Garoto de 11 anos morre vítima de bala perdida; família diz que PM atirou

Hebert brincava na rua quando foi atingido; policiais foram presos

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  • Da Redação

Publicado em 15 de março de 2019 às 11:28

- Atualizado há um ano

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O estudante Hebert Felipe Souza Silva, 11 anos, morreu após ser atingido por uma bala perdida, enquanto brincava na Rua dos Pássaros, no bairro Jardim Brasília, em Camaçari, na Região Metropolitana de Salvador (RMS), no começo da noite de quinta-feira (14). A família acusa policiais militares de terem efetuado os disparos. O garoto ainda foi socorrido para o Hospital Geral de Camaçari (HGC), mas já chegou à unidade de saúde sem vida.

Segundo familiares, o menino brincava na rua de casa com amigos, quando foi alvejado. Em nota enviada às 11h40 desta sexta-feira (15), a Polícia Militar informou que os PMs que participaram da ação foram presos em flagrante.

Vizinhos contam que a criança estava com o peito coberto de sangue. Ele foi socorrido para o hospital pela própria polícia. Hebert era o caçula de três filhos da auxiliar de limpeza Gilcinalva Santana Souza Silva, 51. Ela conta que ouviu os tiros, mas acreditava que o filho estivesse na casa do vizinho, onde costumava ir todas as noites tomar banca (reforço escolar)."Eu não gostava que ele ficasse na rua, porque a polícia sempre costuma passar aqui em alta velocidade, eles não respeitam nem quebra-molas. Quando ouvi os tiros, se soubesse que meu filho estava do lado de fora, abriria o portão e teria dado a minha vida por ele", afirma.Segundo vizinhos do garoto, os policiais estavam em uma operação em busca dos adolescentes que fugiram da Case de Camaçari e chegaram na Rua dos Pássaros atirando. A  Secretaria de Segurança Pública do Estado (SSP-BA) nega que os policiais estiveram na rua com esse intuito. Segundo a pasta, um veículo modelo Corsa teria sido roubado na Radial e a Polícia Militar foi acionada.

A SSP-BA informou ainda que os policiais teriam localizado o veículo na Rua dos Passáros e, durante a perseguição, o suspeito perdeu o controle da direção e bateu o o carro. Em seguida, houve uma troca de tiros. Os suspeitos teriam conseguido fugir e, só depois, os policiais teriam encontrado o corpo da criança no local, segundo a SSP-BA.

No entanto, a versão é rebatida por moradores do local. Eles alegam que o incidente envolvendo o Corsa ocorreu nas proximidades da Brasilgás, que fica na Rua da Bandeira, a mais de 200 metros do local onde a criança foi baleada."Eles invadiram uma casa de uma senhora em busca de um rapaz e em outro momento botaram a arma na cabeça de um amigo de Hebert. Nessa hora, o pai do garoto disse: 'olha a merda que vocês fizeram'. Só então eles viram o corpo da criança no chão", contou um morador, que pediu para não ser identificado.De acordo com a SSP-BA, o caso é investigado pelas corregedorias da Secretaria de Segurança Pública e das polícias Civil e Militar. A pasta informou ainda que embora não haja indícios, eles apuram se o garoto estava envolvido no roubo do carro, as circunstâncias em que o carro foi roubado e de onde partiu o disparo que matou a criança.

Cartazes No local da morte, nesta sexta-feira (15), moradores exibiam faixas e cartazes pedindo justiça. A perícia foi ao local e isolou a área. Em várias casas da rua havia marcas de tiros e ainda cápsulas no local. A escola onde Hebert era aluno do 5º ano, Colégio Dom Pedro II, uma instituição particular da cidade, suspendeu as aulas nesta sexta. O corpo de Hebert será enterrado às 17h desta sexta-feira (15) no Cemitério Jardim da Eternidade, no bairro Lama Preta, em Camaçari.

Em nota, a PM informou que lamenta profundamente a morte da criança e que a equipe envolvida na ocorrência - quatro policiais - foi autuada em flagrante com base em indícios colhidos na Corregedoria da Polícia Militar, na manhã desta sexta-feira."O comando geral da corporação se solidariza com os familiares da vítima e reitera que todas as providências estão sendo adotadas para fazer cumprir a lei com rigor. Um Inquérito Policial Militar (IPM) foi instaurado e foram ouvidas as testemunhas e familiares da vítima, assim como os policiais militares integrantes da guarnição envolvida no fato", diz a nota.A PM informou ainda que, após realização de exames periciais legais, os policiais envolvidos na ação foram encaminhados e já estão na Coordenadoria de Custódia Provisória, localizada no bairro da Mata Escura.