Funcionário do Paraíso Tropical matou adolescente e está sendo procurado

Guilherme dos Santos Pereira da Silva, 17 anos, foi morto ao entrar com amigos para pegar frutas no pomar do local

Publicado em 28 de abril de 2017 às 18:04

- Atualizado há um ano

Fabilson Nascimento Silva, 31 anos, conhecido como Barriga, funcionário do Paraíso Tropical, foi identificado como responsável por atirar e matar o adolescente Guilherme dos Santos Pereira da Silva, de 17 anos, na noite do último dia 17 de abril, na Cabula. O crime aconteceu na área do restaurante Paraíso Tropical, onde Fabilson trabalhava.

O crime aconteceu depois que quatro jovens, incluindo Guilherme, entraram no terreno que fica nos fundos do restaurante para colher frutas. (Foto: Evandro Veiga/Arquivo CORREIO)

Segundo a Polícia Civil, Barriga era segurança do restaurante. Já Beto Pimentel, dono do Paraíso Tropical, afirmou ao CORREIO que o funcionário trabalhava cuidando dos seus animais e também fazendo serviços gerais, mas não era segurança. "Barriga trabalhava para mim há cerca de três meses. Ele cuidava das galinhas e fazia outros serviços. Ele trabalha como gesseiro, então me ajudava fazendo galinheiro, casa de cachorro, essas coisas", afirma. Outro funcionário trabalha como segurança no local, mas não estava de plantão no dia do crime, diz Beto. 

A Justiça decretou um mandado de prisão temporária para o segurança, que fugiu com a espingarda usada no crime depois de desovar o corpo de Guilherme no final do pomar, às margens da Avenida Luís Eduardo Magalhães.

A polícia pede que pessoas que tenham informações sobre o segurança liguem para o Disque Denúncia, no número 3235 – 0000. O sigilo é garantido.Segurança está sendo procurado (Foto: Divulgação)

Desaparecimento e morteSegundo a família do adolescente, ele entrou no pomar do restaurante com mais dois amigos na segunda-feira (17), por volta das 17h, para pegar uma jaca. O chef Beto Pimentel, dono do restaurante, contou para os policiais que está criando galinhas próximo ao local onde houve a invasão. Há algumas semanas, ele contratou seguranças depois que alguns animais foram roubados.

Segundo a Polícia Civil, Guilherme e os dois amigos estavam sentados quando ouviram tiros e saíram correndo. Os amigos voltaram alguns minutos depois procurando por Guilherme, mas ele não foi encontrado. O corpo do jovem foi encontrado próximo à Avenida Luís Eduardo Magalhães no último dia 19. 

Guilherme era o caçula de dois filhos e cursava o 8º ano (antiga 7ª série) no Colégio Estadual Ministro Ademar Baleeiro, que fica no mesmo bairro onde ele morava com a família. Segundo os amigos, quando não estava na escola, o adolescente passava o tempo jogando bola, dominó ou cuidando dos passarinhos que ele criava. Os amigos disseram também que essa não foi a primeira vez que eles entraram no terreno do restaurante para pegar frutas e que o dono nunca havia reclamado.Familiares foram até o restaurante procurar jovem (Foto: Evandro Veiga/CORREIO)ProtestoO CORREIO teve acesso a um vídeo que mostra familiares e amigos de Guilherme dos Santos Pereira da Silva, 17 anos, em protesto após o desaparecimento do adolescente na tarde de segunda-feira (17) em frente ao restaurante Paraíso Tropical, na Rua Edgard Loureiro, no Cabula. O jovem sumiu depois de entrar no terreno com amigos. 

As imagens mostram os familiares do adolescente fazendo uma oração em um círculo em frente à entrada do restaurante. Eles acusam seguranças do estabelecimento de atirarem em Guilherme. O dono do restaurante, o chef Beto Pimentel, nega as acusações. A polícia ouviu os familiares da vítima e intimou os seguranças e o dono do restaurante.

EnterroO corpo do adolescente foi sepultado no dia 21. Às 14h39 a mãe de Guilherme, a dona de casa Rosilândia Santos, chegou ao cemitério Quinta dos Lázaros. Com dificuldade para caminhar, ela precisou se apoiar nos ombros de dois familiares para chegar até a capela. O pai do adolescente, o mensageiro Edmundo Silva, chegou alguns minutos depois e contou, emocionado, que não conseguiu reconhecer o corpo do filho.(Foto: Almiro Lopes/CORREIO)

"Meu filho ficou desfigurado. Recebeu muitas porradas na cabeça e teve as digitais e os braços queimados, além de ter sido baleado. O laudo da perícia diz que a morte foi provocada por traumatismo craniano e arma de fogo. Eu não estou aguentando, não estou suportando o que fizeram com meu filho. Estou vivendo por viver. É muito duro", disse.

Edmundo contou que foi o outro filho, Rafael, quem reconheceu o irmão através de uma cicatriz na perna direita. A marca foi provocada por uma queda de cavalo que exigiu 25 pontos no local. Nesta sexta, moradores lotaram dois ônibus para ir até o cemitério e entoaram cânticos e orações durante o velório. 

O corpo de Guilherme deixou a capela por volta das 15h30 e foi sepultado sob aplausos e os gritos de "Justiça!" e de "Assassino". Em seguida, parte do grupo seguiu para o fim de linha de Pernambués, bairro onde o adolescente morava desde que nasceu, para fazer um protesto.

A caminhada foi pacífica. Com faixas e cartazes, cerca de 50 pessoas saíram do fim de linha do bairro, caminharam pela Rua Escritor Édison Carneiro e retornaram para o ponto inicial. Os gritos de "Justiça" atraíram a atenção de curiosos e recebeu apoio de alguns moradores. A manifestação durou cerca de 30 minutos.

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