Grupo promove ato em memória de estudante morto pela PM e contra genocídio negro

Micael Silva, 12 anos, foi morto em uma ação policial no Vale das Pedrinhas

Publicado em 21 de junho de 2020 às 12:22

- Atualizado há um ano

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Uma manifestação em memória do estudante Micael Silva, 12 anos, morto durante uma ação policial no Vale das Pedrinhas, será realizada na tarde deste domingo (21), às 16h. O ato, chamado Justiça para Micael Silva, está marcado para acontecer no fim de linha do bairro. 

A manifestação também é um protesto contra o genocídio do povo negro e é organizada pelo grupo Reaja ou Será Morto. Micael tinha apenas 12 anos e foi baleado durante uma operação da Polícia Militar na noite do dia 14 de junho. Na ocasião, a PM diz que encontrou o menino caído após confronto com homens armados. Já a família de Micael contesta a versão policial e diz que ele morreu quando tentava se proteger dos militares, que chegaram atirando.

Vidas negras importam, mas desde que estejam longe daqui Ato será em memória do adolescente Micael (Foto: Reprodução) Segundo nota da PM enviada ao CORREIO, pouco depois das 21h, policiais militares da 40ª Companhia Independente da Polícia Militar (CIPM/Nordeste de Amaralina) foram acionados pelo Centro Integrado de Comunicação (Cicom) para atender a uma ocorrência de homens armados na Rua Santo André, no Vale das Pedrinhas, quando foram recebidos a tiros.

“Houve troca de tiros e, ao cessar os disparos, os policiais encontraram um menino de 12 anos atingido, que foi socorrido para o Hospital Geral do Estado, onde não resistiu aos ferimentos.  No local onde houve o confronto, a guarnição encontrou ao solo um revólver calibre 38, duas porções de crack e de pasta base para cocaína, 50 pinos de cocaína e 17 trouxas de maconha”, diz trecho da nota. 

Familia Para os parentes de Micael, não há dúvida de que ele foi morto pela PM. Eles contam que o menino saiu de casa no Areal, em Santa Cruz, para empinar pipa. “Como ele conhece toda região, no final da tarde, entrou na rua Santo André e ficou conversando com os amigos. Ele não se envolvia com coisas erradas, nunca foi conduzido pela polícia”, contou o pai de Micael, o auxiliar de serviços gerais Maurício dos Santos Menezes. 

O pai disse que, por volta das 18h, policiais chegaram à rua atirando, um comportamento habitual na comunidade.

“Como eles (policiais) só aparecem assim, distribuindo bala para todo mundo, meu filho e os demais correram, natural, pois quem quer receber bala de graça? Ninguém”, disse o pai.

Maurício relatou que Micael corria da saraivada de tiros quando foi atingido no pescoço e acabou entrando numa casa para pedir ajuda. ”Todo mundo viu a hora que meu filho foi atingido. Uns disseram que um dos policiais chegou a mirar nele. Meu filho foi tirado pelos policias de uma casa onde foi pedir socorro já morto. Antes de jogaram o corpo dele na viatura como um animal abatido, exibiram o corpo dele como um troféu”, desabafou o pai do menino.