Ganhar dinheiro com trabalho ético é legítimo, merecido

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  • Cesar Romero

Publicado em 8 de outubro de 2018 às 05:00

- Atualizado há um ano

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Embora a arte seja a mais sensível manifestação humana, muito pouco os governos se interessam por ela. As verbas são vergonhosas e os editais são tão complexos, com minúcias em burocracia, prestação de contas que desestimula. Há centenas de queixas de projetos de arte contemplados em editais. Fica pronto o produto por esforço pessoal do artista e os pagamentos a terceiros que confiaram na palavra empenhada, ficam meses, anos esperando. Os editais não são caridade. Artista é mesmo profissão marginal. Geralmente artistas de todas as áreas não entendem de gestão, mas padecem do mal da falta do executivo interno. Alguns têm cônjuges que entendem de tramitar papeis e formam uma parceria eficiente: um cria, outro vende.

Por vezes, o casal desenvolve algum sucesso e se prendem a uma fórmula, que repete a exaustão. Nem sempre arte e dinheiro convivem em harmonia. Artistas genuínos que não abrem mão da criatividade, do bem feito, sofrem o dobro. Alguns transformam esse sofrimento em material para criações, outros sucumbem. Um martírio. Artistas são pessoas normais, nem melhor, nem pior que os indivíduos da terra, apenas trabalham com produtos sensíveis. Ganhar dinheiro com trabalho ético é legítimo, merecido.

Artistas são muito explorados em “eventos de caridade”, só que os “caridosos” apenas pedem o resultado, o suor dos criadores, para se mostrarem “poderosos e benfeitores”. A caridade é uma virtude, um amor que move a vontade à busca efetiva do bem de outrem. A fraternidade é um dote divino. Mas o que ocorre é que grande parte dos pedidos dos “caridosos” são descabidos, que por vezes traga quase toda a produção dos artistas. Prometem como “contrapartida” – termo deplorável – bons catálogos, visibilidade na mídia, público que futuramente seria consumidor, mas quando do “evento beneficente”, dizem que não se encontrou patrocinadores, não houve tempo hábil para a confecção do prometido. Arte de Ademir Martins (foto/divulgação) Artistas geralmente são pródigos, se emocionam com qualquer pedido de socorro, sabendo disso os “espertalhões de plantão” se esbaldam, sem nenhum constrangimento. Aldemir Martins, ganhador do Prêmio de Desenho na XXVIII Bienal de Veneza era um alvo certeiro. Em um mês contabilizou 18 (dezoito) pedidos de doações. Um absurdo. Decidiu então perguntar quanto esperavam arrecadar com sua adesão, ao ouvir o valor, abria a carteira e fazia um cheque. Dizia que assim suas produções não se desvalorizariam nos leilões e bazares. Todo artista de qualquer área, sabe o quanto é importante ajudar o próximo e o fazem da forma natural. Explorações é ato indecoroso.