Gilberto Gil e BaianaSystem lançam álbum ao vivo

Lançamento em vinil e streaming foi gravado no Parque de Exposições em Salvador

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  • Da Redação

Publicado em 30 de abril de 2020 às 05:11

- Atualizado há um ano

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Em novembro do ano passado, Gilberto Gil e BaianaSystem se juntaram para realizar um show considerado histórico por quem esteve no Parque de Exposições naquele dia. O projeto Encontros Tropicais, patrocinado por uma marca de cervejas, reuniu cerca de 35 mil pessoas.

O registro daquela apresentação, batizado Gil Baiana Ao Vivo em Salvador, chega hoje às  plataformas de música e sai também em vinil, pelo Noize Record Club, um serviço de assinatura de LPs, que são acompanhados de uma revista impressa.

No repertório, são sete faixas, incluindo clássicos de Gil, como Nos Barracos da Cidade, e canções do Baiana, como Dia da Caça. Há ainda faixas de outros artistas admirados pelos dois: é o caso de Is This Love, de Bob Marley (1945-1981). Há até uma citação a Água de Beber da dupla Tom e Vinicius. 

Mas chama a atenção a presença do reggae no álbum. Roberto Barreto, guitarrista do Baiana, explica a força do ritmo jamaicano no disco: "O reggae realmente está muito presente nele, assim como o ijexá e essa foi uma escolha do Baiana. O reggae tem uma influência enorme na obra de Gil, especialmente nos anos 80, quando ele começou a trabalhar com Liminha [produtor musical e coautor de Nos Barracos da Cidade]". Roberto lembra ainda a gravação de No Woman no Cry, que ganhou uma versão em português de Gil, Não Chore Mais, gravada no álbum Realce, de 1979.

Influência

O guitarrista reconhece a influência de Gil nas composições do BaianaSystem: "Gil praticamente nos mostrou o ijexá e uma fusão importante com a música pop, desde Refavela e de coisas anteriores e isso está presente em nosso trabalho".

Mas não foi apenas o ritmo das canções que foi levado em conta na hora de montar o repertório. "O discurso das músicas, a questão política, também nos aproxima um do outro. É o caso de Sarará Miolo", diz Roberto, referindo-se à canção cuja letra diz "Sara, sara, sara cura/ Dessa doença de branco/ De querer cabelo liso/ Já tendo cabelo louro/ Cabelo duro é preciso/ Que é para ser você, crioulo"

As cinco músicas de Gil que estão no disco passaram por transformações em relação à gravação original, mas, segundo Roberto, a essência delas foi mantida. "Tem clássicos ali que estão no nosso imaginário, então não podíamos mexer muito. Mas a gente insere umas programações, João Meireles [responsável por bases e synths] faz isso", observa o guitarrista.

Gil também acompanhou a produção das faixas, ainda que à distância, no período que antecedeu a apresentação no Parque de Exposições. Alguns músicos dele participaram do processo de criação, como o guitarrista Sérgio Chiavazzoli. "Quando começamos a levantar as músicas, a gente gravava e mandava pra eles. Gil fazia algum comentário, mas nos deixava à vontade", diz Roberto.

"Todo o processo até a realização do show foi bem tranquilo: os ensaios, os encontros com ele [Gil]... Todas as etapas foram de muita alegria", diz o guitarrista do Baiana. Mas ele reconhece que os integrantes do grupo não deixaram de se comportar um pouco como fã de Gil: "A gente fez questão de assistir ao show no backstage e na hora ia passando um filme na nossa cabeça: ver aquelas músicas tão importantes e poder participar daquilo... além disso, era praticamente abertura do Verão baiano e o Baiana tinha tempo que não tocava em Salvador. Foi um misto de reverência e celebração", recorda-se Roberto.

Além do lançamento nas plataformas de música, Gil Baiana Ao Vivo em Salvador sai em vinil, formato que está ganhando espaço no mercado, especialmente entre colecionadores. "O último álbum do Baiana já não havia sido lançado em CD e entendemos que o vinil tem um outro tipo de demanda. No streaming, você às vezes não houve exatamente como um álbum, com as canções na sequência.Então, em vinil, é outra experiência. Não se trata de ser melhor, mas é diferente, até porque essa versão da Noize tem também uma revista com textos contando histórias relacionadas ao disco", diz Roberto, que agora vai incrementar a sua coleção de vinil.