Ícone do jazz mundial, Chet Baker tem drama revelado em espetáculo

Estrelada por Paulo Miklos, peça acompanha momento em que músico tenta retomar carreira após perder dentes em agressão

Publicado em 28 de junho de 2019 às 06:25

- Atualizado há um ano

. Crédito: Victor Iemini/ Divulgação

Uma biografia arrebatadora, daquelas típicas de um grande ídolo mundial, com todos seus altos e baixos. A história do lendário trompetista norte-americano Chet Baker (1929-1988) ganha os palcos em uma encenação estrelada pelo também músico e ator Paulo Miklos. Chet Baker - Apenas Um Sopro chega a Salvador três anos depois de estrear em São Paulo - para onde também volta nestasegunda turnê que passa por cinco novas cidades. A capital baiana é a primeira da lista, com apresentações de hoje a domingo  no Teatro Sesc Casa do Comércio. “É muito interessante retomar a peça com outros pesos e medidas, já muito dono do texto, percebendo outras nuances. É muito mais rico. Além disso, é um privilégio fazer cidades tão importantes quanto Salvador, e com a mesma equipe técnica e elenco”, comemora o ex-Titãs. O espetáculo parte de um episódio real ocorrido na vida do ícone do jazz mundial: no fim da década de 60, ele foi violentamente espancado em uma rua de São Francisco, e perdeu alguns dentes superiores, o que o impediu de seguir tocando. A agressão teria sido motivada por dívidas com traficantes; Chet era viciado em drogas, especialmente a heroína. (Foto: Victor Iemini/ Divulgação) No palco, o público acompanha o momento em que Chet Baker decide voltar aos estúdios para gravar um novo disco de jazz, depois de dois anos afastado da carreira. Ele está inseguro e arredio – e seus quatro companheiros de estúdio (um contrabaixista, um baterista, um pianista e uma cantora) parecem estar ainda mais. Todos foram reunidos por um produtor que, por ser amigo e admirador de Chet, acredita que ele está pronto para voltar à ativa.Intenso “Estamos diante desse homem que está querendo retomar a carreira dele, mas enfrentando uma grande descrença e desconfiança. Mesmo já sendo um dos caras mais fomosos do jazz nos EUA, ele mesmo se sente inseguro. Ninguém sabe se ele vai conseguir voltar a tocar, nem se voltará sendo o mesmo”, comenta Paulo Miklos, que desde a adolescência se encantou pelos instrumentos de sopro e passou a nutrir uma admiração especial pelo músico. “Aprendi a tocar  flauta transversal, depois saxofone. O sax levei pro Titãs, toquei em show e em disco. Desde adolescente ouço muito jazz“, diz, ao ressaltar sua identificação com o trabalho. “Eu me identifico muito com o Chet Baker, com essa peça. É um drama muito humano, ninguém está imune a viver essas tensões, que são ainda maiores quando se é um artista, se tem uma vida pública. Eu acho que é muito interessante para todo mundo”, afirma. O fascínio e a perturbação exercidos pela história de Chet Baker são costurados com muita música. Tudo executado ao vivo.“Mais do que um espetáculo, busco uma experimentação músico-narrativa. Tanto que o espaço em cena é o estúdio de música que funciona de forma real, com seus instrumentos e aparelhos sendo usados e acionados pelos próprios atores, tudo sem a utilização de trilha gravada”, explica o diretor José Roberto Jardim.  A escolha faz o público mergulhar de forma profunda no psicólogico do personagem principal. “Não é um musical, é um drama fortíssimo”, alerta Miklos.

Serviço: Teatro Sesc Casa do Comércio. Hoje e amanhã, 21h, domingo, 19h. Ingressos: R$80 | R$40. 49% de desconto sobre a inteira com Clube Correio. Classificação: 14 anos