Gal Costa celebra 75 anos com live neste sábado (26)

Cantora vai apresentar seus clássicos em show transmitido na TNT e YouTube, às 22h

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  • Roberto Midlej

Publicado em 25 de setembro de 2020 às 06:00

- Atualizado há um ano

. Crédito: (Fotos: Bob Wolfenson)

No dia 23 de junho, Elza Soares completou 90 anos e fez uma live para comemorar. Em seguida, três dias depois, Gil completou 78 e teve show no YouTube. Mais à frente, no dia 7 de agosto, Caetano também chegou aos 78 e fez uma apresentação para o Globoplay. Agora, mais um nome sagrado da MPB vai festejar o aniverário em uma live: Gal Costa, que amanhã completa 75 anos, fará um show ao vivo às 22h, com transmissão do canal TNT para o Brasil, na TV a cabo. O YouTube da emissora também transmite para toda a América Latina.

Longe do palco há mais de seis meses em razão da quarentena, a diva baiana sente saudades de se aproximar do público e acredita que a live é uma forma de manter contato com os fãs:"A música é um bálsamo para mim e estar no palco é algo que me arrebata. Sinto falta disso. Mas acho que as lives são uma maneira da gente se comunicar com o nosso público, nossos fãs, com as pessoas que estão em casa. É a maneira de chegar até elas".De sair de casa para passear, Gal não tem sentido muita falta: "Sou bem caseira", diz. "Estou em casa desde o começo da quarentena, com o Gabriel [filho dela, de 15 anos], seguindo à risca todas as recomendações de isolamento. Tenho feito coisas de casa, assistido filmes, TV, lendo notícias pela internet, coisas que já faço normalmente". Também assistiu a alguns lives, como as de Fafá de Belém e de Gilberto Gil. "Não precisamos estar no palco para cantar, é um formato interessante para esse tempo", observa.

No repertório da apresentação de amanhã, o público vai ouvir um compilado dos clássicos da cantora. E não são poucos, afinal são 55 anos de estrada desde sua primeira gravação, um compacto em 1965 que tinha as canções Eu Vim da Bahia, de Gilberto Gil, e Sim, Foi Você, de Caetano Veloso. 

No show do TNT, estarão canções como Baby, seu primeiro grande sucesso, gravado no álbum Tropicália ou Panis Et Circencis (1968). Modinha Para Gabriela, de Dorival Caymmi, e Sorte também estão na setlist. "Vou cantar músicas do meu repertório, os sucessos da minha carreira. São músicas que fazem parte do imaginário do público, e acho que fará bem ouvir em um momento como esse", diz Gal.

Lado B

Marcus Preto, que começou a trabalhar com Gal na direção artística do álbum Estratosférica (2015) e dirige o espetáculo deste fim de semana, diz que ela também vai cantar algumas canções menos conhecidas, chamadas de "lado B". "Essas vão dar o gosto de novidade pra os fãs mais fiéis. E terá até alguma coisa que Gal nunca cantou antes. É um aniversário em vários sentidos, revendo o passado e também mirando o futuro". Marcus também assina o roteiro do show com a cantora.

Foi Marcus que, quando dirigia Estratosférica, fez a ponte entre Gal e compositores de gerações mais novas, como Marcelo Camelo, Pupillo, Lirinha e Céu. O álbum representou uma virada na carreira da cantora e deixou-a mais próxima da cena pop contemporânea, o que ela já vinha sinalizando desde 2011, no disco Recanto, produzido por Moreno Veloso.

Gal celebra os compositores mais jovens:"Eu acho importante e interessante devolver e retribuir a essa nova geração uma música deles gravada por mim. Eles bebem na minha fonte, assim como eu já me influenciei por outros artistas. Em todo disco que a gente lança, a gente presta um serviço à cultura. Eu sou uma artista que gosta de dar saltos na carreira, experimentar, criar rupturas. Tem sido assim nos últimos discos que lancei".E é por ser assim, tão conectada com a contemporaneidade, que ela parece não dar bola para a chegada de mais uma idade 'redonda': "Sempre digo que o meu espírito não acompanha a minha idade cronológica, minha alma é jovem".

Ronei Jorge* indica "Um dia com minha antiga banda Ladrões de Bicicleta na MTV, fui perguntado que artista gostaria de ser. Eu rapidamente respondi: Gal Costa.

Gal, além de ter segurado divinamente a onda tropicalista durante o exílio de Gil e Caetano, me parece traduzir plenamente o canto brasileiro em todas as suas diferentes fases: doce em Cantar, poderosa e diversa em Água Viva e Caras e Bocas, super baiana e influente em Gal Canta Caymmi e pop e soberana em Minha Voz. A voz de Gal pra mim é sertão e litoral, Brasil e mundo."  

Índia (1973) Gal sempre ligada nas possibilidades mil. Índia, produzido por Gil, soa moderno ainda hoje.  Tem Dominguinhos mostrando como a sanfona pode estar onde quiser e Gal cantando muito: abre com os agudos de Índia, passa pela beleza de Passarinho de Tuzé de Abreu e redefine Desafinado. Índia é outra Refazenda.

 

Cantar (1974)  Quem me ensinou a gostar mais de Gal Costa foi meu querido amigo Paquito. Ele me indicou esse disco que acho um dos mais bonitos da música brasileira. Cantar é Gal com seu canto mais puro e doce. De quebra ainda tem João Donato.

 

Gal Canta Caymmi (1976) Esse é aquele impossível de dar errado. A cantora brilhante encontrando o gênio Caymmi com arranjos balançados e solares.

Água Viva (1978) Assim como vários discos de Gal, esse tem além de arranjos, a produção do grande Perinho Albuquerque. É um disco de grandes canções. Tem Gil, Caetano, Milton, Tom e Chico cantado por Gal.

Minha Voz (1982)  Esse eu escolha de forma completamente emotiva, me faz lembrar minha infância. Talvez seja um dos mais populares dela e mostra mais uma vez o domínio dessa cantora pra um repertório tão diverso. E tem Azul de Djavan que na voz de Gal é um passaporte pra uma alegria nostálgica.

*Ronei Jorge é músico. Foi integrante da Ronei Jorge e os Ladrões de Bicicleta e segue carreira solo.