, por exemplo, tinha 34 anos – voltou a disputar uma final de Copa, mas acabou derrotada pela Itália nos pênaltis.
A geração de Platini influenciou a campeã de 1998. Já a de Zidane influenciou a atual. Nascido em 1998, Mbappé tinha oito anos quando a França foi vice. Uma das fotos que mais circulam na internet hoje é a do atual atacante com seu ídolo de infância: Henry, artilheiro da equipe de 2006.
Mais uma vez, o que inspira a seleção francesa é a união dos "black-blanc-beur". Mbappé é filho de pai camaronês e mãe argelina. Os pais do volante Pogba saíram da Guiné. Griezmann tem pai alemão e mãe portuguesa. Repetindo a história, a França caminha a passos largos para o topo do mundo.