Incêndio destrói vegetação sagrada do Ilê Axé Opô Afonjá

Chamas consumiram o Idankô – árvores sagradas onde habitam orixás

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  • Bruno Wendel

Publicado em 2 de março de 2019 às 14:59

- Atualizado há um ano

. Crédito: Divulgação/Ilê Axé Opô Afonjá

Um incêndio na área do Ilê Axé Opô Afonjá destruiu 70% da vegetação destinadas aos rituais do terreiro, no bairro de São Gonçalo do Retiro, em Salvador. O fogo começou na manhã de sexta-feira (1º) e terminou no início da madrugada deste sábado (2).

As chamas consumiram os bambuzais, o Idankô – árvores sagradas onde habitam orixás –, que fica na área dos fundos do terreiro. “As folhas são essenciais para a realização dos rituais religiosos. Perdemos 70% das árvores”, disse o vice-presidente do terreiro Adriano Azevedo. 

Ele disse que a destruição da vegetação sagrada não afeta realização dos rituais, que já estavam suspensos por um ano devido à morte da Mãe Stella de Oxóssi, em dezembro de 2018. Ela era a quinta ialorixá a comandar o Terreiro Ilê Axé Opô Afonjá fundado em 1910 por Eugênia Anna dos Santos, Mãe Aninha.  “Vamos cuidar para recuperar (vegetação) ”, disse Azevedo. 

Fogo O fogo começou por volta das 8h de sexta-feira (1º). “Acionamos os bombeiros e a chamas foram contidas rapidamente. Depois, por volta das 17h, o fogo ressurgiu e novamente chamamos os bombeiros que prontamente chegaram e controlaram a situação”, contou o presidente do terreiro Ogan Ribamar. 

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Pouco depois das 23h, as chamas reacenderam e outras vez o corpo de bombeiros foi acionado. “Desta vez estavam maiores e demorou mais para controle. Por volta de 1h30 deste sábado, os bombeiros disseram que o fogo estava controlado”, disse Ribamar.  (Foto: Bruno Wendel/CORREIO) O incêndio, que consumiu as árvores sagradas, por pouco não atingiu a casa dos orixás Iemanjá, Oxalá e Omolu. A vegetação antecede as moradias. “Mas nada disso aconteceu. Os bombeiros foram muito atuantes. Hoje, no terreiro, tem um caminhão do Corpo de Bombeiros de prontidão. Nosso medo também era que as chamas atingissem as casas dos moradores do entorno”, declarou Ribamar.