Inaugurado há pouco mais de um ano, Mercado Municipal de Cajazeiras pega fogo

Incêndio ocorreu na noite deste domingo (18); não houve feridos

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  • Da Redação

Publicado em 19 de junho de 2017 às 07:17

- Atualizado há um ano

Um incêndio de grandes proporções atingiu, na noite deste domingo (18), o Mercado Municipal de Cajazeiras, que havia sido inaugurado há pouco mais de um ano. As chamas destruíram a maioria das lojas do andar superior. O fogo começou por volta das 22h48 e terminou, de acordo com o Corpo de Bombeiros, às 4h16 desta segunda-feira (19). O mercado estava fechado no momento do incêndio. Ainda não há um diagnóstico fechado sobre a causa do fogo, mas as primeiras suspeitas indicam que as chamas tenham sido fruto de um ato criminoso, já que foram encontradas garrafas de álcool e isqueiros no local.

A Guarda Municipal informou que faz rondas preventivas diariamente nos mercados municipais, mas não fica parada em um só local.

Cinzas e águaNa manhã desta segunda-feira (19), ainda havia um forte cheiro de borracha queimada, além de cinzas e água no chão do estabelecimento, que fica na Avenida Engenheiro Raymundo Carlos Nery, próximo ao Campo da Pronaica. Não houve feridos. A parte interna do mercado foi interditada. 

Ainda sem acreditar no incêndio, a cozinheira Silmara Damasceno, 44 anos, dona de um restaurante no local, relata o desespero de perder o estabelecimento. "Eu fico muito triste. Só consigo chorar. Porque é tão difícil a gente tentar trabalhar com dignidade, tentar oferecer um serviço limpo e com higiene. Mas parece que o ser humano gosta de coisas erradas, como vender alimentos no chão. Aqui a gente fazia de tudo pelo certo. Tenho certeza que o incêndio foi criminoso", conta a permissionária.

Conforme Silmara, só o prejuízo dela fica em torno de R$ 40 mil. "Eu tinha dois freezeres, duas geladeiras, fogão industrial, vitrines", calcula. Silmara, que já teve uma loja de confecções em outro ponto de Cajazeiras, é moradora do bairro e estava no mercado desde sua inauguração, há um ano e seis meses. "Tem um mês que invadiram (o mercado) para vandalizar e ninguém fez nada. Agora, vieram e tocaram fogo", disse. Ainda segundo a comerciante, os moradores tentaram usar os extintores do complexo para apagar o fogo, mas os equipamentos estavam danificados - informação negada pela prefeito ACM Neto, que visitou o local na manhã de hoje. Mercado está fechado na manhã desta segunda-feira (19)Foto: Mauro Akin Nassor/CORREIOQuem também perdeu tudo foi a cabeleireira Lúcia Regina de Souza, 50, proprietária de um salão de beleza e de uma loja de cosméticos. "Estou aqui desde o início. Meu investimento foi muito alto. Bancadas, prateleiras, secadores, pranchas, autoclave, tudo de qualidade. Eu me dediquei tanto para colocar o salão aconchegante para meus clientes. É muito triste ver tudo se acabar assim, ainda estou em estado de choque. Queria tanto que tivesse sido evitado. Mas os extintores não funcionaram, nada funcionou, só o fogo", diz, emocionada.                        

Os estabelecimentos de Lúcia ficavam no andar superior do mercado. "Eu não quero ser leviana com ninguém. Mas isso não é coisa de gente, é desumano. Tirar o nosso sonho desse jeito. Tudo que a gente queria era ser comerciante, só isso", afirma Lúcia. Embora tenha recebido informações de que nada pôde ser salvo no andar de cima, ela disse que tem esperança. "Eu ainda sonho entrar lá e ver alguma coisa intacta. Parecia um sonho ser microempreendedora e agora acabou".

A permissionária Kátia da Cunha, 44 anos, soube do incêndio pela televisão e foi até à porta do mercado saber o que tinha acontecido com a lanchonete que abriu em outubro do ano passado. Como nenhum dos permissionários estava autorizado a entrar até que o prédio fosse liberado pela perícia, ela ficou do lado de fora, perdida, ainda em choque com a tragédia. 

"É difícil demais passar por isso. Eu não sei nem o que pensar", disse a mulher, que não havia conseguido nem se alimentar durante a manhã desta segunda. "O que estou fazendo é agradecer por eu estar viva agora, por eu não estar lá na hora do incêndio", acrescentou. 

Kátia perdeu geladeira, microondas e mercadorias. "Na hora em que estava dando uma esperança, quando estavam fazendo um plano de revitalização", disse a mulher, dizendo que o negócio estava aos poucos começando a dar retorno, já que muitos moradores ainda estavam acostumados a comprar no comércio informal da Rótula da Ferinha, que foi desativado com a inauguração do mercado. 

Junto com a tragédia da perda de bens, ela vive também um drama pessoal. Há três meses, um sobrinho de 17 anos que ela criava, sofreu um acidente grave de trânsito e queimou 60% do corpo, além de ter vários ossos quebrados. "Ontem ele deu os primeiros passos", disse, ainda sem acreditar na contradição das situações. 

InvestimentoO mercado foi inaugurado em novembro de 2015 e contou com um investimento de R$ 7 milhões para construção através de recursos da prefeitura. A estrutura tem 133 boxes, 80 deles exclusivos para feirantes, dispostos em dois andares. O prefeito realizou uma vistoria no Mercado de Cajazeiras para constatar a situação do equipamento após o incêndio. 

De acordo com informações da 3ª Companhia Independente da PM (CIPM/Cajazeiras), policiais militares foram acionados com a informação de um incêndio no mercado. Ao chegar ao local, os militares acompanharam a ação do Corpo de Bombeiros reforçando a segurança.