Ideias do passado têm relação com o século XXI? Sem dúvida!

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  • Da Redação

Publicado em 1 de dezembro de 2018 às 13:00

- Atualizado há um ano

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Li recentemente A Era das Revoluções – 1789 – 1848-, do historiador inglês Eric Hobsbawn. Há um capítulo específico que desejo comentar, intitulado a Ideologia secular. Neste capítulo, o autor faz uma discussão de dois conjuntos teóricos que versam sobre a natureza da sociedade e a direção que ela deveria tomar. O foco são as ideologias modernas, e como o cenário pré e pós Iluminista e Revolução Francesa influenciou na formulação de teorias que envolvem cultura, indivíduo, Estado e economia.

A grosso modo, há duas divisões teóricas que imputam sobre a sociedade: aquelas que acreditam na inexorabilidade do progresso, visto como algo positivo, e as que desacreditam no progresso e nas ideias vigentes da Idade Moderna, como o humanismo, Iluminismo, racionalismo filosófico e científico. Há também as versões híbridas, mas que não irei tratar.

O grupo chamado de progressistas, favoráveis á secularização da sociedade, inclui, inicialmente, os liberais. Desde o início da modernidade, fomentaram que a humanidade é um agregado ou combinação de átomos individuais que deve caminhar para a autonomia e liberdade dos indivíduos, resguardando suas posses e respeitando acordos e contratos visando a sobrevivência social. A troca salutar de mercadorias, a divisão de trabalho entre produtores e não produtores, a competição, o desenvolvimento da ciência e do capitalismo, e a separação de poderes são elementos importantes para a harmonia social.

Dentre o grupo dos progressistas, nasceu os socialistas, comunistas e anarquistas, que surgem no século XIX, e, a grosso modo, eram favoráveis ao desenvolvimento técnico/industrial, mas que duvidavam que a felicidade e bem estar geral seria possível na desigualdade social, com a radicalização de classes excludentes, como pensavam os liberais. Em vez de agregado de indivíduos que buscam a felicidade, eles eram favoráveis ao comunitarismo e igualdade social, pois os humanos seriam naturalmente comunitários e produziriam bem-estar no e pelo coletivo. Existe a nostalgia de uma era dourada antes da propriedade privada.

Por fim, o grupo de resistência ao sentido de progresso humano e histórico, os conservadores e reacionários. Eles viam com maus olhos a perda da influência religiosa e das tradições, o definhamento da comunidade regida pela ordem, costumes, hierarquia e obrigações sociais, e uma crítica ao individualismo, competição e desumanização criada pelo mercado, pois os homens seriam desigualmente humanos, mas não mercadorias valorizadas de acordo com os números. Alguns saudosos pelo passado, outros favoráveis a um curso natural da História, sem rupturas bruscas.

Estas ideias do passado têm relação com o século XXI? Sem dúvida! Elas não desapareceram! É só olhar para o Brasil e o mundo e perceber que países, indivíduos e grupos, de um jeito ou de outro, defendem algumas dessas ideias, ou a combinação delas. As disputas estão aí!

Alan Rangel Barbosa é doutor em Ciências Sociais/Ufba e professor da Faculdade Fundação Visconde de Cairu.

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