Hospital Roberto Santos vai operar cérebro enquanto paciente estiver acordada

Mulher de 34 anos tem tumor em área da linguagem e, por isso, precisará falar durante intervenção

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  • Da Redação

Publicado em 4 de abril de 2019 às 17:39

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Amanda Oliveira/GOVBA

Uma paciente internada no Hospital Geral Roberto Santos (HGRS), em Salvador, será submetida a uma cirurgia enquanto estiver acordada na próxima terça-feira (9). Isso porque A.S.M, 34 anos, tem um tumor localizado na área da linguagem e, para estimular o local, é preciso que ela se comunique com os profissionais da neurocirurgia.       Segundo a assessoria da unidade, a técnica, feita com o crânio aberto, é conhecida como "awake craniotomy" (craniotomia acordada, em tradução literal). Normalmente, durante o procedimento, o paciente precisa responder a perguntas simples, a exemplo de “quais os dias da semana?”, mas há casos em que deve resolver uma operação matemática ou tocar um instrumento musical. 

De acordo com o coordenador do serviço de neurocirurgia do HGRS, Leonardo Avellar, a cirurgia é usada para a remoção de tumores cerebrais que estão próximos às áreas que controlam linguagem e movimento do corpo. “Nós temos cerca de uma hora e meia para tentar retirar a lesão”, conta. Leonardo Avellar, coordenador do serviço de neurocirurgia do HGRS, diz que cirurgia deve durar cerca de 1h30 (Foto: Camila Souza/GOVBA) Referência em neurocirurgia  Diretor-geral do HGRS, o médico anestesista José Admirço Lima Filho, lembra que o hospital passa por uma grande reestruturação e, nesse sentido, existe um entendimento para que ele se torne cada vez mais vocacionado para áreas específicas, como a neurocirurgia. “Temos buscado, ao máximo, um incremento quanto ao atendimento referente à neurocirurgia. Hoje, o hospital conta com uma bioimagem, que tem ressonância e tomografia de ponta, e também estamos aprimorando a qualificação da equipe”, detalha ele.

Para o gestor, o chefe da neurocirurgia conseguiu agregar um grupo de cirurgiões diferenciados, com condições de realizar os procedimentos mais complexos. “Nós ficamos muito felizes porque conseguimos integrar essa especialidade ao SUS [Sistema Único de Saúde], cumprindo a meta de oferecer assistência qualificada e humanizada ao usuário”, comemora José Admirço. 

A tendência do Governo do Estado da Bahia de vocacionar as unidades da rede de saúde, conforme o secretário Fábio Vilas-Boas, resulta em mais produtividade: “a concentração de especialistas e leitos específicos impacta em mais resolutividade. Os benefícios são visíveis não apenas para os pacientes, mas, ainda, para estudantes e residentes de medicina, que, em um ambiente rico e complexo, são capazes de adquirir mais conhecimento”.