Grupo recupera depósitos irregulares de lixo perto de escolas de Salvador

No próximo dia 30, o coletivo realizará o plantio de mudas numa escola municipal no bairro do Lobato

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  • Carmen Vasconcelos

Publicado em 22 de novembro de 2018 às 06:00

- Atualizado há um ano

. Crédito: Matheus Tanajura/Divulgação

A jornalista e permacultora Débora Didonê chegou em Salvador em 2011. Em suas andanças pela capital baiana, percebeu inúmeros espaços vazios da cidade que poderiam estar servindo como praças, hortas ou locais de convivência, mas que estavam ocupados por lixo. Inconformada com a situação, ela buscou as ações de um grupo de diversos setores da sociedade civil organizada que discutiam a cidade. Surgia então a ideia de criação dos Canteiros Coletivos.

A proposta, que virou um movimento social, hoje é um negócio que mobiliza moradores, comerciantes e cidadãos para a conservação e o bom uso do espaço público enquanto patrimônio de todos. Para tanto, o coletivo realiza mutirões de limpeza, plantio e intervenção artística, com a participação de voluntários e doações colaborativas, e ações contínuas de plantio, manutenção, pintura e ocupação cultural dos espaços.

“Começamos com um canteiro no Canela e não paramos mais”, conta, lembrando que o grupo já fechou parcerias com o Escritório Modelo de Arquitetura da Universidade Federal da Bahia (UFBA), que os convidou para recuperarem áreas verdes na comunidade do Gantois, além de também terem atuado no Cine Teatro Solar Boa Vista, no projeto Bairro-Escola Rio Vermelho e na ONG Estrela da Paz de Valéria.

O coletivo também realiza oficinas formativas com tecnologias sociais para capacitar as comunidades, organizações, condomínios e empresas na manutenção das áreas verdes e no uso mais sustentável do espaço público; e disponibilizam aulas gratuitas, online, sobre princípios da ecologia, jardinagem e paisagismo, arte urbana e tecnologia da informação e comunicação.

"Percebemos que quando não há um vínculo com a comunidade, não adianta recuperação, pois os espaços terminam sendo vandalizados, então a ideia é intermediar a relação entre as comunidades e o poder público”, completa Débora.

Ela diz, ainda, que a intermediação entre diálogos e vivências também tem sido uma das tarefas do coletivo. “Estamos aprendendo a dialogar com diversos setores da sociedade e, aproveitando esse aprendizado, mostrando como é fundamental a participação de todos para que os espaços públicos, de fato, possam ser bem utilizado pelas comunidades”, esclarece.

O último trabalho realizado com o coletivo é, inclusive, uma parceria entre a administração pública e a iniciativa privada através do edital Escola Verde com Afeto, que definiu a recuperação de depósitos irregulares de lixo localizados na frente das escolas. Na verdade, 200 unidades educacionais se inscreveram, mas o trabalho se concentrou em seis com as características mais adequadas para a atuação. Atualmente, eles estão concluindo o trabalho na quinta dessas escolas que, após a atuação, deixaram de recolher cerca de 15 toneladas de lixo que eram simplesmente descartadas nesses locais sem qualquer cuidado ou tratamento.

De acordo com Débora, a atuação poderá ser conferida no próximo dia 30 de novembro, quando o coletivo realizará uma roda de conversas na comunidade do Lobato sobre a importância de manutenção dos espaços públicos. A ação será realizada das 7h30 às 11h30, na Escola Municipal Professora Eufrasina Miranda. Além do bate-papo, o Canteiro também realizará o plantio de mudas de árvores.  

“Nessas escolas, transformamos os depósitos irregulares em jardins com painéis artísticos. Uma vez que as áreas estejam recuperadas, as instituições de ensino e a comunidade então ficam responsáveis por manter os espaços limpos e livres de sujeiras”, completa, enfatizando a necessidade de garantir a manutenção desses espaços. 

Para conhecer mais das ações do Canteiros Coletivos, acesse o site: canteiroscoletivos.com.br