Há muita coisa em jogo

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Publicado em 15 de novembro de 2018 às 05:00

- Atualizado há um ano

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Você, torcedor, certamente não está nem aí para as contas a seguir e não tem que estar mesmo, afinal, torcer é um ato de amor ao time e ao futebol.  O objetivo final do esporte é ser campeão, não é ser o mais rico nem o mais organizado.  Aí é que entram os números, pois essa tal caixinha de surpresas segue uma lógica, na maioria das vezes. E a lógica é que o clube mais rico e mais organizado disputa mais taças, tanto que nove dos 15 títulos brasileiros nos pontos corridos ficaram com times paulistas - e o deste ano deve ficar também. Cruzeiro (3), Fluminense (2) e Flamengo (1) levaram os outros seis.

Para quem torce por um time do Nordeste, brigar por título de pontos corridos passa necessariamente pelo aumento de receitas do clube. Há uma distância enorme a ser reduzida em relação aos do Sudeste e Sul, a começar pela de TV, verba principal dos times brasileiros. E essa distribuição das cotas televisivas seguirá novo modelo a partir de 2019. Pela primeira vez, os clubes da Série A terão 40% da cota da Globo distribuída igualmente. Mais 30% serão pagos de acordo com a colocação final no campeonato anterior e outros 30% de acordo com a audiência. Até este ano, vigora o modelo baseado na audiência e tradição.

Não pense que, para um time nordestino que ficar na Série A, a diferença de receita de TV será reduzida em relação a Flamengo e Corinthians, por exemplo. Esses clubes negociaram novas maneiras de manter suas receitas lá em cima, através de luvas, placas publicitárias e pay per view, que contará por torcedor cadastrado em todas as cidades, e não mais só nas capitais (a preferência por Flamengo e Corinthians no interior é notável). Segundo estudo da consultoria Ernst & Young, a diferença de receita da dupla para os demais deve até aumentar.

Por outro lado, para quem for rebaixado, a situação piora drasticamente. E a preocupação com rebaixamento é uma realidade para os representantes nordestinos anualmente.

Isso porque, diferentemente do que aconteceu até 2018, quando um clube rebaixado mantinha a verba de TV no primeiro ano pós-rebaixamento, a partir de 2019 isso não acontecerá mais. Em resumo, 2018 é o pior ano para cair para a Série B, pois geraria uma queda brusca de receitas, só que com grande chance de o time não conseguir cortar as despesas com a mesma rapidez.

O Vitória, que recebeu R$ 50 milhões com a sua maior fonte de receita em 2018, cairia para cerca de R$ 9 milhões em 2019 caso jogue a segunda divisão. Ou seja, o orçamento do clube, projetado neste ano em R$ 102 milhões, diminuiria para cerca de R$ 61 milhões, uma redução de aproximadamente 40% logo de partida – isso se a projeção do orçamento feita em março se concretizar em 31 de dezembro.

Como manter Neilton, por exemplo, que custa cerca de R$ 3,5 milhões anuais e tem contrato até maio de 2020? Como quitar a dívida com a própria Globo, que adiantou receitas ao Vitória na gestão de Raimundo Viana e elas serão pagas em quatro parcelas anuais de R$ 4,5 milhões a partir do ano que vem? São questões que o torcedor não precisa responder, senão fica mais sofrido ainda, mas preocupam os dirigentes.

Deu para perceber o quanto o jogo contra o Sport valia? Para o torcedor, o cálculo é simples: ficar ou não na Série A. Para o funcionamento do clube, é uma queda de patamar que abalaria as estruturas.

Herbem Gramacho é editor de Esporte e escreve às quintas-feiras