Hang mostra placas na CPI, irrita senadores e Omar expulsa advogado do depoente

Sessão com depoimento do dono da Havan foi suspensa após bate-boca

  • D
  • Da Redação

Publicado em 29 de setembro de 2021 às 12:39

- Atualizado há um ano

. Crédito: Edilson Rodrigues/Agência Senado

O empresário Luciano Hang irritou parte dos senadores que atuam na CPI da Covid, no final da manhã desta quarta-feira (29), ao levar placas com dizeres como: "Não me deixam falar".

O presidente da comissão, senador Omar Aziz (PSD-AM), pediu para que as placas fossem retiradas e suspendeu a sessão.  Ele também pediu que um advogado de Hang, que se envolveu em discussão com o senador Rogério Carvalho (PT-SE), deixasse a sessão. As informações são do G1.

Sessão tumultuada A sessão começou já com diversas discussões, e se manteve tensa durante todo o tempo até a suspensão.

Antes do depoimento, Omar perguntou a Hang se ele se comprometia a dizer a verdade. A defesa do empresário, então, respondeu que ele não deveria se comprometer por estar na condição de investigado, não de testemunha.

Em sua fala inicial, Hang mostrou, com autorização de Omar, um vídeo sobre sua empresa. Senadores protestaram e argumentaram que se tratava de propaganda. Disseram também que o vídeo não tinha relação com nenhum assunto de interesse da CPI.

Após mais discussões entre os senadores sobre o vídeo e também sobre como deveria ser feita a sessão, a palavra passou para o relator, Renan Calheiros (MDB-AL).

Renan leu um texto em que disse que, ao longo de toda a história, governos sempre tiveram um "bobo da corte". O relator prosseguiu com as metáforas e alusões a circos. Ele falou em "malabaristas da milícia", "marionetes do crime". Por fim, disse que só restou o "globo da morte", em referência aos quase 600 mil mortos da pandemia.

O senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ), filho do presidente, que não costuma frequentar as sessões da CPI, saiu em defesa do dono da Havan. Disse que Renan estava chamando o empresário de "bobo da corte". Renan disse que estava lendo um texto e que não ofendeu ninguém.

Interrupções A todo momento a sessão era interrompida por algum senador. Mesmo assim, Renan conseguiu fazer três perguntas para Hang. Perguntou se o empresário tinha conta no exterior e empresas em paraísos fiscais. Hang respondeu que sim.

Renan também questionou se a empresa do empresário bolsonarista já havia recebido incentivos fiscais de governo. Hang também respondeu que sim.

A pergunta seguinte foi se a empresa de Hang já havia recebido financiamento de bancos públicos. Nesse ponto, Hang não quis responder de forma direta.

O relator pediu para ele ser objetivo. Senadores aliados ao governo saíram em defesa do empresário, dizendo que as respostas não podiam ser simplesmente sim ou não.

Discussão com advogado Em meio às discussões sobre como deveriam ser feitas as perguntas ao empresário e como deveriam ser as respostas, o senador Rogério Carvalho (PT-SE) se desentendeu com um dos advogados de Hang.

Os microfones não captaram o que o advogado disse para o Rogério. O senador ficou irritado, elevou o tom de voz e pediu para Omar expulsar o advogado da sala.

A partir daí, o tumulto se generalizou. Enquanto o senador Rogério Carvalho pedia a retirada do advogado, Hang, da tribuna, balançava as mãos fazendo um sinal de "menos". "Olha, está me provocando", afirmou Carvalho. "Isso é desacato, presidente", afirmou a senadora Eliziane Gama (Cidadania-MA).

O senador Jean Paul Prattes (PT-RN) criticou que Hang percebeu que tinha liberdade para falar o que quiser e fazer o que quiser.

Aziz pediu para Hang entregar para a segurança do Senado as placas que o empresário havia levado para a comissão. Nessa hora, Hang levantou uma das placas dizendo "não me deixam falar".

Em seguida, Aziz determinou a saída de um dos advogados e determinou a suspensão da sessão, que foi retomada pouco astes das 13h.