Hoje é a Lavagem de 'Cachaceiras' IV x 0

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  • Paulo Leandro

Publicado em 24 de março de 2019 às 05:00

- Atualizado há um ano

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Hoje, tá fácil. Aliás, vamos falar em nossa Língua Pátria, o americanês (Trump curtiu). Toca Gun’n Roses: “it’s so easy!”. É dia de reposicionar com dignidade o nosso amado Bi. O adversário, o Salgueiro, inexiste se comparado ao Tricolor de Aço – Inoxidável!

A avaliação é lídima, pois o que constrói o clube são suas histórias. O Salgueiro tem mais enredo na quadra da escola de samba do Rio que no quadrilátero verde das quatro linhas. Time pequeno, não há como resistir ao Titã da Itinga.

Lá na região do Salgueiro, como ocorreu em todo o processo civilizatório nas terras chamadas hoje de ‘Brasil’, os cariris foram dizimados. Os portugueses e outras pragas trouxeram a sífilis, a culpa e a cruz. Ah, e os arcabuzes, claro... Extermínio total!

Foi o que também fizemos com as 47 aldeias tupinambás do entorno de Salvador; e estamos prestes a repetir a matança com os últimos indígenas, que ficam muito abaixo de Deus e do Brasil, na escala de valores do momento.

Reza a lenda – e se é lenda, vale mais -, que Salgueiro nasceu de uma criança perdida. Já fazia três dias que ninguém achava o menino. Foi aí que um jagunço do papai Manuel o encontrou debaixo de um pé de salgueiro, chamado de chorão, como o filho do fazendeiro.

O lugarejo foi crescendo até virar cidade de 60 mil almas, 10 vezes menor que as nossas ‘cachaceiras’, como dizia, com seu sotaque basco, o empresário e político Pedro Irujo (lê-se Irurro), que tanto contribuiu para nossas comunicações.

Então, podem acreditar no Bi, o Grande Bahia, massacrando o equivalente ao combinado de uma das 10 ou 20 ‘cachaceiras’, sei lá quantas. É o que vai acontecer hoje no Pavão, para alegria dos vizinhos da torcida Brahma Chopp Tricolor.

Para quem odeia nordestino – e não são poucos - , Salgueiro precisa mesmo é levar um foguetaço lá de Alcântara: a cidade é a encruzilhada da região da resistência. Lugar certo para arriar ebós gigantes aos exus que ali circulam como mensageiros sem fake news. 

O fato é que o clube do menino chorão tem razão para lágrimas. A torcida beata cultua um mártir, um santo, um Aquiles: o capitão Alisson, decisivo para o time se firmar, morreu de acidente de carro. Deu seu sangue nos primeiros anos do clube, de 2005 a 2009.

O milagre de São Alisson foi testemunhado já em 2009: o Salgueiro fez o que nenhum time do interior baiano teve a honra, desde que começou o atual sistema de acesso e descenso: subiu para a Série B vencendo o Paysandives, em Belém, de virada, por 3x2.

Triste Bahia, ó quão dessemelhante: quando tem baiano na Série B é o Bahia, que por lá penou uma boa temporada, ou o Vitória, curtidor do balancinho, subindo e descendo. Nenhum dos nossos menorzinhos obrou o milagre do beato ‘cachaceira’.

Por falar em Vitória, meu relacionamento sério, o ‘cachaceira’ do sertão eliminou o Leo, e chegou às oitavas da Copa do Brasil em 2013. Pois é, o Carcará, mais carniceiro que nosso Atlético, às vezes pega impulso.

Mas é raríssimo! O jogo hoje é perfeito para relançar o Bolo Tricolor, loteria cuja renda enchia o cofre do Bahia na era arcaica. Bastava acertar o placar para pagar um boleto de multa de trânsito. Eu aposto em 4x0!

Paulo Leandro é jornalista e professor Doutor em Cultura e Sociedade