GNV sobe na Bahia e motoristas temem inviabilidade do combustível

Bahiagás garante que a tendência é a de que o preço se estabilize e até caia nos próximos meses

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  • Carmen Vasconcelos

Publicado em 16 de fevereiro de 2019 às 06:00

- Atualizado há um ano

. Crédito: Roberto Vianna/Arquivo Correio

A vida dos motoristas que usam o GNV em seus carros não tem sido fácil desde que o combustível foi reajustado em 1,64%, fazendo com que a tarifa passasse para R$ 1,65/m³ sem a cobrança de impostos. 

De acordo com a Bahiagás, o reajuste foi autorizado pela Agência Estadual de Regulação de Serviços Públicos de Energia, Transporte e Comunicações da Bahia (Agerba) e diz respeito à variação do preço de aquisição do gás natural junto à Petrobras ocorrida neste mês, e que ocorre a cada três meses (diferente da gasolina e diesel, que variam com menor periodicidade).

De acordo com o gerente Comercial e Grandes Clientes da Bahiagás, Elismar Correia, a empresa não possui qualquer influência nos preços praticados nas bombas dos postos de combustível. “Apesar do aumento, é preciso levar em consideração que o GNV ainda é 50% mais vantajoso economicamente que os demais combustíveis e o ganho ecológico é 20% maior que o da gasolina e 15% maior que o etanol”, esclarece.

Em nota, a empresa garante que mesmo com o reajuste, o GNV possui um rendimento até 25% maior que o da gasolina e 50% em relação ao álcool. Sem contar outras vantagens, como a elevação da vida útil do motor e os baixos níveis de poluição. 

Para o presidente do Sindicato dos Motoristas de Aplicativo, Átila Santana, a realidade do reajuste coloca os motoristas, especialmente os de aplicativo, numa situação deprimente, pois a instalação é cara e o reajuste inviabiliza a troca, feita geralmente como uma forma de garantir um lucro maior e melhores condições de trabalho.“Muitos motoristas estão desistindo de permanecer atuando, pois ao reajuste do GNV se junta ainda a competição das empresas que, na busca de conquistar o cliente, lança os valores das corridas muito abaixo do que seria possível para manter uma condição digna de trabalho”, afirma.  Para os que temem o fato de que o GNV assuma patamares semelhantes aos da gasolina ou do etanol, o representante da Bahiagás afirma que isso dificilmente acontecerá. “A perspectiva é que os valores do GNV se estabilizem e cheguem até a sofrer redução, pois tudo aquilo que influencia o aumento – como a cotação do dólar – volta a patamares mais baixos”, garante. Ele  ressalta ainda que a Bahiagás vem buscando trabalhar com pequenos produtores, ampliando a oferta do produto e com isso reduzir o preço do combustível.

Aliado a isso, ele acredita que com a exploração do pré sal, em breve o GNV esteja mais disponível. “Em cidades europeias como Madrid, por exemplo, já há uma proibição da circulação de automóveis a diesel, por exemplo, e o gás termina sendo uma opção mais sustentável. Então acreditamos que o Brasil também adote políticas mais sustentáveis para o combustível”, completa. 

A instalação do kit que possibilita a conversão para o GNV pode custar até R$ 5mil e demora cerca de uma semana para ser efetivada numa oficina credenciada junto ao Inmetro. Vale salientar que o custo vai depender do modelo do automóvel onde o kit será instalado e o tipo de aparelho, que varia dos convencionais (3ª geração) até os de injeção (5ª geração).  O valor da vistoria para instalação no Detran é de R$ 104,20 e a taxa de alteração veicular é de R$ 60,75.

Na Bahia, segundo o Detran, cerca de 56 mil veículos usam o GNV como alternativa de combustível atualmente no estado.