‘Herodes ainda sobrevive nas mazelas sociais’, diz bispo auxiliar Dom Marco

Igreja da Santíssima Trindade celebra missa em memória às crianças e adolescentes assassinados

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  • Yasmin Garrido

Publicado em 28 de dezembro de 2018 às 12:58

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Yasmin Garrido/CORREIO

A Igreja da Santíssima Trindade, localizada na Avenida Jequitaia, em Salvador, recebeu na manhã desta sexta-feira (28) a Solenidade dos Santos Inocentes, uma celebração em memória às crianças assassinadas há 2018 anos a pedido do rei Herodes. A Bíblia traz que, na verdade, o objetivo dele era matar Jesus, à época recém-nascido.

A missa foi presidida pelo bispo auxiliar da Arquidiocese de Salvador, Dom Marco Eugênio Galrão Leite de Almeida. Para ele, “Herodes vive ainda nos tempos atuais, sob a forma do abandono às crianças e adolescentes, que sofrem com as mazelas sociais, em especial a violência”.

A celebração foi organizada pela Ação Social Arquidiocesana (ASA), por meio da Pastoral Catequética, Pastoral da Juventude (PJ), Pastoral da Criança, Infância e Adolescência Missionária, Projeto Consolação e Pastoral do Menor (Pamen).

A Irmã Rosália, representante do Projeto Criança Feliz, que atua nos bairros de Fazenda Coutos, Nova Brasília e Valéria, explicou que “a missa faz parte de uma tradição, sempre após o Natal, para lembrar das crianças inocentes vítimas de Herodes”.

Ainda segundo ela, “as crianças ainda vivem em situação de vulnerabilidade, sendo dependentes dos pais, responsáveis e de políticas sociais, sofrendo maus tratos, principalmente aquelas moradoras de bairros pobres”, o que torna necessária toda e qualquer ação para tirá-las da marginalidade.

Elaine Amaral, que também estava na Igreja da Santíssima Trindade nesta sexta-feira como representante da ASA, afirmou que a entidade reúne todas as pastorais sociais para ações nos bairros menos favorecidos da capital baiana.

“A gente encontra, muitas vezes, dificuldade de entrar no ambiente familiar, sendo esse o maior desafio dos projetos: fazer com que pais e mães entendam a importância de proporcionar uma vida saudável e de oportunidade aos filhos”, declarou.

A articuladora da Pastoral da Criança, Maria da Conceição da Cruz, que atua no projeto desde 1995 contou ao CORREIO que, ainda hoje, existem dificuldade em tirar a criança e o adolescente da marginalidade. “A gente observa que nesses 23 anos o número de voluntários reduziu drasticamente. Então, a gente precisa chamar a população para perto de nossas ações, que hoje têm foco da qualidade de vida do jovem, na alimentação saudável, no controle da desnutrição e da obesidade”, disse.

Toda a celebração na Igreja da Santíssima Trindade foi repleta de crianças e adolescentes, que leram passagens da Bíblia, cantaram e fizeram pedidos de paz e união, além de entregarem, ao final da missa, um presente ao bispo auxiliar da Arquidiocese de Salvador, Dom Marco Eugênio.

As homenagens aos Santos Inocentes continuam ao longo do dia, finalizando com uma Missa Campal no bairro de Tancredo Neves, com a participação de crianças e adolescentes da Catequese Musical de Salvador, um serviço de instrumentação gratuito.

Questionada sobre a quantidade de crianças e adolescentes assassinadas na Bahia, a Secretaria da Segurança Pública da Bahia (SSP-BA) informou que não tinha esses dados para enviar para a reportagem. 

*com supervisão do chefe de reportagem Jorge Gauthier