Império do Camboja: conheça o sítio arqueológico de Angkor

Templos do Reino Khmer são joias arqueológicas preservadas

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  • Wladmir Pinheiro

Publicado em 6 de maio de 2018 às 09:00

- Atualizado há um ano

. Crédito: Shutterstock/Reprodução

As faces esculpidas em pedra observam tudo com sabedoria e compaixão. Elas miram os pontos cardeais, nas quatro direções, e sorriem como se guardassem segredos por séculos.

Há pelo menos 800 anos essas estátuas do Buda Avaloktesvara guardam Bayon, um dos mais intrigantes templos do complexo arqueológico de Angkor, antiga capital do Império Khmer. Monges de todos os cantos do país visitam os templos Khmer (Fotos de Wladmir Pinheiro/Reprodução) Os templos, inicialmente construídos pelos reis khmer em adoração aos deuses hindus e, posteriormente, budistas, foram erguidos entre os séculos 9 e 15. Angkor era o centro desse reino e chegou a abrigar quase 500 mil pessoas entre suas muralhas.

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Por centenas de anos, alguns desses templos se mantiveram protegidos do contato humano. As árvores gigantescas envolveram as construções, derrubaram parte de suas estruturas, modificaram todas elas em uma mistura de proteção e destruição. Transformou irreversivelmente a criação humana feita em adoração aos deuses. Ao mesmo tempo que impediu sua destruição durante os anos de guerra que o país viveu nos séculos que viriam.

A melhor forma para visitar Angkor Wat é a partir de Siem Reap. Fica distante 5km e costuma ser visitado de tuk tuk, contratados nos hotéis, agências ou no centro da cidade. Alguns mais dispostos fazem o trajeto de bicicleta, apesar do sol implacável e do calor forte. Os passeios podem ser feitas em um, três ou sete dias e exigem preparo físico, muito protetor solar e litros de água. Os tickets custam entre 20 e 60 dólares. Templo Angkor Wat reflete as cinco torres do Monte Meru Bayon foi o último templo de Angkor a ser construído, e o único a ser dedicado a Buda, e não aos deuses hindus. Se Bayon pode ser considerado o mais belo, Angkor Wat, que dá nome ao complexo, é o mais grandioso. As cinco torres fazem referência ao Monte Meru, lugar mítico para hinduístas e budistas, que representa o centro do mundo físico e metafísico.

Construído em homenagem ao deus hindu Vishnu, funcionou como palácio, mausoléu e depois como templo budista. É tão importante para simbolizar a cultura e a fé do país que foi parar na bandeira do Camboja. Anualmente, recebe mais de dois milhões de turistas, que se espremem para caber em selfies ou para capturar seus contornos em fotografias do nascer ao pôr do sol. Faces do bodisatva Avalokiteshvara, no templo Bayon Outro templo bastante visitado é o Ta Prohm, mundialmente conhecido após servir de cenário para cenas do filme Tomb Raider, com Angelina Jolie e Daniel Craig, o 007, em 2001. Lá, algumas das árvores retorceram as paredes do templo, outras contornaram as curvas das construções, enquanto outras simplesmente derrubaram o que havia sido construído.

Ao contrário de outros templos que foram milimetricamente restaurados, lá, a equipe da Unesco responsável pela recuperação dos templos manteve Ta Prohm o mais parecido ao momento em que as construções foram redescobertas e reabertas ao público nos anos posteriores aos anos de terror do Khmer Vermelho.

Extermínio vermelho  Entre 1975 e 1979, bem antes de se tornar o destino de milhões de turistas todos os anos, o Camboja estava imerso em um conflito que matou entre 1,5 milhão e 3 milhões de pessoas, o equivalente a um quarto da população. O governo de Pol Pot corroía o país por dentro ao tentar implantar uma república socialista agrária após um golpe de estado.

Esse período tão recente na história do país marcou profundamente os cambojanos. Quase todos hoje têm histórias familiares muito tristes dificilmente compartilhadas com os turistas passantes.

Estima-se que ainda existam 4 milhões de minas terrestres espalhadas por membros do Khmer Vermelho. Isso explica o número de pessoas amputadas de todas as idades que o viajante encontra. Muitos dos mutilados vivem de esmolas, ou viraram músicos, ou pequenos comerciantes.

ONGs e órgãos do mundo todo trabalham para a retirada desses explosivos, já que o Camboja tem poucos recursos para além do básico. Restos das bombas detonadas, transformadas em pingentes e outros objetos, viram lembranças do país vendidas em feiras de artesanato. 

Boa parte dos turistas que vai até o Camboja pelas ruínas do complexo de templos do Angkor Wat ignora os resquícios desse tempo, ou de como o país foi atingido nas sucessivas invasões ou conflitos vizinhos. Só durante a Guerra do Vietnã, o Camboja foi atingido por mais de 500 milhões de toneladas de explosivos lançados pelos aviões B-52 em uma ofensiva americana.

O país detém o recorde de lugar que mais foi alvo de bombas na história e o turismo é hoje uma das maiores fontes de renda para sua reconstrução.   *Colaborou para o Bazar  Siga o Bazar nas redes sociais e saiba das novidades de gastronomia, turismo, moda, beleza, decoração e pets: