Iate de luxo que está há seis anos na Bahia Marina será leiloado

Lance mínimo de R$ 26,8 milhões é o maior já registrado na Bahia

  • Foto do(a) author(a) Gil Santos
  • Gil Santos

Publicado em 16 de maio de 2018 às 18:00

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Marina Silva/ CORREIO

Iate está avaliado em R$ 26,8 milhões (Foto: Marina Silva/ CORREIO) Imagine um apartamento de luxo. Os cômodos são grandes, as janelas amplas e o piso é revestido por tapetes e carpetes macios. Uma escada de madeira com detalhes em dourado leva aos três pavimentos superiores do imóvel, enquanto na cobertura uma piscina espera pelos moradores e convidados.

Essa seria a descrição de um imóvel comum, não fosse o fato dele flutuar e estar ancorado na Bahia Marina, ao lado da Avenida Contorno, em Salvador.

Avaliado em R$ 26,8 milhões, o iate de luxo Big Aron atrai os olhares de quem sobe ou desce pela Contorno. Ele será leiloado pela Receita Federal no dia 8 de junho, mas os interessados já podem formular propostas a partir desta quarta-feira (16) através do site da instituição.  Iate está há seis anos na Bahia Marina (Foto: Marina Silva/ CORREIO) Com 40 metros, ou 133 pés de comprimento, além de cinco andares, a embarcação é a maior ancorada no terminal e foi aberta para a visitação. Quem tiver interesse pode conhecer as instalações do iate nos dias 23 e 30 de maio.  Iate tem uma piscina no deck (Foto: Marina Silva/ CORREIO) Turismo Segundo o auditor-fiscal e delegado da Alfândega da Receita Federal do Brasil em Salvador, Fernando Antônio Oliveira, a questão envolvendo essa embarcação vem de longe: desde 2011, pelo menos. Em novembro daquele ano, um brasileiro entrou com o iate no porto de Fortaleza (CE) vindo de fora do Brasil, de uma região não divulgada pelo delegado.

“Foi identificado que se trata de uma embarcação estrangeira, usada, que foi introduzida no Brasil suspostamente como embarcação de turismo. Ela pertenceria a um suposto turista russo que nunca veio ao Brasil. Quando ela passou por vistorias, em fevereiro de 2012, foram identificadas irregularidades”, disse. Um dos cinco quartos da embarcação (Foto: Marina Silva/ CORREIO) O delegado explicou que quando um turista ou um brasileiro que mora no exterior entra com um veículo no Brasil, seja um iate ou um carro, a mercadoria é registrada em regime especial de importação.

Nesse modelo, o proprietário não paga impostos ao fisco e a permanência do veículo fica condicionada ao tempo do visto ou de visita do dono. O regime especial é obrigatório para todos os produtos estrangeiros usados que entram no país, diferentemente das importações de mercadorias novas que seguem outra política.

Quando fizeram a vistoria, em 2012, os auditores da Receita Federal descobriram que a embarcação não pertencia a nenhum turista russo como havia sido informado pelo brasileiro em 2011, mas, sim, a uma empresa estrangeira. A nacionalidade dela não foi divulgada. Além disso, o prazo de permanência do iate no país já havia expirado. Iate tem cozinha equipada (Foto: Marina Silva/ CORREIO) A Receita apreendeu a embarcação e acionou a justiça. A pena para esse tipo de crime é o confisco do bem. A empresa proprietária do iate recorreu e teve início uma batalha judicial que terminou no ano passado com a vitória do governo federal.

Agora, o Big Aron vai a leilão. Durante os cinco anos de disputa judicial, a empresa proprietária manteve a tripulação e a manutenção da embarcação. Nos últimos meses, a Receita fez uma avaliação do bem e resolveu leiloá-lo pela bagatela de R$ 26,8 milhões. Apesar de assustar, o montante está abaixo do valor de mercado, segundo o delegado.

O lance mínimo de R$ 26,8 milhões é o maior já registrado na Bahia para lote único e um dos maiores do Brasil. O iate possui duas lanchas, uma com motor de 370hp e a outra de 240hp, além de dois jet-skis Yamaha. Delegado contou que o iate chegou ao Brasil em 2011 (Foto: Marina Silva/ CORREIO) A embarcação foi fabricada em 2004 pelo estaleiro dinamarquês Assens Skibsvaerft, possui cinco andares, incluindo o flybridge (área aberta superior), cinco quartos com capacidade para acomodar até 10 passageiros, além de cabines para 11 tripulantes.

Há ainda cozinha, sala de ginástica, cinco banheiros e uma piscina no deck. As instalações estão equipadas com fogão, micro-ondas, quatro geladeiras, duas máquinas de lavar e um televisor LCD de 52 polegadas. O leilão será no dia 8 de junho, via site da Receita Federal. Embarcação é considerada padrão de luxo (Foto: Marina Silva/ CORREIO) Outras Outras duas embarcações serão leiloadas junto com o Big Aron. O veleiro esportivo francês Vento, modelo Amel 56. A embarcação foi fabricada em 2008, possui casco em fibra, comprimento total de 17,2 metros e motor Volvo Penta, 110hp. O lance mínimo é de R$ 1,68 milhão.  

Já o veleiro-catamarã Seacat, da marca Delta Cat, e modelo Zeilboot, tem 11 metros de comprimento viga 7,25m, altura 14m, motor Yamaha de 7KW. Ele é ano 1983, e o lance mínimo é de R$ 63 mil.  

O leilão eletrônico é realizado em etapas. Primeiro, o participante apresenta uma proposta de valor de compra para cada lote que esteja interessado. Depois, em uma sessão pública virtual, é verificada a regularidade jurídica e fiscal dos proponentes e são selecionadas as maiores propostas de cada lote.  

Por fim, é iniciada a fase das disputas dos lotes por meio de ofertas sucessivas e progressivas de valores de lance na internet. Quem participa dessa parte final são os proponentes que apresentaram as melhores propostas na etapa anterior. 

Quem quiser matar a curiosidade, as visitas dos dias 23 e 30 de maio, na Bahia Marina, ocorrerão das 9h às 12h.