Herbem Gramacho: Não estraguem a Copa do Nordeste

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Publicado em 22 de junho de 2017 às 05:00

- Atualizado há um ano

A Copa do Nordeste precisou de duas décadas para se consolidar de vez entre todos os atores do futebol brasileiro: torcedores, clubes, federações, patrocinadores. Mas agora o cenário volta a ser tenso. Superada a parte mais difícil, que envolveu disputa judicial entre a CBF e a Liga de Clubes do Nordeste, cuja vitória dos clubes garantiu a competição no calendário nacional até 2022, eis que os próprios dirigentes dos times colocam o Nordestão novamente num emaranhado.Tudo partiu de uma canetada – na prática, uma virada de mesa – dada com o propósito inicial de aumentar a atratividade do torneio. Isso porque, desde 2015, com a entrada das equipes do Maranhão e Piauí, a Copa do Nordeste inchou de 16 para 20 clubes e, com isso, aumentou o número de partidas consideradas “pouco atraentes” na fase de grupos.Daí em diante, os dirigentes erraram a mão. Para voltar à fórmula com 16 clubes, mas sem excluir maranhenses e piauienses, criaram uma seletiva envolvendo oito times mesmo depois que os estaduais deste ano – usados como classificatórios para o regional – já estavam em andamento. O Fluminense de Feira, que em janeiro começou o Campeonato Baiano disputando uma das três vagas na fase de grupos do Nordestão, terminou maio em 3º lugar e ficou com vaga somente na tal seletiva, que o Touro disputará em paralelo com a Série D, em um mata-mata em julho.Se toda essa explicação parasse aí, menos mal. Mas depois de reduzir o tamanho do campeonato, os dirigentes deram um jeito de garantir que os “grandes” não fiquem de fora. Em nome da atratividade do campeonato, repetiram a prática utilizada pela CBF no Brasileirão de 1993 para premiar o Grêmio e na Copa João Havelange de 2000 para beneficiar Fluminense e Bahia. Os cartolas dos principais clubes nordestinos mudaram a fórmula de classificação ao torneio regional, apresentando como novidade o ranking nacional de clubes como critério de entrada. Ou seja, se o Vitória for eliminado nas quartas de final para o Colo Colo novamente, como aconteceu em 2015, o rubro-negro não mais ficará fora da Copa do Nordeste (como ficou em 2016), pois entrará pelo ranking. Este ano, o Ceará ficou ausente pelo mesmo motivo. E os clubes ditos pequenos, como ficam? Não ficam, já que os fundadores da Liga de Clubes do Nordeste, maioria entre os que têm poder de voto na assembleia, são os grandes.O ponto de tensão agora está em Pernambuco, onde os três grandes foram voto vencido e ameaçam se desfiliar da liga. Principal absurdo: o Salgueiro, que volta e meia abre suas asinhas e toma o lugar de uma das três camisas tradicionais do Recife, precisará ser campeão estadual para jogar a Copa do Nordeste, pois se for vice ou terceiro colocado ficará de fora por causa do ranking. No entanto, o trio de ferro Sport-Santa-Náutico anda insatisfeito é porque obrigatoriamente um da trinca terá que disputar a seletiva.Muita água ainda vai rolar debaixo dessa ponte. Por enquanto, as conversas estão restritas às reuniões de bastidores em Salvador e no Recife. Nessa hora é preciso ter calma e boa articulação, mas parece certo que não há como agradar a todos. Só espero que os dirigentes não desagradem quem mais tem tido felicidade com a querida Lampions League: o torcedor.Herbem Gramacho é editor de Esporte e escreve às quintas-feiras.